A Campinas de Rubem Alves

Um retrospecto biográfico sobre os anos em que o autor viveu na cidade do interior paulista

Roteiros Literarios
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13 min readOct 21, 2021

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por Leonardo de Lucas**

“Educador, filósofo, teólogo, psicanalista, pelo jeito, anarquista e um exímio provocador”, assim descreveu Antonio Abujamra sobre o seu convidado no programa de TV Provocações. Ao longo de seus 80 anos de vida, Rubem Alves (1933–2014) foi se constituindo como intelectual público e engajado a partir de reflexões que o levaram da religião à antropologia humanista, da escola à autonomia da aprendizagem, da epistemologia à crítica social e da filosofia à escrita sobre a vida. Rubem combinou todos esses elementos em sua prosa numa rara conexão de linguagem entre o acessível, o poético e a curiosidade acadêmica.

Pelo menos duas décadas antes de os pensadores Leandro Karnal, Mário Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Filho se tornarem astros da internet e do YouTube, Rubem Alves já percorria o país com palestras lotadas, dava entrevistas e participava nos principais programas da televisão brasileira, tinha colunas semanais em jornais de grande circulação e vendia e publicava livros como poucos. De todos os temas que percorrem os seus escritos, talvez a educação seja o seu grande interesse, mas outros igualmente relevantes gravitam os seus pensamentos, como a religião e a literatura, principalmente a infanto-juvenil.

Neste post, o Roteiros Literários traz um retrospecto biográfico sobre os anos em que Rubem viveu em Campinas. É na cidade do interior paulista que ele teve, ainda jovem, parte importante de sua formação teológica e crítica. Após percalços e andanças que o levaram a Minas Gerais e de lá aos Estados Unidos, retornou à região para integrar o corpo docente da Unicamp e desenvolver-se como educador e escritor.

Nascido em 15 de setembro de 1933, na cidade mineira de Boa Esperança, Rubem Alves passou parte da infância na zona rural. Seu pai, Sebastião, produtor de café, havia perdido muito dinheiro durante a Crise de 1929 e encontrava dificuldades para prover educação ao filho. Foi quando um missionário protestante apareceu na casa da família e ofereceu bolsas para o Instituto Presbiteriano Gammon de Lavras (MG). Depois, com a melhora financeira paterna, Rubem foi morar no Rio de Janeiro e lá estudou piano, inspirado por Alexander Brailowsky, até conhecer o seu conterrâneo prodígio, um menino de três anos que foi com a sua mãe visitá-lo: era Nelson Freire, que se tornaria um pianista de renome internacional.

Vendo que não tinha a vocação para o instrumento, o jovem estudante, ainda inseguro na escola, encontra conforto e acolhimento no seio da igreja. Em 1953, decide ser pastor e vai estudar em Campinas, no Seminário Teológico Presbiteriano, localizado na Avenida Brasil, 1200 (hoje parte dos prédios do Instituto Presbiteriano Mackenzie). Nessa época, não havia nenhum questionamento existencial ou algum interesse teológico. A escolha veio porque ele gostava da igreja e ela lhe dava uma confiança que ele queria transmitir às outras pessoas por meio de pregação.

O pai, que queria ver o filho médico, se surpreendeu com a decisão vinda de alguém tão crítico e intelectualizado. Mas Rubem não voltou atrás. Como outros alunos, foi morar nas instalações do Seminário. Essa proximidade diária proporcionou um convívio que foi cuidadosamente observado e refletido pelo olhar do jovem curioso. Após alguns anos, o seminarista começa a dar vida aos livros adormecidos na biblioteca. Num contexto de descobertas e de algumas crises, passou a se refugiar na mata de eucaliptos no fundo do prédio. Esse contato com árvores faria parte da vida do escritor.

Do contato que teve com os docentes, destaca-se a influência exercida pelo teólogo estadunidense Richard Shaull (reconhecido posteriormente por suas contribuições no desenvolvimento da gênese da Teologia da Libertação). Com ele, Rubem atuava em um projeto social em fábricas da capital paulista e também participava de encontros com padres dominicanos, o que era proibido na época. Esse despertar crítico ainda jovem teve papel fundamental para o modo como o escritor pensaria a religião dali em diante. Sua atividade pastoral estaria intimamente conectada aos mais necessitados.

Nesse ínterim, o escritor ainda resgataria a sua paixão pelo piano, obtendo em 1956, no Conservatório Carlos Gomes, a habilitação para lecionar aulas sobre o instrumento. Suas obrigações militares também o levaram a São Paulo, para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, onde progrediu até o posto de segundo tenente. Ainda no mesmo período, Rubem começou a namorar Lídia Nopper, que seria sua esposa. E, no ano seguinte, foi diplomado pastor e se tornou bacharel em teologia.

