Rhizom: Conectando o mundo através da rastreabilidade

Rhizom Foundation
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7 min readNov 19, 2019

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Graças à vulgarização de noções bem abstratas da Física, hoje quase todos têm uma vaga ideia de algumas de suas mais ousadas teorias. Assim, um terreno obscuro e bastante experimental dela como a Teoria do Caos hoje em dia possui certa inserção na cultura popular.

Peguemos, por exemplo, aquilo conhecido como Efeito Borboleta, uma tentativa bem arrojada de dar conta das alterações que as ínfimas mudanças iniciais podem ter nos mais amplos e distantes efeitos considerados no interior de sistemas extremamente intrincados e extensos. Trocando em miúdos e elucidando a origem do nome, ele se refere a uma metáfora: um fenômeno de escala imensa como um tornado, observado em determinado local e hora, poderia contar entre as ações determinantes de sua origem até mesmo o singelo bater de asas de uma borboleta num momento e lugar totalmente diferentes.

Pode parecer algo absolutamente descolado tanto da realidade efetiva das coisas como dos assuntos que tratamos aqui normalmente, mas se nos ativermos ao fato de que estamos pensando em sistemas e em sua dinâmica interna, das formas como forças e objetos se movem dentro e através deles, podemos ver que o essencial aqui é descobrir como as coisas se interconectam, seus fluxos e trajetos.

E, querendo ou não, sistemas regem nossas vidas de modos que mal podemos perceber e muito menos escapar, o que é algo extremamente positivo para que possamos viver coletivamente com um mínimo de harmonia e organização. E, se levarmos em conta a multiplicidade de necessidades e vontades que nos dominam e orientam, vemos que eles são essenciais para que consigamos atingir objetivos comuns em conjunto.

Sistemas

Um mercado é um sistema, assim como uma cadeia produtiva ou uma rede de computadores e, portanto, a principal característica que compartilham é uma relativa estabilidade de seus componentes e uma certa previsibilidade de seus movimentos. Isto nos permite observar como se comportam de maneira impressionantemente exata, averiguando sua eficiência ou mesmo sua integridade, de modo a podermos avaliar o risco envolvido em cada transação ou operação ali realizada e até mesmo determinarmos os momentos da circulação das coisas dentro de seus parâmetros e perímetros.

Eles são frutos do mais racional tipo de ação humana e respondem a um impulso bastante primevo de trazer ordem a todos os âmbitos da realidade que sejam regidos pelo caos, instaurando um módico de controle para que os corolários obedeçam um mínimo de previsibilidade.

Um mercado é um sistema no qual bens e riquezas são trocadas de acordo com regras internas aceitas pelos participantes; uma cadeia produtiva é um sistema no qual certos materiais serão transformados seguindo métodos que estabelecem a qualidade dos objetos ali produzidos; uma rede de computadores é um sistema no qual dados e instruções são permutados e processados a fim de executar tarefas de variadas complexidades.

Blockchain

Voltando a nossa realidade concreta, pensemos nas características destes três modelos que fornecemos e naquilo que compartilham: um número limitado de elementos, um percurso e uma gama definida de resultados esperados. Agora, se formos pensar nas inúmeras instâncias nas quais eles funcionem conjuntamente e imediatamente notamos que praticamente tudo que criamos e trocamos hoje é fruto de seu entrelaçamento. Cada cadeia produtiva que criamos tem como fator determinante um mercado e como fator estruturante uma rede de computadores, sendo que o primeiro lhe dá uma finalidade objetiva enquanto o segundo lhe provê uma estabilidade operacional.

As mais variadas indústrias que fazem nosso mundo funcionar dependem não apenas da sistematização para poderem operar desde os níveis mais elementares, mas de computadores que realizem de modo regular e eficaz as tarefas necessárias para tal. Estes processos ocorrem há mais de quarenta anos essencialmente da mesma maneira, algo surpreendente se considerarmos o imenso aprimoramento dos recursos técnicos envolvidos no decorrer desse período e especialmente no quão instantaneamente a comunicação entre as mais distantes partes do globo ocorra hoje em dia.

Mas e se houvesse uma nova metodologia aplicável aos mais diversos formatos que estes sistemas assumem naquela mesma realidade efetiva que mencionamos logo no início? E se pudéssemos imaginá-la completamente integrada de um modo no qual tudo que circule no interior possa ser identificado, localizado e avaliado de acordo com parâmetros confiáveis acordados entre todos os agentes envolvidos?

