Psicologia dos extremos: a análise atual de uma guerra de ideais

Revista Torta
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3 min readApr 26, 2019

Consequências de uma patologia social internalizada no consciente coletivo

Por Giovanna Fotopoulos

Editado por Arthur Almeida, Giovana Silvestri e Rafael Junker

Foto por Vinicios Rosa | Modelo Gustavo Forcim

Em pleno século XXI, após diversas conquistas promovidas pelas Leis Universais dos Direitos Humanos, o retrocesso e a violência estampam as manchetes dos jornais e estão presentes nos discursos de ódio dos grandes líderes mundiais.

A compreensão simples dessa origem extremista está no código de leis criado na Mesopotâmia por volta do século XVIII a.C., pelo rei Hamurabi. O conhecido Código de Hamurabi determinava a execução da justiça pelo método “olho por olho, dente por dente”, e no nosso cotidiano, esse discurso da antiguidade tem ganhado força.

No campo da Psicologia Social, o psicólogo germano-americano, Kurt Levin deduz que “só compreendemos um sistema quando tentamos modificá-lo”, pois o indivíduo é afetado por valores de determinada cultura e sente a necessidade de mudança do sistema. Para revolucionar a comunidade, o indivíduo se une a grupos que apoiam ideologias semelhantes, a fim de conquistar força e capacidade de mobilização social.

Os movimentos sociais são parte dessa união de indivíduos em defesa de ideais. Por outro lado, formam-se outros grupos opositores a essas manifestações, o que estabelece a teoria do conflito do sociólogo Anthony Giddens.

Essa teoria enfatiza o consenso moral, o qual a maioria dos indivíduos compartilham os mesmos valores e ideologias. Quando há desequilíbrio nesse consenso, ocorre o conflito, presente na perspectiva sociológica que destaca a importância das divisões na sociedade.

O filósofo e sociólogo, Ralf Dahrendor, define o surgimento do conflito no fato de que os indivíduos inseridos na sociedade possuem diferentes interesses, sejam eles econômicos, políticos ou sociais. Com isso, os movimentos sociais e seus opositores estabelecem a relação de oprimido e opressor, em que um possui poder e o outro é prejudicado.

No ramo da Psicologia Política, os movimentos sociais estão diretamente ligados às relações de poder em uma sociedade. Assim, a união de crenças, o sentimento de injustiça e valores compartilhados promovem o conflito contra os poderes que oprimem estes indivíduos, sejam esses fatores de gênero, classe social, etnia e orientação sexual.

O conflito também pode desencadear uma problemática profunda, a de autoviolência ou autoflagelação emocional. Em ambos os casos, o indivíduo se vê deslocado socialmente, o que pode levá-lo ao sentimento de culpa, isolamento e até mesmo ao suicídio.

Foto por Vinicios Rosa | Modelo Gustavo Forcim

De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, o suicídio é “todo o caso de morte que resulta, direta ou indiretamente, de um ato, positivo ou negativo, executado pela própria vítima, e que ela sabia que deveria produzir esse resultado”. Além disso, Durkheim destaca um tipo específico de suicídio diretamente conectado ao campo social.

O Suicídio Anômico é o fenômeno que acontece por causa de uma anomia social. Essa anomia ocorre pela falta de regras sociais, o que gera o caos. Por exemplo, em uma crise econômica, há um aumento na desigualdade social e os indivíduos se veem em uma situação de inferioridade à que estavam acostumados. Nessa condição, os índices desse tipo de suicídio aumentam, por causa da perda imediata de capital e poder.

No Brasil, a guerra de extremos permanece conectada aos ideais. Porém, o culto à violência está diretamente ligado à oposição de grupos dominantes e dominados, em que o poder e, principalmente, a liberdade de expressão, permanecem entre uma linha tênue de pressão social. Assim, é evidente que fenômenos como o suicídio tenham índices tão altos no cenário atual.

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