Somos como somos, e não cromossomos

Traços Digital
Revista Traços
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3 min readJan 6, 2022

Cores, riso e alegria. É isso que Lucio Piantino, 26 anos, procura espalhar em seu trabalho. Sempre bem-humorado, o multiartista canta, dança, conta piadas e faz imitações.
Por Ariadne Ribeiro | Fotos: acervo do artista

Lucio nasceu em Brasília em 1995. Filho e neto de artistas plásticos, teve seu primeiro contato com tinta, papel e pincéis aos 11 meses. Antes sequer de aprender a andar, o mundo das artes já o rodeava.

Ativista em prol da inclusão de artistas com síndrome de down e outros tipos de deficiência, ele já foi capa da Traços, em 2016, em uma edição que abordava inclusão e arte.

“Se alguém fala bem de mim: me ama! Se alguém fala mal de mim: que se lasque pra lá. Entra por um ouvido e sai pelo outro”, diz o jovem artista. Mas nem tudo são flores e esse moço de contagiante alegria tem muita história para contar.

Sua primeira participação artística aconteceu aos 6 anos de idade quando seus desenhos e pinturas foram publicados no livro Cadê a síndrome de Down que estava aqui? O gato comeu…, de autoria de Elizabeth Tunes e L. Danezy Piantino, da Editora Autores Associados.

São muitos trabalhos importantes acumulados ao longo dos anos. Entre os principais está a sua participação na Campanha da ONU em comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Down, em 2017, e a Exposição “Io sono um artista” do projeto AHEAD na Galeria Casa d’Aste em Roma — Itália

“Eu também danço desde pequenininho… comecei no Teatro Mapati”, conta. Já o início de sua carreira circense foi na peça O improvável amor de Luh Malagueta e Mc Limonada, que estreou em 2013, no III Salão da Acessibilidade de Brasília.

Recentemente, Lucio voltou aos palcos com sua mais nova peça, que estreou online em dezembro de 2021 e foi escrita por ele mesmo, em parceria com a mãe, Lurdinha. Intitulada Somos como somos, e não cromossomos, a obra contou com recursos do FAC — Fundo de Apoio à Cultura do DF.

O enredo, que conta com fortes pitadas autobiográficas e boas doses de humor, ressalta a importância de se rever a questão da inclusão das pessoas com Síndrome de Down na sociedade.

Arte, dança, sexualidade, medos e questionamentos são temas abordados no espetáculo. “Na peça, faço uma Drag Queen e o nome dela é Úrsula UP. Úrsula porque era o nome da minha tataravó. E UP porque a Síndrome é “Down” e eu quis por “UP” — que em inglês significa para cima”, explica Lúcio.

O artista interpreta vários papéis diferentes e diz que o mais difícil de fazer foi o papel de um parlamentar. “Fazer o deputado foi o mais difícil, porque eu quero ser deputado e tenho vários amigos deputados”, conta.

Existe a previsão de apresentações do espetáculo ao vivo, quando for possível. Por enquanto, a obra completa segue disponível gratuitamente no YouTube.

Para conhecer mais sobre o projeto, acesse:

Youtube
Saiba mais sobre o projeto
Sobre o Lúcio Piantino

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