Aposta

vira e mexe me pergunto
o que você fez com meu nome escrito na sua parede
te imagino riscando com tinta e ódio usando muita força
quase atravessando o braço até o outro cômodo.
aposto que você chutou alguma coisa
desejou a minha morte
e gritou algum palavrão
mas eu não morri
continuo aqui — viva
e me visto de caos e bagunça na sua memória
sem dizer uma palavra
sem escrever verso algum
aposto que você pensa em mim quando a chuva cai de madrugada
aposto que você pensa em nós quando aquela música toca sem querer no seu rádio
aposto que você pensa
e é por isso que rasga uma carta por vez
e é por isso que atravessa a rua quando me vê
e é por isso que prefere me arrancar das páginas
do que chegar até o ponto final