“Cineastas do Real” inaugura sua terceira temporada

Ao todo, Amir Labaki entrevista 13 cineastas na nova edição do programa

vino
rock.rec.br
3 min readAug 4, 2021

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Nesta nova edição para o Canal Brasil, o programa “Cineastas do Real” teve de se adaptar para ser produzido na pandemia. “Perdi o privilégio do convívio pessoal, mas a série nada perdeu em foco, sintonia e concentração”, explica Amir Labaki, criador, diretor e apresentador da série. O primeiro episódio vai ao ar no dia 4 de agosto, às 19h30, com a participação de Walter Salles.

Amir Labaki nos bastidores da terceira temporada, adaptada às condições da pandemia. Foto: divulgação.

Ao todo, serão 13 entrevistas inéditas e exclusivas, com nomes relevantes não do documentário, meramente, mas desse “cinema do real’’. Já o segundo episódio, por exemplo, traz Antonio Carlos da Fontoura. Cada programa tem, a partir dessa conversa central, um passeio pelas filmografias ou ainda outras referências. A discussão cruza a linha entre ficção e documental, discutindo diálogos e possibilidades do fazer cinematográfico contemporâneo.

Neste sentido, a experiência de Amir Labaki, enquanto fundador e diretor geral do Festival É Tudo Verdade desde 2004, mostra-se um elemento importante na condução das entrevistas. O que também provoca reflexões mais aprofundadas sobre o fazer cinema, e este território controverso e extenso do documentário e suas fronteiras.

Walter Salles, por sua vez, reflete sobre o desejo de improvisação, do diálogo com a realidade transformado em seus filmes de ficção. Trata-se da
“visita ao documentário como um polinizador da ficção”
como afirma o realizador.

Antonio Carlos da Fontoura, no segundo episódio, relaciona toda sua trajetória com a do próprio cinema brasileiro. Figura presente nas ações do Centro Popular de Cultura, da União Nacional dos Estudantes, Antonio esteve ao lado de figuras como Eduardo Coutinho, Arnaldo Jabor.

Amir Labaki entrevistando Antonio Carlos da Fontoura. Ainda que realizadas à distância, as entrevistas são o “carro-chefe” do programa. Foto: divulgação.

Estas memórias trazem uma riqueza que vai bem além do recorte sobre o real. Para trazer um spoiler inofensivo — Antonio confessa ter perdido suas gravações em áudio na função de assistente em Cabra Marcado Para Morrer.

Trailer de “Cabra Marcado para Morrer” (1984), de Eduardo Coutinho. Antonio Carlos da Fontoura era um dos assistentes na etapa de pesquisa do filme.

Esta adaptação do programa à realidade da pandemia nos faz pensar sobre a própria natureza da produção e do consumo de conteúdos dessa temática. Porque um programa do Canal Brasil tem sua relevância ao mesmo tempo em que compete com uma cinefilia ou reflexões sobre o cinema que, hoje, estão nas redes sociais ou em canais especializados do YouTube, por exemplo.

Trata-se do “choque de conteúdo” ou “content shock”, como conceituou originalmente o professor norte-americano Mark Schaeffer:

“A oferta de conteúdo explode exponencialmente enquanto a demanda se mantém estável. Podemos prever então que pessoas, empresas e marcas têm de investir mais e mais apenas para que os consumidores vejam a mesma quantidade de conteúdo.”

Resta-nos acompanhar as possibilidades e potencialidades, enquanto a ideia de ir ao cinema e debater os filmes presencialmente se mostra uma atividade interrompida. Ainda neste mês de agosto, a terceira temporada de “Cineastas do Real” apresentará Joel Zito Araújo e Sandra Kogut.

Até 27 de outubro, haverão encontros de Amir Labaki com Sérgio Tréfaut, Ricardo Calil, Gregório Bacic, Silvio Da-Rin, Daniel Santiago, Ana Carolina, Cristiano Burlan, Walter Carvalho e Sérgio Oksman.

Crítica de Vinicius “vino” Carvalho, realizada a partir de cabine de imprensa. A publicação colaborativa rock.rec.br é uma iniciativa da Sangue TV. Conheça o nosso expediente e colabore.

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