Precisamos olhar mais para nossa comunidade.

Cassiano Juan
revistaokoto
Published in
2 min readFeb 23, 2021
Ilustração: Izaias

Somos um povo muito talentoso (e precisamos nos reconhecer nisso já!). Criamos dialeto, arte, música, e tudo o que criamos reflete diretamente nossas vivências.

Quando houve o movimento de segregação na América, as pessoas pretas foram isoladas das pessoas brancas, e fomos capazes de construir por nós mesmos e sermos bem sucedidos. E tivemos um controle sobre o que criávamos. A pergunta é: “Quando perdemos esse controle?”

A resposta para ela é: Integração.
Se você valoriza uma comunidade preta independente, por que você se integra? Se integrar é entregar o controle sobre seu produto, sobre sua cultura, para o seu opressor. Brancos não compartilham poder com pessoas pretas, logo quando permitimos que brancos entrem em nossa comunidade, eles vem para controlar.

Basta ver o que fazem com a capoeira, com o candomblé… O que mais tem é pai de santo branco ou mestre de capoeira branco dizendo o que é ou deixa de ser.
Não vê isso? Então faça o seguinte. Procure no google por “Jazz” e você verá bastante fotos ou desenhos de pretos tocando. Agora procure por “Orquestra de Jazz” e você já não vê mais preto nenhum.

Isso acontece no momento em que é dito que determinada cultura não é só nossa. E a culpa é de quem se integra e entrega o que é nosso a outro povo. É de quem passa o segredo. É de quem permite o branco a entrar em sua comunidade, controlar, roubar informação.

Então como solucionar isso? Simples. Construção para a comunidade. Não tem atalho, nem outra resposta.

Não é mais o tempo de se esperar a solução cair do céu, é o tempo de usar as próprias mãos, e construir a solução. Ensine alguma criança da sua comunidade, seja em uma matéria que você seja bom, ou algum instrumento que saiba tocar, ou até mesmo a encenar ou dançar.
Procure meios de criar informes para o seu povo, divulgando informações, ou debates da história de seu povo, seus ancestrais.
Não deixe a memória dos mais velhos morrer, procure saber o que passaram, o que sabem, para assim usar algo em sua vida e passar para a próxima geração.
Crie grupos para trocar experiência e conhecimento… Ou pense em algo que você gostaria que tivessem feito para você quando mais novo, e faça por alguém.

Mas é aquilo. Faça para a sua comunidade. Não adianta você fazer música preta, se o que você ganha de lá, você não favorece uma comunidade preta.

“Se organize! Se organize! Se organize!”

--

--