Palmitagem e embranquecimento das famílias

Mariah Vianna
revistaokoto
Published in
2 min readAug 9, 2022
Imagem retirada da internet

Ontem, assisti ao Gil na tv, em comemoração aos seus 80 anos. Ele tava cantando com a filha, Preta Gil e com a neta, caucasiana. Fiquei vendo aqueles dois cantando e só consegui pensar naquela foto da família dele, em que, praticamente, todo mundo é branco e os que não são, são muito mais claros que ele. Aí, comecei a pensar, pra quem ele vai deixar esse legado musical foda que ele construiu? Para pessoas brancas. A netinha já está ali garantindo seu lugar. Além do legado musical, tem também todos os recursos financeiros oriundos disso, que também vão para mão dos brancos.

É muito comum que os nossos que ascenderam socialmente, palmitem. O fruto dessa palmitagem são as famílias interraciais cheias de brancos ou clarinhos, que ficam com toda a grana e em melhores condições de vida, graças ao trabalho dos nossos que ascenderam.

Quando a gente fala aqui de palmitar, muita gente se dói, mas o bagulho é sério, porque tem a ver com a não continuidade, com a não construção do nosso futuro e com a nossa morte. E ainda, quando falamos de palmitagem e ascensão social, o buraco é ainda mais embaixo, porque falamos de dinheiro que não vai ficar entre nós, vai diretamente para as mãos de gente branca.

Precisamos quebrar esse padrão e construir famílias pretas entre pessoas que ascenderam, que essas pessoas se voltem para nossa comunidade e, esses recursos financeiros fiquem para pessoas pretas, para que possamos dar continuidade aos nossos, em melhores condições. O dinheiro não é tudo, mas faz grande diferença, quando paramos para olhar a situação geral do nosso povo.

Então, deixar um legado, inclusive financeiro, pode mudar muita coisa para nós, enquanto que, o contrário, corrobora com a ascensão do branco, em detrimento da nossa.

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