Um negro estuprador sempre será estuprador

Juliete Vitorino
revistaokoto
Published in
2 min readSep 30, 2021
Ilustração: Acácio Òkòtó

O estigma do homem negro estuprador é histórico, depois de tudo que o branco fez com o preto, ele precisava virar o jogo da sua imagem na sociedade e como fazer isso?

Através do cristianismo, que transforma o homem branco em bondoso faça o que ele fizer. O maior exemplo que temos é o deus deles que é o ser mais bondoso do Universo, mesmo matando, castigando, devastando sociedades inteiras e permitindo que tudo de ruim aconteça com as pessoas para elas aprenderem.

O branco que foi feito a imagem e semelhança desse deus, segue o mesmo script, tudo de amoral que eles fazem é por um bem maior, é a tal da lei deles de que o fim justifica os meios.

Então, eles podem matar, roubar, estuprar e devastar que seguem sendo bons, porque fazem isso por um bem maior.

O negro que não é feito a imagem e semelhança desse deus, qualquer coisa amoral que faça o torna um monstro e merecedor de todo castigo.

Historicamente, os brancos vem construindo essa narrativa sobre o negro: Negro violento, abusivo e estuprador.

As pessoas quando vêem essas histórias na televisão, as lêem em livros ou algo que diz do passado: choram, dizem que não aguentam ver, ficam tristes, dizem ser um absurdo, mas na vida real segue criando roteiros para que histórias tristes sejam contadas pela mídia.

A gente tem três saídas, talvez mais:

Uma provar que não foi o negro que fez, essa não demanchará a imagem desse negro, serve só pra ele mesmo, pra família dele, pros amigos e pra consciência tranquila.

E não desmanchará a imagem porque ainda que a outra pessoa diga que não foi estuprada, que não sofreu nenhum abuso sexual, a grande parcela da sociedade que já condenou esse homem ao nascer nunca o perdoará.

Ou ouvir essas histórias e tocar o foda-se.

A outra e talvez a única saída pra nós negros é não se relacionar com branco, e não apenas relacionamento afetivo, é manter esse povo a kilometros de distância mesmo. Porque se o nosso ponto de chegada é sempre o branco a gente nunca vai chegar lá, por mais que vocês tenham história de superação para contar nos espaços brancos, o mais longe que você chegou foi próximo ao pior que eles tem.

A partir disso é escolha, viver entre eles e seguir sendo subjulgado por eles ou viver entre os seus e poder ser o melhor que você é.

14Kafunji Mahin Alayê Òkòtó, Dessalín Idowu Malungu Okoto e outras 12 pessoas

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