O bendito autoesquecimento.

Guilherme Zamba
Rima Teológica (Blog)
4 min readDec 20, 2020

Como alcançar uma visão transformada do eu…

Pouco me importa ser julgado por vocês ou por qualquer tribunal humano; de fato, nem eu julgo a mim mesmo.
Embora em nada minha consciência me acuse, nem por isso justifico a mim mesmo; o Senhor é quem me julga.

1 Coríntios 4:3,4

Como Paulo alcançou esse bendito autoesquecimento? Com certeza, ele mostra de que maneira isso ocorreu, mas temos de examinar com atenção o que ele diz.

Primeiro, o apóstolo afirma: “Não me importo com o que vocês pensam, tampouco com o que eu mesmo penso”. Em outras palavras, Paulo não dependia do veredicto dos cristãos de Corinto, nem dependia de seu próprio veredicto. Em seguida, ele afirma: “…embora eu esteja consciente de que não há nada contra mim, nem por isso me justifico”.

A palavra traduzida aqui por “justifico” está relacionada a uma palavra também traduzida por “inocente”, e é a mesma que Paulo usa em Romanos e em Gálatas. Aqui, para o apóstolo, mesmo que sua consciência esteja limpa, isso não o torna inocente.

O que Paulo busca, o que Madonna busca, o que todos buscamos é um veredicto definitivo que afirme que somos importantes e valiosos. Buscamos esse veredicto definitivo todos os dias, em todas as situações e pessoas ao redor. Isso significa que todos os dias estamos sob julgamento. Todos os dias nos colocamos de novo em um tribunal. Mas você notou que Paulo afirma não se preocupar com o que os coríntios pensam dele ou com o que qualquer tribunal humano pense a seu respeito?

É estranho que ele se refira a tribunais — afinal, os coríntios não formavam um tribunal. No meu entendimento, Paulo está usando uma metáfora. E com isso afirma que o problema da autoestima — seja ela alta ou baixa — é que todos os dias voltamos ao tribunal.

Dia após dia, nos vemos de novo sob julgamento. É assim que funciona a identidade de cada pessoa.

Em um tribunal, temos a acusação e a defesa. E tudo o que fazemos serve de prova para a acusação e para a defesa. Em alguns dias, sentimos que estamos vencendo o julgamento; em outros, que o estamos perdendo”. No entanto, Paulo conta que descobriu o segredo. O julgamento dele já está encerrado. Ele já deixou o tribunal. O processo foi concluído.

Acabou. Porque o veredicto definitivo foi anunciado.

Como isso aconteceu? Paulo explica de maneira simples. Ele sabe que ninguém poderá justificá-lo. Ele sabe que nem mesmo ele poderá se inocentar. E o que ele afirma então? Ele afirma que é o Senhor quem o julga.

A opinião de Deus é a única que interessa. O veredicto já foi anunciado. E agora o meu desempenho, minhas ações se dão com base no veredicto. Como Deus me ama e me aceita, não preciso fazer as coisas apenas para melhorar o currículo. Não tenho de fazer as coisas para parecer bom. Faço-as só pela alegria de realizá-las. Ajudo as pessoas porque quero de fato ajudar-não para me sentir bem, não para preencher o vazio.

O desempenho jamais alcança o veredicto supremo. No cristianismo, todavia, o veredicto nos garante o desempenho. Acredite: o veredicto de fato nos garante o desempenho.

Como assim? A resposta de Paulo é que ele deixou o tribunal, não está mais sendo julgado. Por quê? Porque Jesus Cristo foi julgado em seu lugar. Jesus esteve diante do tribunal. Esteve sob julgamento. Foi um julgamento injusto de um tribunal corrupto, mas ele não reclamou. Igual à ovelha perante os tosquiadores, ele ficou calado. Ele foi golpeado, espancado, morto.

Por quê? Para nos substituir.

Ele recebeu a condenação que merecíamos; encarou o julgamento que deveria ser nosso para que não precisássemos enfrentar mais nenhum julgamento.

Só tenho de pedir que Deus me aceite por causa do que Jesus Cristo fez.

Então, a única pessoa cuja opinião realmente interessa se volta para mim e diz que sou mais valioso do que todas as joias deste mundo.

Como poderemos nos preocupar se formos desprezados? Porque ficar infelizes se formos rejeitados?

Por que dar tanta atenção à imagem refletida no espelho?

Instrumental para reflexão:

Trecho do livreto “Ego Transformado” de Timothy Keller.

Editora Vida Nova.

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No “Leituras que Edificam”, meu mano Rodrigo D’Cristo também indica e comenta um pouco mais a respeito do livro “Ego Transformado”. Confira!

PAZ.

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