10 livros para quem ama viajar

Uma lista bem variada de livros de viagem para todos os gostos.

Roteiros Literarios
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6 min readApr 2, 2020

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por Maria Fernanda Moraes

E m inglês, travel writing, aqui pra gente, é conhecido como Literatura de Viagem (para ficção) ou narrativa de viagem e jornalismo literário de Viagem (para não-ficção). Eu, particularmente, acho delicioso e bem democrático esse tipo de leitura. Hoje em dia você encontra formatos bem variados, como aqueles direcionados mais para o ensaio pessoal, ou com foco na natureza (o que pode incluir também esportes radicais e turismo de aventura, por exemplo), ou ainda voltado à jornada interior — quem não se lembra do best seller Comer Rezar Amar?

Fizemos uma lista bem variada de livros de viagem para todos os gostos:

Os Lusíadas, Luís de Camões (L&PM)

Bom, pra começar, vamos respeitar os clássicos, né? Esse épico português pode passar despercebido nessa categoria, mas ele é um dos mais clássicos livros de viagem.

Narra a trajetória de Vasco da Gama rumo às Índias, em plena euforia renascentista das grandes navegações. Camões traz uma mistura de fatos históricos e mitologia e exalta o heroísmo não só dos portugueses mas também da Europa que vivenciava na época a transição para a Era Moderna.

Viagens de um naturalista ao redor do mundo, volumes 1 e 2 (L&PM)

Para quem gosta da intersecção entre narrativa de viagem e outras especialidades, essa é a pedida. Este livro conta sobre a viagem feita em 1831, pelo naturalista britânico Charles Darwin a bordo do navio Beagle.

Durante cinco anos ele passou pela América do Sul, Terra do Fogo, Andes, ilhas Galápagos e Austrália. As anotações e observações dessa jornada foram fundamentais para a elaboração das teorias da evolução e seleção natural.

O grande bazar ferroviário, Paul Theroux (Objetiva)

Theroux é um dos autores mais conhecidos nesse gênero e tem vários livros nessa pegada, com cenários diferentes. Aqui, escolhemos falar sobre O grande bazar ferroviário, narrativa em que o autor sai de Londres rumo ao Extremo Oriente pontuando suas observações argutas com sutileza e ironia.

O trem é o meio de transporte que faz da jornada um trajeto inusitado, com situações que retratam a riqueza e a diversidade cultural das regiões por onde Theroux passa. Também vale ler A arte da viagem, do mesmo autor.

A arte de viajar, Alain de Botton (Intrínseca)

O autor associa o desejo de viajar para lugares distantes à busca da felicidade e faz uma reflexão sobre as motivações que levam o viajante a abandonar o conforto do lar e a enfrentar o desconhecido.

Em seu passeio pelo universo das viagens, Botton se desloca por Barbados, Amsterdã, Madri e o deserto do Sinai, examinando o sublime e o comezinho, descobrindo o lado exótico dos aeroportos estrangeiros e o discreto charme dos postos de gasolina de beira de estrada.

Passaporte para a China, Lygia Fagundes Telles (Companhia das Letras)

O livro reúne 29 crônicas que formam um diário de bordo, ambientado em várias cidades da China. Era o ano de 1960 quando delegações de todo o mundo participaram da festa do 11º aniversário do socialismo chinês e Lygia Fagundes Telles foi incluída no grupo brasileiro. Antes de embarcar, ela recebeu outra proposta — enviar relatos da viagem para o jornal ‘Última Hora’.

Daí surgiu o livro, que traz o olhar da autora sobre as paisagens, monumentos, roupas, costumes. Além das anotações de viagem, também há evocações literárias, recordações de infância e reflexões sobre o país natal. O livro conta ainda com um pequeno caderno de fotos tiradas durante a viagem.

Paratii, Amyr Klink (Companhia das Letras)

O livro nasceu das anotações do diário de bordo do navegador, acostumado a desbravar os mares sozinho. Ele relata sua viagem no final de 1989, a bordo do Paratii, seu veleiro, rumo ao continente gelado no extremo Sul e em seguida para as geleiras do Polo Norte.

Foram 50 mil quilômetros até chegar à Antártida e às geleiras do Ártico. Vale ler também Cem dias entre o céu e o mar, em que Klink narra a travessia de mais de 3500 milhas (cerca de 6500 quilômetros) desde o porto de Lüderitz, no sul da África, até a praia da Espera no litoral baiano, a bordo de um barco a remo.

Diários de Bicicleta, David Byrne (Amarylis)

Talvez você conheça David Byrne como o ex-líder à frente da banda de rock Talking Heads. Mas ele também é ativista e defensor do uso da bicicleta como meio de transporte nas grandes cidades, e descreveu suas experiências com a bike pelo mundo nesse livro.

Diários de bicicleta é a reunião de vários escritos do autor ao longo dos últimos anos de Berlim a Buenos Aires, de Istambul a São Francisco, de Manila a Nova York. Num estilo despojado que passeia entre ensaio, relato de viagens, diário pessoal e álbum de fotos, ele registra também suas reflexões sobre uma variedade de assuntos: política, filosofia, música, planejamento urbano, etc.

Colômbia Espelho América 26: Dos Piratas A García Márquez, Viagem Pelo Sonho da Integração Latino Americana, Edvaldo Pereira Lima (Clube de Autores)

Em formato de ensaio pessoal, o autor discute na viagem ao país vizinho, o tema subjacente da integração latino-americana.

A Colômbia e instantâneos de sua gente, seu filho ilustre Gabriel García Márquez, sua rica imaginação popular, seus épicos, seus dramas e dores. Mas também cores. Caribe. E o sonho de toda a América Latina, ali cultivado em vislumbres de altos ideiais, corroído pelo manto sombrio de grandes pesadelos.

Na Síria, Agatha Christie (Tinta da China)

Esta é a única obra não ficcional de Agatha Christie na coleção de literatura de viagens coordenada por Carlos Vaz Marques, na editora portuguesa Tinta da China.

Com o seu segundo marido, o arqueólogo Max Mallowan, Agatha viajaria um pouco por todo o mundo, participando nas suas escavações arqueológicas, mas nunca abandonando a escrita, nem deixando passar em claro a fonte de conhecimentos e inspiração que estas representavam.

Foi no deserto sírio que Agatha escreveu muitos de seus crimes e este livro é a memória de como ela foi inteiramente feliz ali.

Diário de viagem, Albert Camus (Record)

Publicado na França em 1978, este livro traz os relatos do filósofo existencialista em relação aos Estados Unidos (1946) e à América do Sul (1949), com uma passagem inclusive pelo Brasil.

Aqui, encontra-se com intelectuais, artistas e escritores, pessoas com as quais pode fazer observações sensíveis como o país é um lugar “onde os sangues misturam-se a tal ponto que a alma perde seus limites”.

Lembrou de algum que não está na lista? Deixe aqui nos comentários suas sugestões!

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