NOTA

Manchas de óleo continuam no litoral brasileiro

IBAMA divulga relatório sobre as localidades afetadas pelo derramamento de petróleo desde setembro do ano passado.

Revista Torta
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Por João Vitor Custódio

Editado por Arthur Almeida, Giovana Silvestri e Rafael Junker Simões

No último dia 08, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) divulgou o relatório “Vistoria em áreas com localidades oleadas no litoral brasileiro nos dias 03 a 08/01/2020”. De acordo com o documento, 11 estados, 130 municípios e 997 localidades foram afetados pelo petróleo desde setembro do ano passado.

Desde os primeiros indícios, aves, tartarugas e outros animais marinhos foram encontrados mortos. Segundo o IBAMA, 105 tartarugas e 39 aves estavam cobertas de óleo. O desastre também causou prejuízo para pescadores e restaurantes, porque os moradores/população estão com receio da contaminação dos alimentos. Além disso, os hotéis sofreram com a queda na busca dos locais pelos turistas.

Linha cronológica

30 de agosto de 2019 — A primeira mancha de óleo é oficialmente encontrada no município de Conde, na Paraíba.

02 de setembro de 2019 — Resíduos de petróleo chegam às cidades de Ipojuca e Olinda, em Pernambuco. Nas semanas seguintes, as manchas espalharam-se pelos seguintes estados: Alagoas, Ceará, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

01 de outubro de 2019 — As manchas avançam para a Bahia, totalizando 9 estados atingidos.

07 de outubro de 2019 — O presidente Jair Messias Bolsonaro (até então do Partido Social Liberal — PSL) afirma que o petróleo encontrado no litoral brasileiro é de origem estrangeira.

12 de outubro de 2019 — Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, declara que irá pedir esclarecimentos a Shell sobre um tipo de lubrificante da empresa encontrado em barris próximos à área de derramamento. Na manhã do mesmo dia, Bolsonaro questionou o silêncio da Organização das Nações Unidas (ONU) e de ONGs ligadas ao meio ambiente, ironizando a atuação dos órgãos. Em seu perfil no Twitter, escreveu

“Estranhamos o silêncio da ONU e das ONGs, sempre tão vigilantes com o meio ambiente”.

17 de outubro de 2019 — As manchas chegam aos corais da Baía de Todos os Santos, na Bahia, a maior do país.

18 de outubro de 2019 — Ministério Público acusa Governo Federal de omissão em relação aos acontecimentos no Nordeste e dá 24 horas para acionarem o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional (PNC).

21 de outubro de 2019 — Marinha divulga que 900 toneladas de petróleo foram retiradas das praias.

02 de novembro de 2019 — Bolsonaro afirma que

“o que chegou até agora e o que foi recolhido é uma pequena quantidade do que foi derramado. Então o pior ainda está por vir, não sei se na costa do Brasil, se bem que as correntes, tudo indica, que foram para a costa do Brasil. E como é um petróleo com uma densidade pouco superior à água salgada, não vem por cima, vem por baixo. Pode ter passado pelo Brasil e retornado para a costa africana”, em entrevista ao canal Record.

07 de novembro de 2019 — Primeiros fragmentos de petróleo são encontrados na região Sudeste, especificamente em São Mateus, no Espírito Santo. No dia 08, a Marinha confirmou tratar-se da mesma substância encontrada no Nordeste.

22 de novembro de 2019 — Primeiros fragmentos de petróleo são encontrados no Rio de Janeiro. Segundo o Instituto de Estudo de Mar Paulo Moreira, o material era compatível com os encontrados no Nordeste e no Espírito Santo.

14 de dezembro de 2019 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta que a possível origem do óleo é africana, descartando a hipótese levantada pela Marinha e pela Polícia Federal no início de novembro de que as manchas seriam oriundas do navio “Bouboulina”, da empresa grega Delta Tankers.

E como está a situação agora?

Apesar de todas as hipóteses, a Marinha e o Ministério Público ainda não chegaram à verdadeira origem do derramamento. Segundo Ronald Buss de Souza, chefe de gabinete do Inpe,

“a gente tem uma hipótese principal de que esse derrame aconteceu a partir de abril deste ano, e as manchas só chegaram ao País, em subsuperfície, de maneira difícil de ser detectada através de imagem de satélite, em setembro”

No dia 05 de janeiro, manchas reapareceram no Ceará. A pergunta que fica é: até quando o meio ambiente será tratado com descaso por parte dos governos no Brasil? É válido ressaltar que, desde o início, os próprios moradores e turistas, colocando a saúde deles em risco, foram os responsáveis por tirar parte do petróleo das águas e que já foram retiradas 4,5mil toneladas de resíduos até agora.

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