Rodolpho Carvalho
Rodolpho Carvalho
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2 min readFeb 27, 2019

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Eu criei um conjunto de regras que descrevem nossas reações às novas tecnologias:

1. Tudo o que já está no mundo quando você nasce é normal, corriqueiro e nada mais do que parte natural da maneira como o mundo funciona.

2. Tudo o que é inventado entre os seus 15 e 35 anos é novo, empolgante e revolucionário, e pode, inclusive, se tornar sua carreira profissional.

3. Tudo o que é inventado depois dos seus 35 anos vai contra a ordem natural das coisas.

Douglas Adams

A sociedade queer está passando por diversas transformações em como é vista perante os olhos da sociedade. Lembro que, quando eu era criança, existia apenas o bicha/boiola, gay e as sapatões — a primeira vez que ouvi que uma mulher era sapatão, eu olhei para os pés dela e todo mundo riu de mim. Quando eu tinha meus 12/13 anos, ouvi o termo GLS: gays, lésbicas e simpatizantes. Travecos também existiam, mas como transformista. Ou Lacraia.

Quanto mais a gente cresce e conhece o mundo, vamos entendendo que pessoas não seguem determinados rótulos e convenções. A vizinha tinha “virado sapatão por influência da irmã” ou “os homens a enganaram e agora eu prefiro mulher”. O amigo beija meninos e meninas. Alguém próximo diz que se identifica como mulher.

A bandeira LGBT / Foto: Benson Kua (CC 2.0)

No momento em que vi o trecho acima de Douglas Adams, relacionei com a minha vivência no mundo Queer/LGBTQ* e como eu vejo as pessoas mais velhas e mais novas próximas a mim se relacionarem com isso. Hoje estou com 26 anos e diversas coisas ainda estão sendo “inventadas”. Pessoas estão se empoderando de seus corpos e identidades. Pessoas estão indo às ruas pelos seus direitos. Isso vai ser normal para quem nasce agora. Os que nasceram antes acham tudo isso uma barbaridade, pensamento que pode, inclusive, passar para a próxima geração.

Espero que, quando eu chegar aos 35, eu não pense que tudo o que acontecer ali vá contra a ordem natural das coisas.

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Rodolpho Carvalho
Rodolpho Carvalho

Reflito numas coisas, escrevo outras e gosto de Coca-Cola.