A experimentação no Rolê Antropológico

Ou sobre manter viva a ideia de que a cidade é nossa

Marcelo Perilo
Rolê Antropológico
2 min readMar 22, 2018

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Montagem a partir da obra “Avenida Paulista no dia de sua inauguração” (1981), de Jules Victor Martin.

Que tal um convite para experimentação de diferentes modos de sentir e ocupar as cidades?

O Rolê Antropológico: esse é o convite. Trata-se de um evento no qual a cada edição há um mergulho para estranhamentos e reconhecimentos das cidades onde é realizado. Esse convite corresponde a um experimento considerando-se duas características fundamentais.

  1. Trata-se de um evento no qual participantes são convidados a ser errantes, ou seja, são convidados a deslocarem-se pelo espaço. Essa errância é realizada prioritariamente a pé ou de bicicleta. Tal exercício demanda movimentação de corpos entre diferentes espaços, ou seja, demanda que se dê um rolê.
  2. Trata-se de um evento a ser vivido em grupo, pois assim cada participante pode compartilhar diferentes modos de ocupar a cidade e experimentar contato com diferentes pessoas. É um exercício para reconhecimento do outro e convivência com a diferença, ou seja, é um exercício antropológico.

Essa experimentação foi idealizada e intitulada como Rolê Antropológico pelos pesquisadores Eros Sester e Marcelo Perilo, que durante suas respectivas graduações, mestrados e doutorados pesquisaram sobre cidade e espaço urbano.

A parceria entre os pesquisadores para essa experimentação das cidades surge como oportunidade de divulgar conhecimentos geralmente acessíveis apenas a quem frequenta instituições de ensino superior. E, além disso, a realização do Rolê Antropológico surge como incentivo para que pessoas articuladas em coletivos reivindiquem a cidade e o direito à cidade.

Enquanto eles se batem, dê um rolê e você vai ouvir.

A experimentação de diferentes modos de sentir e ocupar as cidades é estimulada no Rolê Antropológico por meio de um desadestramento do olhar, do ouvir e do tocar. Em contraposição à caminhada cotidiana apressada, vadiar curiosamente pelo espaço. Em resistência à postura blasé, intensa afetação às pessoas e às relações.

A cada edição do evento, um grupo errante traça diferentes caminhos e discute sobre distintos temas a partir dos roteiros desenhados pelos pesquisadores. Cada participante recebe um caderno a ser preenchido, o que pode ser usado tanto como dispositivo para intervenção sobre o espaço quanto plataforma para registro de experiências e aprendizados.

Após meses de estudos e planejamentos iniciados em 2017, a primeira edição do Rolê Antropológico foi finalmente realizada em março de 2018.

Experimente conosco. Acompanhe no Medium os registros e reflexões sobre as próximas edições do Rolê Antropológico. Acompanhe também a programação dos eventos em nossa página no facebook. Venha mergulhar junto nas profundezas das cidades – sejam elas quais forem.

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