Sexo, dinheiro e poder: a exploração sexual do feminino como forma de dominação
Entenda o quão problemática é a imposição de gênero por meio da exploração do sexo na história e na mídia
Por Isabela Almeida
Editado por Arthur Almeida e Giovana Silvestri
“Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”, essa frase desrespeitosa poderia muito bem ter sido dita por algum cafetão ou dono de algum bordel. Entretanto, o que piora e muito a situação, é o fato de que quem disse isso foi nada mais nada menos que o presidente Jair Bolsonaro, em um discurso homofóbico sobre o Brasil não ser um país de turismo gay, dando a entender, por outro lado que, se fosse com mulheres, estava tudo bem. O que não é verdade.
Desde os primórdios, a relação sexual sempre foi vista como uma forma de dominação e poder. Em guerras, por exemplo, a forma de humilhar um povo era estuprando as mulheres daquela população, o que era visto como a pior forma de desonra possível. Por outro lado, para selar acordos ou como forma de pagamento, a prostituição feminina também é utilizada, gerando assim um segmento mercadológico civilizatório.
Na história brasileira, por exemplo, vemos isso já na chegada dos portugueses ao território, pois muitos viram as relações sexuais com as nativas indígenas como mais uma forma de exploração, começando assim um nicho turístico nem um pouco socialmente saudável. Mas, afinal, o que seria o turismo sexual no Brasil?
Ao longo das décadas, o turismo sexual no país se tornou sinônimo de um comportamento tido como muito comum por estrangeiros que procuram se deleitar em suas viagens, principalmente no litoral brasileiro, com a prostituição de mulheres e a imagem construída midiaticamente da brasileira vista com extrema sexualidade e com um corpo escultural, como uma rainha de bateria de escola de samba.
A grande problemática da situação é a forma com que um indivíduo social acaba se tornando uma mercadoria que é explorada a troco de capital ,fazendo com que suas vontades e direitos humanos sejam totalmente desrespeitados.
Na maioria das vezes, não é o explorado que fica com grande parte do dinheiro, mas, sim, os exploradores que gerenciam esse nicho. Exemplos como esse podem ser vistos na novela “Salve Jorge”, em que brasileiras eram enganadas e mandadas para serem prostitutas na Turquia e no famoso musical “Moulin Rouge”, que envolve outras problemáticas também.
“Moulin Rouge” por diversas vezes é romantizado por muitos. Entretanto, a abordagem do filme nos revela que os personagens masculinos, e até mesmo o protagonista, Christian, desrespeitam e veem a prostituta, e principalmente a estrela do cabaré, Satine, como um objeto de poder, cuja a conquista é tratada como vitória.
Essa ideia de querer ter sempre o melhor, objetificando uma mulher, é um recurso muito utilizado pela mídia, principalmente quando falamos do setor publicitário que em propagandas, como as de propagandas cerveja brasileira por exemplo, utilizam mulheres extremamente sexualizadas segurando o produto.
Podemos notar que o mercado construído pela exploração dos corpos femininos não é algo a ser incentivado, pois, além de tirar a autonomia individual feminina, também criam ilusões e padrões doentios que são reforçados socialmente, desumanizando, assim, a figura feminina.