A voz e as melodias de Renata Fonseca

Traços Digital
Revista Traços
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3 min readOct 5, 2021

Deficiente visual fala de sua paixão pela música em podcast

Por: Dan Alves

Renata Fonseca produzindo conteúdo

Em 2012 entrou no ar o podcast “Papo Acessível”, que tem como objetivo desmistificar estereótipos e quebrar tabus sobre as pessoas com deficiência no Brasil, atualmente com Fernando Scalabrini como apresentador. A proposta é reunir pessoas em diversos episódios para conversar sobre algum assunto dentro do tema.

Renata Fonseca integrou o grupo de conversa em alguns episódios e foi assim que teve contato com esse tipo de mídia, hoje um importante meio de comunicação para ela se expressar. Incentivada por amigos, começou a cogitar a criação de um podcast em 2019. Até sair o primeiro episódio de “Ver o Verso”, em setembro de 2020, foi um longo processo de pesquisa e preparação.

— Eu fiquei pensando em algo que eu goste de fazer, algo que seja do meu interesse — diz Renata sobre seu processo criativo. — Eu gosto muito de música, costumo brincar que nessa encarnação eu fiquei devendo um maior envolvimento com isso.

O seu gosto pela música e pela literatura levou a um produto que mergulha no universo das canções brasileiras, analisando minuciosamente as composições, apresentando aos ouvintes sua interpretação e informações sobre a obra.

— Um efeito colateral depois da ideia formada do “Ver o Verso” foi perceber que eu também posso valorizar os compositores da música — explica. — Muitas vezes a pessoa ouve o podcast sem saber que a música é também de outro compositor. “Travessia”, do Milton Nascimento, por exemplo, tem também Fernando Brant. No passado, era um hábito de Renata ler a ficha técnica dos encartes de CDs. Dessa forma, ela sabia quem eram os compositores e as pessoas envolvidas na produção. Depois de perder a visão aos 23 anos, ela não encontra com facilidade as informações.

— Em alguns vídeos no YouTube, você abre a descrição e tem algumas informações, mas não são todas — pontua. — Quando eu vou fazer o “Ver o Verso”, tenho muito cuidado para não divulgar uma informação que não é verdadeira.

A construção dos episódios do podcast começa com uma longa apuração em busca de informações verdadeiras para embasar seu texto. Desse trabalho de pesquisa, passando pela locução, até a publicação, tudo é realizado por ela, na periodicidade de um episódio por mês.

A qualidade técnica do produto pode levar o ouvinte a pensar que Renata faz locução a vida toda. Mas na verdade, seus estudos vocais começaram em 2017, com aula de canto e, em 2019, com o estudo de locução. Sua professora, Fernanda Lima, logo enxergou o potencial da aluna e a incentivou na produção, citada no fim do primeiro episódio em um agradecimento.

— No ensino fundamental, a primeira coisa que você vai aprender é que música é melodia, harmonia e ritmo. Hoje, é basicamente ritmo — reflete. — A letra é paupérrima, apesar de ter muita gente fazendo música boa. A letra mais profunda não tem valor comercial. As músicas que eu escolho significam muito para a minha geração e merecem ser eternizadas.

Com um crescimento orgânico, ela entende que seu produto está num processo de construção. A diversificação de linguagem do podcast, com recursos audiovisuais, e a presença mais ativa nas redes sociais demandam um investimento de tempo e dinheiro a ser pensado a médio e longo prazo. Mas o feedback recebido e os diálogos que os episódios provocam são vistos como uma vitória.

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