Qual é o teu tempo?

Ligiamatcosta
revistaokoto
Published in
2 min readMay 14, 2021

Bora lá no tempo de infância quando a gente fazia aquele machucado, poxa como ardia…

Eu ia logo correndo procurar um pano para abafar, pra mim iria aliviar a dor de alguma forma, logo vinha minha mãe brigando “Tira esse pano de cima deixa o ar correr ai, vai arder agora mas logo seca se tapar é pior”

E não é que ainda tenho essa mania??? Mas agora não “abafo” mais os ralados, mas umas feridas que causam uma dor bem mais profunda e, poxa, como doem… Ao invés de chorar, gritar, espernear, quando dói, a gente comete o maior erro e isso nos consome por dentro, suga nossas energias de forma absurda.

E alguém pode perguntar então porque tu não bota pra fora logo??

Aí é que está! Fomos ensinados a sofrer calados, a viver na sombra, a não demonstrar sentimentos ou uma aparência de superação que não corresponde à realidade. Receio do que os outros vão pensar; Vão achar que é drama, Nossa fulano tá pesando demais com isso já; ou pelos familiares.

Esse é um caminho errado, que te leva fatalmente a destruição, por mais que você tente não irá sustentar essa postura errada por muito tempo, tu acaba implodindo.

Tenho uma ferida comigo há alguns meses, que dói muito, às vezes me sinto sem chão, sinto que ainda não coloquei tudo pra fora.

Mas me sinto apoiada. O viver em comunidade me mostra a cada dia que não devo sofrer só e como isso é essencial para nossa existência.

Por mais que seja difícil, saber que vc tem onde ter suporte saber com quem contar e mesmo com o caos instalado saber valorizar sua comunidade e contribuir para o crescimento dela, saber que você é parte daquela engrenagem, a troca de energia e afeto que são coisas que só quem vive com os seus e pelos seus pode contar.

Viver em comunidade quando tudo está em ordem é maravilhoso, mas não só quando tudo está em ordem, mas principalmente quando o caos está instalado, a gente vê com quem pode contar e quem está pra jogo independentemente da situação. Essa é a postura!!!

Por isso me diz ai qual seu tempo?

O vento está passando na ferida?

Se ainda dói, grite, chore, se expresse de alguma forma e esteja entre os seus e pelos seus.

Ainda não sei falar, essa é uma das formas que encontrei para me expressar. E é isso: não podemos parar a caminhada e a evolução é constante… Nós por nós.

“O que trago dentro de mim preciso revelar…”

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