Sobre retomar nosso poder enquanto povo
Hoje vamo começar a semana, dando continuidade a um papo iniciado lá na live das 22h, de quarta feira (10/02)?!
Quem não assistiu, veja e depois na página do Facebook, beleza?!
Então, bora seguir...o papo que eu tô trazendo se iniciou a partir da leitura de “Os Condenados da Terra", de Fanon -- e coisa aliás que rola em diversos livros escritos por pessoas que consideramos importantes em nossos processos educacionais, de busca de identidade e por aí vai—Fanon vai pontuando várias coisas que podemos fazer ou deixar de fazer para nos integrar a antiga colônia.
Dentre essas coisas, ele diz que para alcançar o poder, os colonizadores nos dominaram material e espiritualmente. Acontece que quando Fanon vai dizendo sobre por quais caminhos ir para nos tornarmos “pretos dignos", ele nem se quer toca sobre nossa espiritualidade! Repare só! As tais dicas são para integração e não para retomada do nosso poder enquanto povo.
E não falar sobre nossa espiritualidade, como ferramenta necessária para a retomada do nosso poder enquanto povo, é muito conveniente para o colonizador e para os negrescos que querem mais é se integrar mesmo. Anthony T. Brownder já deu o papo de que aquele que domina sua crença religiosa / sua espiritualidade, domina qualquer coisa em você!
E a dominação da nossa espiritualidade pelo branc’o, é o que nos prende a ideia de que quem nos escraviza é o mesmo que vai nos libertar(alô Dona Isabel)! No final, ficamos nós dando sempre a outra face com a cara já inchada de tanto apanhar e sem a menor possibilidade de reação. Pelo menos não enquanto continuarmos nessa de acreditar em historinha pra boi dormir...
Vocês gostam tanto de falar de Sankofa e de voltar para Afrika, mas tão com o subjetivo tão embranquecido que pensam que Afrika é um estúdio da Record TV. Se há de fato a intenção de se libertar física e mentalmente, é preciso antes libertar nossos espíritos! Quebrar o ciclo de escravização espiritual a que ainda estamos presos. Sankofa é parte deste processo de rompimento com a escravidão espiritual. É o retorno às nossas origens e verdadeira história , libertação dos nossos espíritos...e aí sim, a retomada de toda nossa potência enquanto povo!
