Pretos dóceis
Editorial Edição 18 Revista Òkòtó
A narrativa da violência associada a corpos pretos — em especial dos homens pretos — funcionou e funciona até hoje como estratégia de extermínio. Quando a morte não é física, ela é retórica e cultural. Os pretos que não são mortos, são moldados a serem úteis em uma sociedade branc’a. Parece uma escolha inevitável entre morrer e ser morto, mas nessa encruzilhada encontramos uma solução: combater. Se mortos já estamos, por que não morrer atirando?
A tática da capitalização do sofrimento e da vitimização por aqueles que escolhem a morte via integração ao mundo branc’o é um dos maiores desserviços aos que buscam a emancipação, porque são os que se apropriam de uma narrativa que muitas vezes não condiz com a própria realidade. Seja por já terem ultrapassado a barreira intelectual e social de antes, seja por nunca terem vivido essa realidade, por terem nascido num contexto já embranquecido.
O texto de capa da Edição 18 da nossa Revista fala um pouco sobre a tática branc’a de destruir nossos corpos e mentes, além de textos que retratam a desonestidade daqueles que não são alvo direto da violência contra o povo preto, mas sabem muito bem ganhar com essa narrativa.
Que sejamos homens e mulheres fortalecidos através da forja de Ogum.
Boa leitura!