Da Web 30 anos à Web 3 — onde chegamos e para onde seguimos

Rhizom Foundation
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8 min readMay 28, 2019

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“Navegar é preciso, viver não é preciso”

Esta é uma máxima que orientou o avanço mercantil pelo território global desde seus primórdios e pautou diversas transformações que afetaram a vida de praticamente todos os habitantes do mundo à época em que atravessar distâncias marítimas era o maior desafio que se interpunha entre indivíduos das mais diversas origens e os mais variados destinos aos quais se dirigiriam. A própria noção de risco nasce aí, oriunda da rota que era traçada entre esses dois pontos e que englobava todos os perigos que poderiam surgir entre o ímpeto e a descoberta, entre a necessidade e a oportunidade.

Nós podemos ter a web que queremosTim Berners-Lee

Assim, à medida em que o progresso técnico se colocou como a principal fonte de vantagem entre concorrentes ao minimizar esse fator, a corrida também se tornou tecnológica. E por mais que os oceanos que temos de atravessar hoje em dia sejam informacionais e virtuais, atualizar as formas pelas quais podemos fazê-lo ainda é algo fundamental para todos nós que navegamos pela web.

A Web 3 traz, mesmo assim, mais que meros avanços na infraestrutura que a torna eficiente ao nos prover meios de interconexão, ela oferece também novos modos pelos quais podemos fazê-lo. Aqui o que se apresenta no horizonte é tanto uma questão de renovação de propostas quanto de inovação de recursos para que nos conectemos, tanto mais rápida quanto mais livremente.

Liberdade e estabilidade.

Essa polarização acaba por definir nossas escolhas nas mais variadas instâncias — desde a familiar até a política — e representa um dos grandes dilemas que regem nossa vida. Contudo, ela não necessariamente precisa ser perene na determinação de nossas interações, especialmente aquelas que ocorrem neste universo tão maleável como é este em que navegamos atualmente. E, no que tange a seus princípios éticos, este é um dos pontos principais preconizados por esta nova abordagem acerca do funcionamento da web.

Até o presente momento, pudemos aproveitar uma enorme variedade de melhorias que emergiram no advento da Web 2.0, entre elas: uma navegabilidade mais flexível e rápida para os usuários, uma intercambiabilidade mais ampla e diversa de arquivos e, por conseguinte, uma acessibilidade maior e mais segura a conteúdos dos mais variados formatos. Em suma, partimos de um ambiente estático até nos tornarmos uma comunidade interativa.

Tudo isto se deu através de transformações radicais nos protocolos que moldam aquele mesmo funcionamento, visíveis nas interfaces cada vez mais céleres e robustas que começaram a guiar nossa experiência online, mas especialmente tangíveis nos novos limites e possibilidades que materializaram para aqueles avanços.

Não obstante o que se abriu em termos de possibilidades para a circulação de conteúdos e produtos, isto acabou por se dar no interior de preceitos relativamente rígidos de compatibilidade e de restrições bastante limitantes de operabilidade.

Agora, os questionamentos são postos por uma web na qual a expansão e aprofundamento da liberdade na navegação são inevitáveis, pedindo respostas à altura. E isto aparece não apenas como uma carência operacional para usuários extremamente informados e socialmente ativos, mas também como um valor essencial para indivíduos cada vez mais engajados e autônomos.

Entretanto, a questão mais imediata aqui é: como isto pode ser efetivamente alcançado sem que arrisquemos a previsibilidade que é crucial a tantas transações comerciais e financeiras ou mesmo a estabilidade que é central às nossas interações mais comuns?

Confiabilidade e agilidade.

As propostas que estruturam a resposta que a Web 3 pretende dar a tais desafios envolvem outras modificações profundas nas formas pelas quais interagimos, todas elas também subentendendo alterações nos processos pelos quais são desempenhadas.

De um lado, vislumbramos um panorama no qual certas premissas são tornadas centrais no arcabouço de valores e objetivos que sustentarão essa nova internet, entre eles transparência, interoperabilidade, descentralização, privacidade, autonomia, ubiquidade e tantos outros; de outro, testemunhamos o desenvolvimento desta camada subjacente de protocolos que as orientarão, partindo dos seminais (IP, HTTP, SMTP, FTP) e tantos outros que determinaram como nos comunicamos e intercambiamos inúmeras coisas (símbolos, valores, ideias) e chegando a nossa realidade atual em que o blockchain nos proporciona novos horizontes de possibilidades.

Protocolos baseados nesta arquitetura não são uma novidade, já que ela mesma conta uma década de existência e diversas gerações de desenvolvimento. A primeira foi pautada no conceito de criptomoedas, essencialmente ativos (tokens) cujo valor se fundamenta na confiança entre semelhantes no interior de uma dinâmica especulativa; a segunda geração trouxe à luz o conceito de utility tokens, os quais operam através de uma lógica de valorização linear que depende da criação de aplicativos, agregando-lhe valor por meio de utilidades; a terceira geração introduz o conceito de security token como ativo subjacente que aproveitam as características vitais dos anteriores, além de serem regidos pelas normas que regulam valores mobiliários.

