Kafunji Mahin
revistaokoto
Published in
2 min readDec 18, 2021

--

O preto é a própria natureza!

Como é que eu me chamo?
É Besouro!
Como é meu nome?
É Besouro!🎶

Desde o início dos tempos, nossos antepassados se associam à toda natureza, afim de que a troca de energia entre si, lhe forneça o que é necessário para que se alcance o objetivo a ser alcançado. Seja inteligência, seja calma, seja sagacidade, seja paciência, a fúria, a força...nossos antepassados sempre tiveram uma relação íntima de troca com a natureza, porque somos a própria natureza.

Não há distinção, não há separação! Essa ideia de fragmentar, separar, é injetada pelo oymbo por onde ele passa. Mas nós sabemos que não somos um ser fragmentado. Nós somos inteiros! E precisamos ter isso em mente, para que possamos evoluir.

Os antigos kemeticos tinham os animais como divindades, e sabemos que ao longo da história do povo preto, associar animais, plantas e outras formas da natureza expressar sua energia. Os banto, os yorubás e tantas outras “nações” de onde herdamos as noções de espiritualidade que temos hoje nos candomblés, ensinam sobre a troca de energia recíproca que por vezes precisamos fazer para nos equilibrarmos novamente física, emocional e espiritualmente.

Diversas histórias contam sobre pretos e pretas que tinha a força de determinado animal, que viraram rios, montanhas, que viraram animais, plantas...O mais fresco em nossa memória é o memorável Manoel Henrique Pereira, ou o mais conhecido Besouro Mangangá. Conhecido no auge de sua potência por se transformar no inseto que lhe deu nome, para fugir de enrascadas.

Outro brabo que vem a memória é Makandal, que contribuiu muito para grande Revolução do Haiti ensinando seus iguais como encantar as ervas para usá-las no envenenamento dos senhores de engenho. Makandal previu que após suas morte, retornaria como mosquito...logo após suas morte, grande parte da população francesa de st.Domingos foi assolada pela malária, que era transmitida por mosquito, e “coincidentemente” (hahhaha) não contaminava os pretos.

Mas onde eu quero chegar com tudo isso, é dizer do quanto o oynbo nos afastou e nós nos permitimos ser afastados da nossa cultura, da nossa proximidade e intimidade com a natureza, porque nós sabíamos que somos ela própria! Nunca fomos algo distante dela, mas o oynbo encucou em nós a ideia de que somos separados, divididos, a parte...isso porque eles não respeitam nada! Objetificam tudo ao seu redor para que assim dominem e destruam.

Que maneira mais eficaz do oynbo não nos destruír, do que voltarmos pra perto de quem realmente somos?! Que maneira mais eficaz de nós reorganizarmos e retomarmos nosso poder enquanto povo, do que sermos quem nunca deveríamos ter deixado adormecer!? Porque honestamente, desde que o mundo é mundo, o inimigo do meu inimigo, é meu amigo...e neste caso, o inimigo do meu inimigo nunca foi outra pessoa ou coisa, porque a natureza somos nós mesmos!

--

--