Primitive
The Dirty Coal Train | Hey Pachuco Records | Digital | 2019 | Portugal/Brasil
O casal de guitarristas Beatriz Rodrigues e Ricardo Ramos nos presenteiam com um álbum de estrutura circular, que começa como acaba, em uma sonoridade crua e direta. Gravado no Brasil em maio deste ano, tendo Mark Wildstone nas baquetas e a produção de Luís Tissot (Caffeine Studios). Primitive é o último lançamento do The Dirty Coal Train — seriam eles de Portugal ou da Estrônciolândia?
O clima político que o Brasil e o mundo vivem está impregnado nas 23 faixas do disco, que nos trazem vinhetas de protesto, como "Selvajaria" e "Terra Indígena", uma música cantada em português, e "Ronda da Noite"; além da identidade musical já conhecida da banda com as letras bem humoradas, as referências da cultura pop e dos filmes B, e os temas exóticos.
Destaque para faixa que abre o álbum, que é uma releitura de “Go Go Gorillas”, da banda The Sandells. Outros destaques vão para “Teenage Caveman”, uma homenagem a Roger Corman e seu filme homônimo lançado em 1958; seguido por “Curse of Montezuma”, que tem batidas e guitarras cadenciadas, além de “Gundpowder” e “Singing Worms in Space” que trazem Beatriz no comando dos vocais.
O som da banda remete ao proto punk e ao garage rock. As linhas de guitarras formam uma parede sonora forte e distorcida no melhor estilo garageiro, ao mesmo tempo que funcionam muito bem alternando frases distintas em determinadas faixas, como as já citadas nos destaques.
A música é orgânica e quente, feita para sacudir os quadris. Assim como a proposta de gravação crua e quase ao vivo de Primitive, uma ponta fora da curva nesses tempos de Pro Tools e de artificialidade musical. Talvez daí podemos encontrar uma chave para os dilemas contemporâneos: voltar ao primitivo.
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Crítica de Frederico M. Neto, revisada por Isabella Thebas. A publicação colaborativa rock.rec.br é uma iniciativa da Sangue TV. Conheça o nosso expediente e colabore.