O que une todos estes elementos e os torna parte intrínseca a nossos propósitos é a necessidade crescente em nossas vidas que temos em contar com recursos não apenas mais ágeis e confiáveis, mas também de podermos interagir num ambiente mais inteligível e plural. São justamente estas carências e as potencialidades que elas inauguram que a plataforma Rhizom visa suprir e explorar, lançando mão de um protocolo nativo que oferece amplas vantagens para seus usuários de forma única.

Meios, significados e usos

A fim de permitir a fluidez e a segurança dos dados pelos quais navegamos, a web se estrutura através de camadas, níveis diversos de funcionalidade e visibilidade informacional que se agrupam de acordo com sua complexidade. Isto é algo atávico à web, integrando seu arcabouço desde os primeiros momentos de seu progresso em direção ao que conhecemos hoje e tornando-se uma parte fundamental de sua estrutura em qualquer uma de suas encarnações

Se na Web 1.0 tivemos uma primazia da intensificação das trocas de arquivos, sua sucessora prioriza uma maior plasticidade nas operações entre usuários e o meio. Face às profundas mudanças trazidas pelas redes sociais, nesta web sobre a qual consolidamos nossos esforços, o foco se transfere para as interações entre pessoas (p2p) e nas relações entre objetos (IoT).

A ênfase agora recai sobre aprofundamento das relações e significados que são criados no ambiente de navegação. Isto significa que um maior grau de individualização será permitido em cada interação, assim como maiores possibilidades de personalização serão requeridas em cada operação.

Nosso ecossistema se adequa a estas demandas ao prover soluções diversas e precisas em cada uma de suas camadas, então cabe aqui delinear o que cada uma delas faz e como irão suprir as necessidades de todos nele inseridos:

Protocolo: no Rhizom, o token subjacente nativo estimula a construção de novos alicerces da Web 3 logo no estágio inicial, o que permite que um repositório de indivíduos possa compartilhar progressos e processos mutuamente e de forma equânime, diminuindo barreiras de entrada através de um data center compartilhado e um efeito de rede amplificado. Isto significa que mais empresas poderão construir e gerar valor coletivamente, já que qualquer aplicativo construído sobre ele aumentará seu valor exponencial e agregadamente.

Afinal, nesta almejável nova web, a grande missão dos desenvolvedores de protocolos deverá ser dialogar com seus pares no nível dos aplicativos e procurar aprender com eles o que os usuários finais desejam. Nesta lógica de ecossistema aberto, a colaboração torna-se essencial para construir melhores interfaces e funcionalidades nativas.

Framework: neste patamar, os desenvolvedores poderão extrair funcionalidades variadas com maior facilidade, ao invés de ter de lidar com a relativa complexidade protocolar da camada de base. Até o presente momento, armazenar dados em blockchain era custoso, seja em tempo ou em recursos, e o que propomos aqui é uma forma descentralizada de fazê-lo que em muito reduz o efeito destes fatores.

Os aplicativos baseados nesta arquitetura — chamados de dApps, ou aplicativos descentralizados — são executados em uma rede distribuída de computadores p2p, ao invés de um único dispositivo (centralizado), e suas automações são geradas através de contratos inteligentes. Então, à medida em que os dApps fizerem uso de armazenamentos de dados processados de forma paralela (Off-Chain), o ecossistema se transforma como um todo.

Os dApps apresentam graus variados de democratização: alguns são feitos em código completamente aberto e dependem muito dos protocolos subjacentes, enquanto outros são ecossistemas fechados e usam o blockchain apenas visando menores custos e maior eficiência nos processos que levam a cabo. É aqui que as vantagens oferecidas por nossa plataforma ficam mais evidentes, já que é o primeiro no mundo que soluciona problema de processamento de contratos robustos sem congestionamentos na rede através de seu arranjo singular.

Rede: nesta camada, as finalidades e usos foram inicialmente agrupados de acordo com o respectivo quinhão que atendem nas atividades comerciais e intelectuais, ou seja, cada rede se ocupa de determinada área — alimentos, economia criativa, arte, impacto social e assim por diante — e visa oferecer um ambiente interligado para todos os usuários nela conectados nos mais variados estágios da cadeia extrativa, criativa, produtiva ou distributiva em seu interior.

Entretanto, o caso específico do Rhizom traz a possibilidade do desenvolvimento autônomo por parte de qualquer usuário nas diversas camadas que compõem o ecossistema. Isto se dá através da natureza híbrida de seu protocolo (parte público e parte privado) e possibilita a criação de múltiplas redes nas quais muitos outros aplicativos possam funcionar plenamente.

Estes os pontos principais que tornam a proposta do ecossistema Rhizom, não somente atrativa para aqueles que querem aproveitar todas as benesses que a Web 3 nos traz, mas especialmente singular naquilo que oferece de eficiente, seguro e inclusivo. Prioridades para qualquer plataforma que se pretenda tão atual quanto inovadora.

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