Teu berço Civilizatório!

Cristiano C. da Rosa
revistaokoto
Published in
5 min readNov 3, 2022

A história africana nos mostra que o desenvolvimento da cultura de um povo é influenciado e alicerçado na condição climática do local onde tal povo surgiu e se desenvolveu.

O princípio da teoria do berço civilizatório de Diop diz existirem dois tipos de pessoas no mundo e, por conta disso, são duas as formas de se enxergar a vida.

Dentro dessa lógica, as pessoas que dividem o globo são representadas pelos que vivem na parte norte e os que vivem na parte sul, por assim denominadas.

Nessa separação os povos do sul são os negros africanos e os nórdicos são branc’os caucasianos ou arianos.

Os nórdicos, por terem se desenvolvido em uma condição climática adversa, fria e pouco fértil, estabelecem relações com suas companheiras baseadas no sistema familiar patriarcal em que a mulher não tem espaço e é subjugada (daí o feminismo, mas isso já é papo pra outra hora).

Essa visão de mundo branc’a espelha sua negatividade, sua falta com a verdade, sua destreza para roubar, saquear, trapacear e criar guerras.

Isso é fácil de perceber nos dias de hoje, basta ver a forma como os branc’os exploram, poluem e destroem a natureza.

Outra forte amostra de como os caucasianos interagem com o mundo é através da sua religião materialista (um exemplo disso é o Vaticano, puro ouro e depósito de relíquias saqueadas do continente Africano) e regula as pessoas pela fé cega, pelo medo, pela culpa e pelo pecado. A pessoa pode ter sido a mais malvada, porém, se encher os bolsos do padre ou do pastor irá comprovar sua vaga no céu.

E assim são os brankkkos, toda a escassez vivida pelos antepassados, todo esse modo de viver trapaceando, sem harmonia com a natureza e com as outras culturas (xenofóbicos) está no DNA desse povo.

Por outro lado e com uma outra forma de se relacionar com o mundo, com um clima fértil e abundante, a visão de mundo dos povos africanos está fundamentada no sistema familiar matriarcal em que a mulher é participativa, respeitada e livre, tão importante quanto o homem, cada um à sua maneira, no seu espaço, são energias complementares.

Os africanos formam um povo que é pacífico por natureza, que se relaciona harmoniosamente com o meio ambiente e com a vida.

São festivos, alegres, de bem com a vida, e sabem que o certo é tratar dos desafios e momentos complexos em comunidade, com honestidade, coletivamente com positivismo e sem aquela ideia de pecado, pois a espiritualidade não é pra isso. Entendemos que as adversidades aparecem para nos ensinar, para nos desenvolver. Somos o povo do movimento do fazer junto, da ação.

As pessoas pretas são, por origem, socialmente adeptas ao coletivismo e essencialmente abertas à xenofilia.

É importante que nós pretos possamos compreender como foram forjadas as duas formas de interagir com o mundo, pois muitos pretos e pretas insistem em querer educar branc’os, fazer folhetim antirracista, e insistem em confiar em quem está aí para roubar nossa cultura, nosso tempo e a nossa atenção, eles são assim.

Lembram do papo sobre DNA? Pois é, o sangue que corre nas veias do colega, do vizinho, do amigo branc’o cirandeiro é o mesmo daqueles que invadiram, saquearam e mataram milhões de africanos durante séculos de escravização. E é muito por isso que não devemos nos dar o direito de criar qualquer tipo de pensamento romântico que tente esquecer ou dissociar esses fatos históricos cada vez mais presentes e modernizados. Eles continuam sustentando a supremacia branc’a, assim como seus antepassados, eles precisam se manter no poder custe o que custar.

Uma das maneiras que faz com que os branc’os sejam bem-sucedidos no propósito de apropriação cultural é por saberem que nosso povo é originalmente compartilhador, receptivo e criativo, um prato cheio pra quem não traz essas características de berço e precisa de algo bom na sua vida.

Se olharmos para o lado veremos que o branc’o está sempre colocando grades mais altas no seu condomínio, cercas elétricas, câmeras, seguranças, cachorros ferozes, pois ele sabe que tudo que construiu foi roubado, herdado a base de saques, trapaças e muitas mortes. Eles vivem fugindo, se escondendo, temendo o dia em que daremos o troco… pena que a gente não dá, baixa a cabeça, ignora nossa história e se inferioriza.

A gente ainda tem muitos pretos e pretas espalhados por aí que poderiam ajudar a construir o que o povo preto necessita, porém, ainda preferem seguir se humilhando, implorando pelas migalhas, aturando os sinhôs e sinhás, enchendo os bolsos dessa gente ao invés de reconstruir nosso legado, fortalecer a nossa raça, pegar a visão dos nossos ancestrais.

A integração só favorece os branc’os, todo nosso potencial é usado para beneficiá-los, pegam nosso conhecimento, sagacidade, dedicação para gerar mais riquezas para eles, e em troca jogam as migalhas pro preto e pra preta se sentirem valorizados e ir comer e beber os químicos que eles criaram para nos destruir. Triste ver uma raça tão próspera como a nossa ficar submissa a raça fraca, mesquinha, sem cultura e destruidora.

Ao se integrar ao meio branc’o somos diariamente reprogramados a viver o modo de vida branc’a, sofremos uma lavagem cerebral diária já nas creches, depois nas escolas, igrejas, mídias, e por aí vai. Vamos ficando sedentários e até sem cor ao nos entocarmos nas empresas sem contato com o sol.

Sofremos danos psicológicos, gastamos o pouco que ganhamos em vícios ou terapias para continuarmos aturando os sinhôs e as sinhás hoje travestidos de madames e executivos.

A gente precisa conhecer a nossa história, lembrar todos os dias dos valores que trazemos por origem do nosso berço civilizatório, da riqueza do nosso povo, nos unirmos novamente e reerguer nossas comunidades.

Parar de se humilhar, mendigar, chorar nas redes sociais, festejar carta de repúdio, comemorar negrescos que chegam nas grandes mídias racistas.

É preciso parar de pedir e começar a fazer!

Cuidar do corpo, se mexer, colar com irmãos e irmãs para saber como estamos nos organizando para obter nossos espaços, nossas propriedades e os nossos negócios, se apoiar, educar nossas crianças e adolescentes dentro da nossa forma de ver o mundo, a partir do que trazemos do nosso berço civilizatório.

O sangue que corre nas nossas veias é próspero, corajoso e audacioso, só precisamos romper com as amarras hoje psicológicas, que nada mais são do que outra versão das mesmas técnicas que nos mantinham na senzala e casa grande.

É preciso estar pronto e ter mais coragem do que medo.

Vai dando os primeiros passos sabendo que não se constrói uma casa pelo teto.

Cabeça erguida raça poderosa!

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