Dança no Rio mundão

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4 min readJun 13, 2018

Festival RIO H2K promove intercâmbio cultural entre Brasil e o mundo através do hip hop.

O RIOH2K é um festival que começou a ser criado, planejado e estruturado no final de 2009 e seu objetivo, na época, era oferecer um encontro internacional entre os maiores nomes nacionais e internacionais das danças urbanas com bailarinos brasileiros e sul-americanos que proporcionassem experiências, intercâmbios e trocas de informações. Em 2011, foi realizada a sua primeira edição com a curadoria feita por Bruno Bastos, diretor artístico e criador do festival. Nos dois primeiros anos, uma pequena produtora cultural ajudou na produção e, a partir do terceiro ano, Bruno fez uma parceria com seu sócio, que o acompanha até hoje. O nome “RIO H2K” vem da origem Rio Hip Hop Kemp, sendo Kemp com a letra K simbolizando o “Hip Hop Dictionary” e suas gírias.

Em uma conversa com Bruno para a Sensa, ele declara que já pensou em expandir o festival para outros lugares no Brasil, mas até o momento não houve uma oportunidade ou proposta interessante.

O RIO H2K, apesar de ser um evento de grande porte, não é muito divulgado pela mídia. Isso ocorre, primeiramente, devido ao segmento do festival, focado em danças urbanas, um nicho, uma bolha que a grande mídia pode não enxergar como uma matéria que vá atrair ou alcançar um número considerável de pessoas. Outro empecilho é o alto custo para colocar uma nota ou anúncio em um jornal ou revista de renome, a não ser que algum jornalista banque uma matéria, como ocorreu no ano de 2014 com os Les Twin, os irmãos gêmeos franceses que são dançarinos de artistas como Beyoncé, Meghan Trainor e Missy Elliot. A assessoria de impressa que é mantida anualmente para contato com algumas plataformas de mídia, conseguiu, desde 2015, algumas aparições durante a semana do evento no Programa da Fátima Bernardes, no Altas Horas (do Serginho Groisman), diversas matérias no Globo News, no Jornal da Noite, no RJ TV, na TV Brasil, entre outros, mas ainda é insuficiente para despertar o interesse de jovens e adultos sobre o tema.

Projetos sociais que surgiram com o festival

Os projetos sociais começaram em 2014, no Viaduto de Madureira e no Caju, e lá são oferecidas aulas gratuitas de danças urbanas para crianças e adolescentes. Hoje, em 2018, o festival mantem estes dois projetos, ampliando para o Complexo do Alemão, para a Cidade de Deus e para o Centro. Para ser contemplado pelo projeto, os participantes devem ser moradores destas áreas ou bairros próximos e devem manter frequência e assiduidade nas aulas para continuarem participando e se apresentarem no Showcase do festival.

O festival é de grande importância, pois se tornou uma parada obrigatória no calendário de eventos de dança no país, trazendo grandes artistas e companhias, tendo uma participação do público de forma orgânica que sonha em conhecer e fazer aula de certo artista, ou ganhar a batalha de dança que é televisionada pela TV Brasil, ou, ainda, assistir grandes companhias internacionais com espetáculos incríveis. E o grande lema do RIOH2K é deixar todos à vontade, tanto os componentes quanto o público, e sempre estar atento e antenado às novidades em termos de artistas, companhias, atividades e tecnologia. O Festival tenta sempre apresentar, ao menos, uma novidade a cada ano em termos de atividade, estrutura ou pensamento.

BRUNO CONTA PARA SENSA

Sensa: De todas as edições do RIO H2K, qual lhe trouxe uma melhor experiência?

Bruno Bastos: Difícil falar uma edição. Tenho três edições que marcaram bastante. A primeira, em 2011, pelo ineditismo. Em 2013, onde demos um grande salto saindo de um ginásio no SESC Tijuca e montando um grande evento no Armazém 6. E em 2015, quando ocupamos a Estação Leopoldina e iniciamos a nossa Mostra de Espetáculos com apresentações em grandes teatros como o Theatro Municipal, ocupando o centro, zona sul, zona norte e zona oeste do Rio de Janeiro.

S.: Você tem ideia de como isso mudou a vida das pessoas?

B. B.: Isso é fácil e difícil de responder. Fácil falando sobre mim, primeiramente. Com certeza mudou a minha vida. Eu era um dançarino, parei de dançar em 2012, com problemas nos joelhos, porém decidi continuar no universo da dança trabalhando nos bastidores, produzindo. Nos dois primeiros anos do festival, tive um “prejuízo” enorme. Investi tudo que tinha guardado durante anos e decidi acreditar que o projeto tinha peso e força para crescer mesmo que demorasse. Em 2013, essa curva começou a mudar e hoje sobrevivo do Festival e suas vertentes. Sou muito grato por ter corrido atrás dos meus sonhos e apesar das rasteiras e dificuldades do começo, conseguimos prosperar.

Também acredito que o Festival realiza sonhos de pessoas. Seja trazendo um artista que possivelmente nunca viria para o Rio de Janeiro, se não fosse o festival, possibilitando o fã de conhece-lo. Isso já aconteceu muito! Seja proporcionando sonhos em outros projetos como o Rock in Rio ou Olimpíadas Rio 2016, onde montamos e ensaiamos todos os grupos de entretenimento de dança nas arenas dos jogos. Também proporcionamos experiências internacionais, levando dançarinos para outros eventos parceiros fora do Brasil. E também através dos projetos sociais, que são sonhos de realidades diferentes. Mas ver os olhos brilhando das crianças e jovens dançando no palco do Festival, a emoção que eles sentem com o público aplaudindo, não tem preço!

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A SENSA é o projeto de uma revista que visa disseminar culturas que apesar de serem populares são vistas superficialmente e, não são devidamente valorizadas.