Anderson Thives, artista plástico | Ao fundo, Deborah Secco retratada em obra do artista | (Foto: Reprodução — Divulgação)

Cores de Anderson Thives

Rômulo Zanotto
Blog do Rômulo Zanotto
3 min readNov 18, 2016

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Nascido no Paraná e formado artisticamente em Curitiba, foi o Rio de Janeiro a terra que o artista plástico Anderson Thives escolheu para criar. Talvez porque o colorido radiante dos seus quadros combine mais com a luminosidade da capital carioca do que com os tons de cinza curitibanos.

Se Thives ainda vivesse em Curitiba, talvez só colocasse nos seus quadros, ton sur ton, 50 matizes desta mesma cor, uns por cima dos outros. Ficando assim mais para o sombrio de Tim Burton do que para o pop de Andy Warhol.

"Marilyn Monroe", de Anderson Thives | (Imagem: Reprodução)

Figura recorrente no mainstream das celebridades pop, as musas de Thives são frequentemente amigas e clientes. Ivete Sangalo, Cláudia Abreu, Viviane Pasmanter, Deborah Secco e Letícia Spiller são apenas meia dúzia das dezenas que inspiram e têm obras do artista. Que frequentam suas rodas e compram seus quadros. Presenteiam com ele também, tal como fez Ivete Sangalo com David Luiz no amigo secreto de Natal das celebridades do Fantástico, em dezembros passados.

O artista reproduz em sua obra imagens ou personas icônicas através de um minucioso trabalho de recorte com revistas. São cerca de cinco mil por obra. A grande dificuldade é encontrar o tom. Ao contrário de um pintor, que vai misturando as cores até obter a tonalidade que procura, Anderson precisa folhear várias revistas para encontrar a mesma fonte, a mesma cor, o mesmo tom. O resultado final é impressionante.

Com a série pornográfica, por exemplo, Thives justapõe universos antagônicos ao reproduzir ícones lúdicos de animação, como a Pantera Cor-de-Rosa, a partir de recortes de revistas pornôs. Ele reproduz, ressignificando.

"A Pantera Cor-de-Rosa", de Anderson Thives, realizada a partir de recortes de revistas pornográficas | (Imagem: Reprodução)

Misturadas à reprodução, à ressignificação e à intertextualização com a obra de outros artistas, como Andy Warhol, está também a apropriação e a representação de personagens icônicas da cultura brasileira, especialmente da nossa teledramaturgia. Como a série que expõe as vilãs de novelas. Representa uma apropriação e uma adequação aos nossos ícones culturais, da mesma significação usada por Warhol na reprodução dos astros hollywoodianos.

“Odete Roitman”, da série Vilãs | Obra de Anderson Thives | (Imagem: Reprodução)

Umas das coleção mais recente de Thives se chama Skull e retrata ícones da cultura pop representados em parte por seu rostos, em parte por suas caveiras. Pela primeira vez, as colagens do artista sofreram interferência de outros elementos: tinta spray, acrílica, lantejoula e glitter.

"Amy", da série Skull (Anderson Thives) | Pela primeira vez, as colagens do artista sofreram interferência de tinta spray, acrílica, lantejoula e glitter | (Imagem: Reprodução)

Com os novos materiais, “as obras ganham um destaque incrível na luz negra”, analisa o artista. “E a receptividade de quem acompanha o meu trabalho e da crítica foi a melhor possível.”

Ao ser indagado sobre a sensação de estar exposto nas paredes da casa de Madonna, Anderson mostra porque é o que é: “falando bem a verdade, prestígio mesmo é qualquer cliente que tenha, ou queira ter, uma obra minha”, responde. “É muita honra ter um trabalho desejado, por quem quer que seja”, finaliza.

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Rômulo Zanotto
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Escritor e jornalista literário. Autor do romance "Quero ser Fernanda Young". Curitiba.