“ Pô cara, por que tu não me lembrou?”

Ahangbé Ainá Ehioze Òkòtó
revistaokoto
Published in
2 min readSep 23, 2022

Esse bagulho eu não entendo legal mesmo, jogar a responsabilidade do erro ou da falta pro outro. Como se fosse dever do outro fazer alguma coisa pra impedir a pessoa de cair no erro.

“Pô fulano, nem pra tu me lembrar hein ? Pq você não me avisou? “

Eu já fiz muito isso com as pessoas, funciona como um curativo pra aquele erro saca? Você até admite que ele existe, admite que errou mas não quer lidar com o peso dele sozinho.

“Eu errei mas isso poderia ser evitado….. Por uma atitude sua”

Caraca, que merda que era eu pensar que eu não era capaz de eu mesma evitar meu erro sozinha. Se eu não consigo me programar pra não errar num bagulho que eu não quero errar, como eu me acho no direito de botar essa responsabilidade em outra pessoa?

E isso não é sobre não aceitar que erra, entender o erro e lidar bem com ele é importante pra acertar. Mas não dá pra se sentir confortável no erro saca? E botar um bode expiatório no bagulho pra ficar mais leve é querer mais conforto diante do erro.

Eu tenho entendido, finalmente, que buscar conforto no erro no final sai muito mais caro. É aquele papo, quando tu não faz o ebó completo, ele sai muito mais caro depois.

E eu vejo que a maioria das vezes essas coisas acontecem com as pessoas que temos mais liberdade, mas intimidade e até mais carinho. Ironicamente, achamos que a pessoa que a gente gosta, deveria aceitar esse lugar de responsabilidade do nosso erro por carinho, por consideração…

E a visão que eu tenho hoje é que cuidado, carinho e consideração é o contrário. É a pessoa que não me deixa acomodar na displicência, que de cara é visto como o chato, o inconveniente, o sistemático individualista…Não considera, não perdoa… (Quem perdoa é xesuis)

Daí sempre vem algo do tipo:
“Ah é? Na vez que você errar então eu vou fazer o mesmo contigo demorou?”

Tô aprendendo a responder:
“Demorou meu parceiro, faz esse favor pá nois.”

Arte: Tibério

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