O colapso não tem ideologia
Na histeria que quase sempre acompanha o debate político nas redes sociais do Brasil de hoje, um dos termos favoritos de quem apoia o capitão-candidato é a expressão venezuelização. Dizem que a esquerda, se posta de volta no poder, levaria a uma “venezuelização do Brasil”. A referência é em relação ao caos que vive nosso vizinho latino-americano sob o governo desastroso de Nicolás Maduro.
Mas, veja só. O que será que levou a Venezuela ao caos que vive hoje? O fato de ter um governo de esquerda ou o fato de ter um governo autoritário?
Precisamos entender que, em qualquer situação, o extremismo é sempre ruim. Seja ele de direita ou de esquerda. E em qualquer caso ele sempre vai levar as coisas a algum nível de colapso e descontrole.
Hugo Chávez e Jair Bolsonaro têm muito mais em comum do que se pensa. Em essência, acreditam em governar com alta militarização e autoritarismo. São, ambos, extremistas. A única diferença é que um era de extrema esquerda e outro de extrema direita. E mesmo isso, se analisado com uma boa lupa, pode revelar surpreendentes pontos em comum entre eles.
De certa forma, foram as políticas extremistas de Chávez (e depois de Nicolás Maduro), aliadas ao autoritarismo, que levaram a Venezuela ao descalabro econômico e social. É isso que, mais cedo ou mais tarde, o extremismo sempre acaba fazendo. E a história seria exatamente a mesma se o extremismo, o autoritarismo e o militarismo implantados naquele país fosse de direita.
A conclusão disso é que há mais risco do Brasil passar por um processo de “venezuelização” ao eleger um extremista de direita do que qualquer outro entre os que estão disputando a presidência. Simplesmente porque a “venezuelização” não é uma consequência de políticas de esquerda, mas o resultado de políticas extremistas e autoritárias promovidas por figuras antidemocráticas. É isso que leva um país ao colapso. E o colapso, meu amigo, não tem ideologia.
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