EVENTOS

Semana de Jornalismo na UNESP aproxima gerações e ressalta desafios

Egressos, docentes, graduandos e convidados comemoram os 35 anos de curso e debatem os caminhos da profissão

Revista Torta
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Por Arthur Almeida e Giovana Silvestri

Editado por João Vitor Custódio

Edgar Alencar é egresso da UNESP, jornalista da SPORT TV, e compareceu ao evento || Foto por Beatriz Toledo

Em comemoração aos 35 anos do curso de Jornalismo, a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) de Bauru promoveu, do dia 19 ao 22 de agosto, a “Semana do Jornalismo”.

Com a participação de jornalistas atuantes em diversas áreas, incluindo egressos da UNESP, a semana, denominada “Jornalismo Unesp: 35 anos: memórias e desafios”, proporcionou palestras, mesas de debate e oficinas, nos períodos da tarde e noite.

Realizado pela coordenação do curso em parceria com projetos de extensão e empresas juniores da Universidade, como a Jornal Júnior e com apoio do programa Educando para a Diversidade e do convênio Unesp-Santander, o evento trouxe pessoas que compartilharam experiências profissionais, memórias e debateram os atuais desafios da profissão.

A Torta fez um “resumão” da Semana para você ficar inteirado do que aconteceu, quem compareceu e quais assuntos foram desenvolvidos! Caso tenha perdido alguma palestra ou mesa, confira nossa linha do tempo:

DIA 19

19h00

Guilhermão

A cerimônia de abertura começou pouco depois das 19h no Anfiteatro Guilhermão, feita pelo presidente da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP (FAAC), Marcelo C. Carboni; coordenadora do curso de Jornalismo Angela Grossi; chefe do Departamento de Comunicação Social (DCSO), Maria Christina Gobbi e por Caroline Kraus Luvizotto chefe do Departamento de Ciências Humanas (DCHU).

“Os dias são intensos, mas os anos não demoram a passar” — Carboni

19h30

Guilhermão

Primeira mesa com o Antônio Francisco Magnoni (Dino) e Murilo César Soares e mediação de Maria Cristina Gobbi, professores da FAAC-UNESP. Comentaram, como testemunhas da época, a importância da criação e os desafios do curso de Jornalismo da UNESP durante o período de redemocratização do Brasil.

Dino e César Soares ainda ressaltaram o papel decisivo dos estudantes e docentes na luta para criar o curso que enfrentava obstáculos, como um relator contrário à criação do curso, próximo da família Frias (mantenedores da Folha de São Paulo).

O tema da mesa foi: Jornalismo Unesp — 35 anos informando.

Professor Angelo Sottovia Aranha foi homenageado na cerimônia de abertura, ele vai se aposentar após anos como docente na UNESP, coordenador de dois projetos de extensão: Jornal Impacto Ambiental e Jornal Voz do Nicéia || Foto por Beatriz Toledo

20h30

Guilhermão

“Jornalismo é conflito!” disse Sayuri || Foto por Beatriz Toledo

Segunda mesa com Juliana Sayuri, jornalista, formada pela UNESP, e historiadora pela Universidade de São Paulo (USP). Trabalhou para Folha de São Paulo, Estadão, The Intercept , Revista Piauí, entre outros.

O tema foi “O Jornalismo em defesa da democracia”. Sayuri comentou desde questões da censura da ditadura até os atuais ataques a jornalistas. Ressaltou a mídia independente e trabalhos como as reportagens “Vaza Jato” do The Intercept Brasil.

“Se vocês não ocuparem esses espaços [imprensa e mídia] os fascistas ocuparão!”

Sayuri termina sua fala com essa frase motivando os graduandos a ocuparem espaço na mídia independente, mas não descarta o papel que a grande mídia também exerce na construção da democracia.

Coordenadora do curso de Jornalismo e idealizadora da Semana, Angela Grossi, com a primeira convidada Juliana Sayuri. || Foto por Beatriz Toledo

DIA 20

16h30

Central de Salas

Terceira mesa com Angela Pimenta (Projor), Dubes Sônego (Atlas da Notícia) e Giselle Hilário (Jornal da Cidade). Debateram o tema: Jornalismo regional e o deserto de notícias. Pimenta apresentou o projeto Atlas de Notícia que mapeou o Brasil e mostrou espaços em branco no mapa que não há veículos jornalístico.

Dubes Sônego correlacionou o fechamento de jornais impressos ao desenvolvimento do meio digital e questionou “Como é que você precifica o digital?”. Comentou ainda que a forma de se fazer jornalismo está mudando e com isso existem novos desafios e formas de ser jornalista.

Giselle Hilário defendeu o jornalismo regional e ressaltou números do veículo impresso no qual trabalha (Jornal da Cidade — JC). Afirmando que em Bauru, especificamente, ainda há o interesse e compra pelo impresso.

19h

Central de Salas

Quarta mesa com o tema “Do impresso ao digital: mudanças e pertinências”, formada pelos jornalistas egressos da UNESP: Emilio Sant’Anna (Folha de S. Paulo), Mariana Bonora (G1 Bauru-Marília) e Diogo Pinheiro (UOL).

Mari Bonora, Diogo Pinheiro, mediador da mesa e Emílio Sant’Anna || Foto por Beatriz Toledo

A mesa compartilhou suas experiências profissionais e percepções nos anos que o impresso foi se transformando devido à ascensão do jornalismo digital. Bonora afirmou que a redação do digital é enxuta; trabalha com ela mais duas pessoas.

Discutiram o que mudou e o que permanece no jornalismo com o passar dos anos, que inclui as mudanças tecnológicas (do analógico para o digital). Além disso, Sant’Anna e Pinheiro ressaltaram questões como o multifuncional e a multimídia, características necessárias para atuar nas áreas jornalísticas atualmente.

