Daniela Arbex: A mulher que reviveu um holocausto e a perda de diversos filhos

Revista Torta
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2 min readMay 28, 2019

Um breve relato de como foi conhecer essa grande jornalista e escritora brasileira

Por Isabela Almeida

Editado por Arthur Almeida e Rafael Junker

Foto: Reprodução/ACI/FAAC — Vinicios Rosa e Jean Araújo

Não sei dizer exatamente em qual momento da minha vida comecei a pensar em ser jornalista. Entretanto, desde criança, sempre apreciei documentários e livros de criminologia ou que envolviam uma investigação de uma história vista de um ponto de vista ainda não conhecido. Talvez o que não me fez optar por se tornar uma detetive foi o simples fato de sonhar em dar visibilidade e voz aqueles que nunca seriam escutados.

Quando fiz dezessete anos e escolhi seguir essa área, uma das minhas referências, sem dúvida alguma, foi Daniela Arbex, cuja obra mais famosa, o livro “O Holocausto Brasileiro”, conheci por meio de um documentário que contava a história de negligência e morte de mais de 60 mil “rejeitados sociais” que passaram pelo Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais, grande parte durante as décadas de 60 e 70.

Na última sexta-feira (24 de maio), tive enfim a oportunidade de conhecer tal ilustre jornalista, que em meios aos acasos da vida, pude enfim agradecer. Também pude conhecer as histórias por trás de suas reportagens e averiguações das tragédias do Hospital Colônia e das famílias dos mortos no incêndio na boate Kiss. Esse último caso rendeu outro livro, intitulado “Todo dia a mesma noite”.

Grande representante feminina de um jornalismo humanizado, Daniela afirmou em diversos momentos que a sua principal obra começou a ser concebida muito antes mesmo dela ter contato com a história do Hospital Colônia. As outras matérias que fez na Tribuna de Minas serviram como preparação para essa grande reportagem que depois virou livro e, por fim, um documentário de mesmo nome.

Já no livro “Toda dia a mesma noite”, Daniela disse que sentiu na pele a comoção dos familiares das vítimas na boate de Santa Maria. Ela relatou ter recebido alguns agradecimentos dos pais das vítimas da tragédia. Segundo eles, a obra da jornalista fez com que eles sentissem de volta um pouco dos seus filhos que morreram.

É motivante ver um jornalismo humanizado ainda sendo feito em tempos midiáticos tão difíceis como o que estamos passando. Senti isso depois de conhecer Daniela Arbex e escutar todos os desafios que ela passou na carreira, como quando precisou fugir de sua própria casa grávida por receber ameaças devido a uma matéria veiculada na Tribuna. Sem dúvidas, a paixão que a jornalista tem pela diferença que seu trabalho fez também é muito inspiradora.

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