Você é um impostor

Nada do que você faz é mérito seu

Cleiton Souza
Rocketseat
4 min readNov 28, 2017

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Você é do tipo que quando conquista algo, dá o mérito para coisas externas como amigos, sorte/acaso ou fé? Você tem dificuldades em receber elogios e quando recebe fica com uma sensação que está enganando alguém?

Em uma pesquisa feita na Califórnia, Gail Matthews apontou que 70% das pessoas de sucesso dos EUA sofrem a chamada “Síndrome do Impostor”.

De modo geral, é achar que você (e/ou), seu trabalho é inferior ao que realmente é. As principais características são:

  • Não atribuir o seu sucesso a você mesmo, mas a coisas/pessoas externas
  • Ter a sensação que está enganando alguém ao receber um elogio
  • Não achar que é realmente bom no que faz, mesmo sendo reconhecido
  • Ter medo que os outros percam a imagem positiva que tem de você
  • Achar que enrola as outras pessoas o tempo todo

O fato é que se você sofre com isso, provavelmente você é realmente bom. Os piores profissionais que já tive contato são ruins por serem orgulhosos / autoconfiantes demais e humildes de menos.

Mas calma, isso não quer dizer que você deve se afogar na síndrome do impostor, afinal, você provavelmente sofre com ansiedade, medo, possui problemas de autoestima, foge de exposição e não faz ideia de quantas oportunidades já perdeu por conta disso tudo.

Isso quer dizer que é preciso encontrar o equilíbrio. Mas antes…

Comportamentos frequentes

Caso você ainda não tenha entendido se você sofre com isso ou não, olhe para as características que listei acima e faça uma autoanalise, entenda seu comportamento. Além disso, geralmente quem se acha um impostor assume um desses comportamentos:

Overdoing

Como você acha que não é bom o suficiente, que não é capaz e que está onde está por um golpe de sorte, acaba trabalhando igual um louco. Faz as coisas de forma antecipada, se dedica de uma forma surreal e no fim, quando o resultado positivo chega, joga o mérito para qualquer coisa que não seja você mesmo.

Underdoing

Outra vez, como não acredita na própria capacidade, acaba adiando, procrastinando, criando toda uma situação para se auto sabotar e ter um resultado ruim. E na verdade se realmente tivesse agido, teria ótimos resultados.

Arrogância e simpatia

Além desses dois comportamentos gerais, se você sofre com a síndrome do impostor, é provável que você seja arrogante demais ou simpático demais. Ambos são mecanismos de defesa. O primeiro para afastar as pessoas e assim elas não conseguirem perceber a sua “farsa”. Já o segundo é para criar uma máscara ao que você realmente acha que é.

Nesse ponto, já ficou claro o quanto isso pode atrapalhar a sua vida, quantas oportunidades você pode perder e como você pode oprimir o seu potencial. Se te conforta, grande parte de nós, seres humanos, sofremos com isso e estamos grande parte do tempo tentando esconder nossa fragilidade e insegurança.

Mas precisamos aprender a lidar com isso. Não só para elevar ainda mais nossas habilidades e evoluir sem amarras, mas também para viver com qualidade.

O que fazer?

Acredito que o primeiro passo é não se comparar com ninguém. Você jamais saberá o que de fato aquela pessoa passa ou já passou pra chegar onde está e fazer as coisas como faz. Então é apenas injusto se colocar ao lado de algo que você não conhece de verdade. Jamais compare seus bastidores com o palco de outra pessoa.

O segundo passo é aceitar. Você jamais vai saber de tudo, sempre existe um degrau a mais, sempre vai ter como ser melhor. Então apenas tenha a consciência de que você está dando o seu máximo e melhore a cada dia.

O próximo passo é se conhecer, reconhecer o seu esforço e se valorizar. Ouça os elogios, se abra e aceite. Analise toda a sua história, todas as coisas boas que você já fez e o quanto evoluiu. E as coisas ruins? Não se martirize, apenas aprenda com elas e siga em frente.

O passo final é acreditar em você, no seu produto ou serviço, e partir para a ação! Mesmo com medo, faça o que deve ser feito! Mas seja íntegro, se tiver integridade, não existe nada que possa te parar.

O homem que pisou na lua

Neil Gaiman contou que sentiu essa sensação muito forte quando foi em um evento cheio de artistas, cientistas e inventores. Em uma conversa, Neil Armstrong disse a ele que estava se questionando sobre o que estava fazendo ali, em meio a tantas pessoas geniais.

Gaiman mostrou a Armstrong o quanto ele era bom e tudo que ele já tinha realizado, e isso o confortou. Automaticamente Gaiman fez a mesma reflexão e percebeu tudo aquilo que já havia feito, e assim se sentiu melhor.

Essa história não mostra apenas que grandes nomes também sofrem disso, mas trás um dica extra: converse com alguém próximo e deixe que essa pessoa te mostre o quanto você é bom, e se isso não for possível, faça isso com você mesmo. Pare um minuto e perceba o quanto você é incrível!

Eu acredito no teu poder, e você?

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