Conspirações do Marketing de Cervejas — Revisto e Ampliado.

Rogério Lima
Rogerio Lima
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4 min readSep 5, 2015

*Texto originalmente escrito no meu blog pessoal e que fiz questão de atualizar para começar a me aventurar pelo Medium.

O ano de 2011 e o ápice da audiência da Rede TV! trouxe muitas ousadias no mundo do Marketing. Na época, muito se falava sobre “as Thecas do Brasil“, apelido dado pelo Programa Pânico na TV para o “reality” com duas gringas, suportamente, vindas da República Tcheca e que eram apaixonadas pelo Brasil.

Porém, enquanto rolava toda essa papagaiada em cima das gringas e a superexposição que isso gerou, nos bastidores armavam-se uma mega “tocaia” para o lançamento da Proibidafugir dos padrões de “propagandas com 500 artistas abusando de sua influência e falando para você consumir uma cerveja nova e que você vai gostar dela“ ou, ainda, “Olha uma gostosa com a nossa cerveja na mão. Você bebe e enxerga ela!”. Mas era quase isso, em suma.

Capa do site da Proibida em 2011.

Alguns blogs influentes no ramo de assuntos etílicos e masculinos, secretamente, foram acionados para divulgarem um “vlog”, feito pelas gostosas que, de um modo muito sensual, arranhavam um Português malemolente. Acionados, como contou Ivo Neuman, de modo extremamente convincente e, supostamente, feito à mão pelas próprias gringas (Este link existente em 2011 e vários outros sobre o assunto que completavam este texto não existem mais. Desculpe). Mas, como não foi só ele que recebeu isso, PIMBA: vários blogs publicaram (talvez sem saber ou, ainda, sabendo mas não falando para ninguém) o tal vlog e a menção do e-mail. Até aí tudo bem. Às vezes somos enganados, de fato.

Mas a “tocaia” maior e o que foi sendo polemizado, foi a “adoção” do Programa Pânico na TV dessas beldades. Fernando Gravz, em seu blog (link não mais disponível, também), levantou a bandeira da “falsa ingenuidade” da produção do Pânico. Onde já se viu, gringas que tem outros nomes e outras nacionalidades terem sido “cuidadas” por eles como se fossem Michaela e Dominika, vindas da República Tcheca (País que, por sinal, é a terra natal da Cerveja Pilsen)? Como pode, também, ter sempre uma pessoa registrando tudo que elas faziam em foto e vídeo, em todas as alocações que o Pânico as levou (você pode observar isso no vídeo da própria Proibida revelando “as impostoras” — Infelizmente, o vídeo foi removido) sem ninguém saber? Estranhão, eu diria.

Rosana Hermann, para aumentou ainda mais a polêmica sobre se eles sabiam ou não dessa “treta” toda em um post não mais disponível, onde ela mostrou os indícios e citações ao “Proibido” durante toda essa adoção do Pânico com as Tchecas. Eu ainda creio, na minha opinião, que tudo foi contratualmente negociado e que, ainda, a CBBP (Dona da marca Proibida) tem ações (ou sociedade, como queira) de propriedade da própria Ambev, que é dona de quase tudo de marcas de cerveja e patrocinador Master do Pânico — Hoje posso confirmar com certeza: Não tem nenhuma ligação. Volto a falar disso mais à frente.

Tocaia ou não, especulação ou não, trollagem ou não, esta foi uma das maiores ações de Marketing de Guerrilha já presenciada pelos profissionais da área de comunicação. E, ainda, é certo que, quanto mais se tem polêmica ou até “mamilos” mesmo envolvidos na ação, mais repercutida ela é e mais espontaneidade de divulgação ela irá ter.

Os meus parabéns a todos os envolvidos.

UPDATE: Após longos anos e trazendo esse assunto à tona novamente, posso soar desatualizado. Porém, é sempre bom observar os fatos que ainda incomodam, e muito, a Companhia Brasileiras de Bebidas Premium, a CBBP a qual foi tão citada no texto.

Ponto 1 — A CBBP teve que amargar um bom processo aberto pela Ambev que, na ocasião, era a Patrocinadora Master do Panico na TV!, com a sua marca Skol. Ambas acordaram para um bem em comum;

Ponto 2 — A CBBP perdeu todo o seu timing e o hype gerado na ocasião por lançar a cerveja apenas em alguns Estados, como no ES e, TRÊS ANOS depois, em São Paulo e Minas Gerais — Leia este post, de 2014 para entender melhor.

Ponto 3 — A CBBP, com as suas outras marcas e também a Proibida, não conseguiram, até hoje, alcançar 1% do Marketing Share de cervejas no Brasil. Podem até tentar, mas dar de cara com a Brasil Kirin e a Ambev é, realmente, brincar de Davi com dois Golias.

Só pra refrescar, em 2005, 1% do Mercado de Cervejas equivaliam a 80 Milhões de Reais. Imagina hoje! E imagina o que a Ambev lucra tendo 70% disso tudo?

Espero que este texto sirva como teste (para mim) e como fonte de discussão (para você, caro leitor).

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Rogério Lima
Rogerio Lima

CEO da Seu Amigo Agência Digital. #Creator e Rei dos Projetos™ since 2003.