DIA 21

14h

Central de Salas

Quinta mesa, com a presença de representantes do jornalismo independente formados no curso pela FAAC-UNESP, discutiu a prática do “Jornalismo radical, livre e independente”. Composta por Rôney Cristian Rodrigues (Outras Palavras), Bibiana Garrido (Jornal Dois), Carolina Bataier (Interior Cultural) e Nádia Pontes (Deutsche Welle).

A palestra contou com dois eixos de encaminhamento: a definição teórica do que seria uma mídia radical, livre e independente — sua natureza de produção, seus objetivos e organização — e, na prática, os desafios enfrentados deste fazer jornalístico nos recortes de suas perspectivas e iniciativas — financiamento, menos recursos e ausência de anteparo institucional.

Carolina e Nádia || Foto por Beatriz França

16h30

Central de Salas

Sexta mesa com Adriana Matiuzo (Instituto Butantan), Anaí Nabuco (Lettera Comunicação), Fábio Mazzitelli de Almeida (Imprensa da Unesp) e Luís Victorelli (Imprensa da USP Bauru). Comentaram sobre assessoria de Imprensa e as oportunidades no mercado de trabalho.

Compartilharam experiências profissionais, incluindo dicas para os estudantes. Defenderam a assessoria de imprensa como uma área da comunicação, logo, uma forma de fazer jornalismo.

19h30

Central de Salas

Sétima mesa da Semana foi a maior em número, contando com Carla Bigatto (Band News FM), Edgar Alencar (Sport TV), Fábio Turci (TV Globo), André Amaral (Globoesporte.com) e Rodrigo Viana (Portal Imprensa — Rádio Morada).

Os convidados comentaram as trajetórias e experiências profissionais de cada um. Ressaltaram algumas questões sobre trabalhar com audiovisual; Bigatto afirmou sobre os erros ao vivo que podem acontecer e acabou levando a plateia aos risos com os casos que mostrou.

Edgar Alencar ressaltou, por outro lado, como a TV aberta ainda é muito atuante no cenário brasileiro. Levando em conta a desigualdade social, e por mais que acreditemos que a tecnologias e plataformas de streaming estejam em alta, a realidade é outra, a TV continua a alcançar maior público.

Rodrigo Viana, André Amaral, Fábio Turci, Edgar Alencar e Carla Bigatto || Foto por Beatriz Toledo

Fábio Turci contou os processos e mudanças do telejornalismo que incluem novos equipamentos, tecnologias e edições, que tornam a confecção da notícia algo cada vez mais ágil, instantâneo e personalizado — tanto no visual quanto no sonoro. Apresentou aos estudantes uma reportagem televisiva que fez sobre a comunidade LGBTQ+ na qual retratou a história de Laura Vermont.

André Amaral comentou sobre os bastidores na produção do jornalismo esportivo. Ressaltou como o WhatsApp tornou-se um grande difusor de informações falsas. Porém, Amaral continua otimista, mostrando como o jornalismo é uma ferramenta fundamental para combatê-las.

Rodrigo Viana correlacionou o jornalismo com o afeto, com o apreço e a satisfação pessoal em fazer o que se gosta. Após relatar histórias de sua profissão e os lugares que trabalhou, comentou uma frase impactante no final “Única coisa que nos salva da loucura e do suicídio é a sensação de glória interior” e desejou essa sensação aos estudantes de jornalismo da UNESP.

DIA 22

15h

Central de Salas

Oitava mesa, teve como temática a problemática: “Jornalismo e credibilidade: enfrentamento ao ecossistema da desinformação”, composta por Francisco Belda (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo — Projor), Pedro Carvalho (diretor editorial e editor do Observatório da Imprensa) e Fausto Salvadori (membro do Ponte Jornalismo).

Discutiu-se, na mesa, a forma como a fragmentação da notícia, as fake news, a polarização política e a precarização da profissão estimulam a desinformação. Também, pontuou-se, nesse meio, a necessidade do fazer-se jornalismo transparente.

19h

Central de Salas

Nona mesa abordou a relação “Jornalismo e Diversidade”. O evento contou com a presença dos convidados Flávio Carrança (Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo), Juliana de Faria (Think Olga), Paulo Talarico (Agência Mural de Jornalismo das Periferias) e Pedro Borges (Alma Negra).

A partir de suas perspectivas, construiu-se um debate acerca da presença e retratação das vistas “minorias sociais” — isso é, mulheres, negros, periféricos, indígenas e LGBTQ+ — na prática jornalística, nos veículos midiáticos massivos, mas, sobretudo, nos independentes (espaços que crescem no que diz respeito ao diálogo respeitoso para com esses grupos).

21h30

Central de Salas

Décima mesa foi, também, a conferência de encerramento da Semana do Jornalismo. Com o tema “Jornalismo e Transparência Pública”, a mesa trouxe para o diálogo os jornalistas:

Sabine Righetti (criadora do Ranking Universitário da Folha de São Paulo — RUF e professora da UNICAMP);

Maurício Moraes (ex-membro da BBC Brasil e atual representante da empresa Turnitin, cuja programação identifica plágios em trabalhos acadêmicos);

Paulo Beraldo (membro da editoria de Política do Estadão);

e Amanda Audi (uma das responsáveis pela cobertura da Vaza-Jato pelo Intercept Brasil).

A discussão girou em torno da importância da função jornalística em trazer a público as informações que “incomodam” e que “as grandes empresas não querem que a população saiba”. Assim, conversou-se sobre a consulta nos bancos de dados e a credibilidade da Lei de Acesso à Informação (LAI), vigente no Brasil desde 2012.

Fotos por Beatriz Toledo

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