Refletindo o imaginário

Marina Piedade
revistaokoto
Published in
2 min readNov 5, 2021

De umas semanas para cá, durante as trocas com o grupo de artes visuais, falamos direto sobre a importância das imagens, de como elas afetam e condicionam nossos pensamentos e como são armas poderosas e de controle.

Arte: Iza Oliveira

As imagens não são tudo, mas elas são importantes pra caramba, fomos ensinados a olhar as imagens pura e esteticamente, sem perceber as mensagens por trás delas e sem entende-las como algo planejado e com propósito bem definido. Assim como na indústria musical, a indústria de audiovisual e sua difusão em massa nos condicionam a perceber as imagens e interpretar-las do ponto de vista dos brancos, que controlam de forma maçante o que se vê, do ponto de vista de quem e como se interpreta.

Algo que me fazia refletir bastante era o pensamento de como um único filme assistido por uma quantidade gigantesca de pessoas, de diferentes lugares, trajetórias e opiniões poderia provocar reações tão parecidas e controladas, dentro do previsto de quem criou o filme, e como isso é colonização em todos os sentidos. O branco controla e imprime através de imagens, as emoções, a subjetividade, de forma a condicionar o mundo com o seu olhar, uniformizando as experiências, tentando fazer com que as visões sobre algo sejam as mais parecidas ou próximas possíveis, tentando deixar todo mundo pensando e vendo igual. É aquele papo, quando se controla a reação não precisa se preocupar com a ação. E assim eles vêm fazendo há muito tempo já, utilizando a televisão, o cinema e as imagens mesmo, de forma a serem eles a ditar como vamos nos enxergar e como vamos enxergar o mundo e consequentemente como vamos nos relacionar com ele, coisas que nos desloca completamente daquilo o que realmente faz sentido pra gente.

Falar de imagem é falar de fertilidade também, é falar de poder de criação, e se a forma como enxergamos e interpretamos determinadas imagens esta sendo ditado por outra pessoa isso quer dizer que estamos minando nosso próprio poder de criação, de ser fértil, de construir. Aquilo que habita nosso inconsciente permanece com a gente sem necessariamente a gente querer, e sabendo que a maioria dessas imagens é construída pelo branco já é a certeza de algo que não nos faz bem que não nos nutre, pelo contrário, nos deseduca. É entender também nossa responsabilidade, com essa ferramenta de poder, de criar outras opções, de produzir aquilo o que vai nos alimentar enquanto povo , entender as demandas de narrativas que a gente precisa ver, de nos perceber e estar constantemente nutrindo e exaltando histórias e imagens em que somos grandiosos, em que somos férteis, em que somos corajosos, que somos fodas, e com isso nutrir nossas mentes, deixa-las cada vez mais fortes. Sem medo de dizer o que é necessário ser dito e com grandiosidade.

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