O blockchain não só nos possibilita realizar todas essas tarefas de maneiras mais eficientes e velozes, mas também nos permite fazê-lo de forma coordenada e simultânea, bens materiais e imateriais de todo tipo possam ser rastreados em tempo real por todos os participantes de um determinado circuito produtivo e distributivo. O que, na prática, significa que todos os responsáveis e interessados nos status de algum produto ou dado inserido na rede estruturada nesta arquitetura poderá ter acesso a eles.

Rastreabilidade

Quando começamos a vislumbrar as aplicações de tudo isto no nível mais tangível de nossas atividade diárias fica evidente o quanto essa arquitetura pode contribuir para atualizar aqueles processos. Por exemplo, é simples conceber como um produto cuja procedência deve ser conhecida e controlada, pois certas características importantes de sua composição ou origem determinam seus usos possíveis, pode beneficiar-se das vantagens que essa arquitetura traz.

Através de um registro imutável e transparente, um aspecto tão crucial como a qualidade pode ser inferido e certificado em tempo real no decorrer de cada instância de extração, produção e distribuição que possam compor uma dessas cadeias. Ademais, o acesso a informações essenciais acerca dos trajetos e objetos é tornado mais dinâmico, sólido e flexível, oferecendo recursos de rastreamento até então apenas cogitados em cenários fictícios ou teóricos de logística.

Graças às virtualidades do blockchain, agora vivemos numa realidade em que a conexão entre os fluxos de informação e o mundo físico que representam/apresentam é quase imediata, fazendo com que possamos acompanhar procedimentos que se desdobram por vastas temporalidades e imensos espaços.

Para lidar com uma realidade errática como a nossa, especialmente quando lidamos com matérias e materiais sensíveis, precisamos ao menos mapear percursos, registrar itinerários, localizando os começos, meios e fins de transações delicadas. Afinal todo o cuidado e precisão que o blockchain torna possível e acessível é bem-vindo quando aplicado a algumas das atividades primordiais que controlam o equilíbrio entre escassez e abundância, entre perecível e perene, entre caro e barato, entre confiável ou não.

Claro que ainda não conseguimos traçar todos as forças presentes num fenômeno de larga escala como um tornado a partir dos movimentos das asas de um ser de proporções diminutas, mas podemos averiguar praticamente todos os momentos dos sistemas estruturados e consideravelmente menos complexos que formam as redes sustentando nossas rotinas.

Conclusão

Face ao crescimento constante das cadeias de suprimentos que interligam o globo, tornam-se prementes profundas transformações em seu funcionamento. São elas que o blockchain traz em seu bojo e que irão revolucionar os modelos de gestão, os processos de execução e os recursos de operação que estruturam a indústria. É exatamente isto que nosso ecossistema apresenta como um futuro possível e viável, através de uma trilha de auditoria baseada num registro imutável e completamente descentralizado, consultável em tempo real para todas as transações com a máxima eficiência.

Contudo, vale lembrar aqui que é exatamente isto que a difere de outras plataformas que se apresentam como alternativas e falham em oferecer essas inovações em sua totalidade como, por exemplo, as DLTs ou o que se convencionou chamar pelo contraditório nome de ‘blockchains permissionadas’. Esses conceitos são frequentemente usados por conglomerados de informática — IBM, Oracle e demais — para venderem mais produtos similares aos que já ofertam, ao rotularem-nos com o termo blockchain sem incorporarem seus princípios, uma vez que esses serviços são totalmente desprovidos em sua proposta e processos dos preceitos fundamentais descritos acima. Estes, ao fim e ao cabo, fazem da simples computação distribuída algo muito mais propício às finalidades discutidas até aqui.

Ademais, mesmo em comparação a outros protocolos dotados dessas propriedades diferenciais, o Rhizom resolveu alguns gargalos comuns, tornando-se mais eficaz na rastreabilidade de uma ampla gama de bens nas mais variadas verticais de mercado. Em termos técnicos, isto resultou na diminuição direta dos custos de transação e registro, além do aumento significativo da escalabilidade na taxa de processamento de transações por segundo. Tudo isso por meio de design original baseado num sistema despermissionado e não limitado no tamanho de blocos. Em termos práticos, isto nos trouxe mais perto de uma realidade mais transparente e confiável, coordenada em escala mundial.

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