Qual é o meu Odu?

Luís Otávio
revistaokoto
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3 min readNov 2, 2022

Eu sempre fico pensando em qual é o meu destino. E eu tô buscando entender melhor hoje em dia o que é um ‘’destino”. Estar destinado á algo é uma parada que me soa muito importante, não como se eu fosse ser importante, mas fazer parte do que vai ser importante é uma responsa do caralho. E eu sempre tive isso dentro de mim, e também sempre foi me dito pelas pessoas isto, que eu era diferente e tinha um propósito especial no mundo. Muitas vezes era só axé mesmo que ninguém dava conta de assumir que eu tinha, ainda mais quando criança que tava perto da época que cheguei no Aiyê então era afinada a espiritualidade né, ou também pode ser porque eu sempre fui uma pessoa esquisita mesmo, aleatória e simpática.

Por Mary Piedade

A questão é que eu servi por um tempo da infância a ideia cristã de catequese e organização de missas e isso me desgastou demais porque eu me entreguei demais numa parada que com o tempo eu mesmo fui desacreditando cada vez mais. Aí depois eu me desgastei demais vivendo num mundo onde a ciência era minha guia e eu amo mesmo conhecer as coisas e descobrir coisas novas, mas foi a mesma fita, o mesmo descontentamento.

E hoje em dia isso faz muito sentido pra mim, porque eu vivi minha espiritualidade, minhas descobertas e vivências fora do mundo preto. O mundo branco nunca me ofereceu bem estar, eles sempre sugaram a minha sagacidade, esperteza e inteligência (emocional, racional, espiritual).

Eu nunca consegui desvincular a ciência do Ser Supremo da criação. Esses dois caminhos que pro mundo branco não levam pro mesmo lugar, pra mim sempre fizeram sentido juntos, porque quanto mais a gente estuda mais a gente entende que esse Ser Supremo existe, e quanto mais a gente entende que ele existe mais quer estudar kkkkkk Eu cheguei nesse ponto de vincular todos os conhecimentos que possuo uns aos outros sem precisar separar eles, sem precisar de matérias “transdiciplinares”, é só ver o mundo e deixar o mundo te ver pra entender as coisas.

E aqui eu volto ao meu ponto inicial, depois de pensar em tudo isso e no que passei: qual é o meu destino?

O meu destino é ajuda a traçar a liberdade do povo preto, com espiritualidade preta, cultura preta, conhecimento preto. Eu sou mesmo importante e tenho mesmo um grande objetivo aqui no Aiyê, mas não vai ser por meio cristão e universitários que vou chegar onde preciso. Eu escolhi nascer de pais estéreis, eu tive a benção de Oxum, eu vim cumprir um papel e os "atrasa lado" vão querer eu do lado deles atoa, pq eu sempre tive um lado, e agora eu tenho comunidade pra ajudar e me ajudar a ser o que eu nasci pra ser.

Eu quero poder pra sempre aprender a servir minha comunidade, porque ela me serve todos os dias e isso me dá forças demais, ela me alimenta, e eu quero poder alimentar ela.

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