"Obrigada, do fundo do nosso quintal"
II Festival É Coisa de Preto
Estar em comunidade é sempre bom, de tudo que foi esse festival, uma das paradas mais maneiras é ver o cuidado e carinho das pessoas umas pelas outras. Aquela pessoa de longe, mas que parece que a gente se vê todo dia, brincadeiras, sorrisos, tirações e sotaques.
Antes de ir aquele corre corre de ver passagem, ver lugar, arrumar a mala. O cuidado já começa ali, geral que se disponibiliza a receber em suas casas, as amigas fazendo a contenção. “Amigas vocês vão levar o que?” E aquela resposta clássica: “roupa de treino, de roda e uma roupa pras apresentações kkkk” “SP é frio né?” “Ah mas tô levando um vestidinho”. Essas paradas bem família mesmo.
Ao chegar lá o mesmo cuidado de sempre. “Já comeu?” “Tá bem?” Eu cheia de dor de dente, cara inchada, mas nada disso me fez deixar de tá alegre e vivendo aquele momento junto com o bonde.
As crianças correndo, brincando e ouvindo que não era pra encostar na parede.
“Tia, isso é bolo de quê?” “Bolo de bolo”. E ouviu essa mesma resposta 3x.
Teve maracatu. Teve show de rap. Teve roda de samba que nos deixa a certeza que o show sempre tem que continuar. E também a certeza que o bonde faz tudo e mais um pouco mesmo.
É realmente sempre um misto de emoções estarmos juntinhos, mesmo e a apesar do cansaço e da correria. É aquela festa de família gostosa, com coisas típicas de uma família preta, muita risada, axé, trabalho e diversão.
Uma casa de Oxum com a beleza que só ela é capaz de proporcionar, uma casa de vida, uma casa caiada de amarelo, uma casa que cuida, acolhe e que também cobra. Uma casa que é mãe e pai. Homem e mulher. Esse é o Kilûmbu Òkòtó, e o resultado é esse, só coisa boa, só progresso e evolução.
“Obrigada, do fundo do nosso quintal”