De Campinas, Rubem retorna a Lavras para assumir a posição de pastor na igreja presbiteriana. Torna-se professor de filosofia no Instituto Gammon, onde tinha sido aluno. O escritor se firma como referência na cidade e suas ações pastorais e docentes são muito reconhecidas pelos munícipes.

Rubem contemplando o ipê amarelo

Ao mesmo tempo, com a bagagem das leituras e com a prática junto à população, às suas reflexões sobre algumas questões teológicas e sobre as incoerências da igreja vão aumentando. É nessa cidade que o escritor irá se apaixonar pelos ipês. As fotos das copas floridas em contraste com o céu azul se transformam numa fonte de prazer imenso.

Em 1963, consegue uma oportunidade para estudar num programa de estudos religiosos e parte para Nova York, onde também faz mestrado numa instituição de ensino superior da Igreja Presbiteriana, a Union Theological Seminary. No ano seguinte, Rubem retorna preocupadíssimo com a situação política e a escalada autoritária do Golpe Militar. Continua desenvolvendo suas discussões teológicas numa abordagem humanística, focada na reflexão dos problemas socioeconômicos. Diante da situação complicada que encontra, volta para Campinas e fica morando na casa dos pais da esposa, na rua Moraes Salles, 308, sem saber se corria risco de ser preso pela ditadura.

Um movimento reacionário surge no interior das instituições presbiterianas e muitas acusações contra determinados pastores e docentes se intensificam. Há uma espécie de expurgo de membros e as publicações de informativos e jornais da igreja são cuidadosamente reorganizadas. Rubem volta para Lavras e queima seus livros que poderiam ser considerados perigosos pelo regime. Nesse cenário de perseguição, é fichado como subversivo moderado pela polícia. Diante da dimensão dos problemas que enfrentava, o escritor retira-se do ministério.

A situação sufocante o leva novamente aos Estados Unidos, dessa vez por um tempo maior, alguns anos de exílio. Escapa por sorte de uma ação policial que ia prendê-lo junto com outros listados como “colaboradores de comunistas”. Rubem vai morar em Princeton para fazer doutorado no Princeton Theological Seminary. No período, também leciona no Seminário Teológico de Nova York, onde fez o mestrado. Em 1968, obtém o título de doutor em filosofia com a tese: Towards a Theology of Liberation (publicado como A Theology of Human Hope e depois traduzido para vários idiomas).

No ano seguinte, volta ao país sem perspectivas sobre o futuro. Cogitou até ser vendedor da Enciclopédia Britânica. Mas estava decidido: não sairia mais de Campinas. Após algumas sondagens de emprego, começa a dar aulas de filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro. Nesse período, Rubem alugou uma casa na rua Pereira Passos, no bairro Guanabara. Para aumentar a receita, retorna ao piano para lecionar. Em 1971, ficaria por mais um ano em Nova York para dar aulas na Union Theological Seminary.

Com o final da temporada nos Estados Unidos, começa a carreira de professor-adjunto na Faculdade de Educação da Unicamp. Em pouco tempo, morou em dois endereços diferentes: rua Prefeito Passos, 237, e depois na rua Frei Manoel da Ressurreição, 1439, perto do Seminário Presbiteriano. Com o nascimento de Raquel, sua filha mais nova, Rubem mergulha de cabeça no mundo infantil, contando histórias inventadas para ela dormir. Daí virá a inspiração para escrever muitos livros infantis e também para ampliar suas experiências na escrita sobre temas mais universais e sem as amarras do jargão acadêmico que depois o tornariam muito conhecido.

Nessa época, passa a ocupar o cargo de professor titular de filosofia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e de professor titular de educação na Faculdade de Educação, ambos na Unicamp. Na universidade, exerce várias funções em associações, conselhos e diretorias docentes. Sua atuação e suas pesquisas e reflexões o levariam a discordar da metodologia e da avaliação dos alunos. Em determinado momento, seus questionamentos se dirigem à própria instituição e o modo como ela organizava o vestibular. Ante a sua luta, a Unicamp inicia um processo próprio de seleção e inclui dentre as avaliações a prova de redação.

Entre o fim dos anos 1970 e o início dos 1980, Rubem aumenta a sua produção escrita e sua projeção para públicos para além do meio universitário. Em 1979, é convidado pela Nobel Foundation para ir a Genebra proferir a palestra “The quest for Peace”. No período, lança livros sobre filosofia das ciências e sobre religião. A partir de 1981, começa a escrever artigos à Folha de São Paulo e algum tempo depois também inaugura a sua coluna no Correio Popular, de Campinas. Muito convidado por instituições de ensino estrangeiras, organiza uma temporada de aulas e palestras na Inglaterra e na Itália.

Quando a proximidade da aposentadoria chega, volta a estudar e faz um curso de psicanálise na Sociedade de Psicanálise, em São Paulo. Depois de formado passa a clinicar na cidade no endereço onde morava na época: rua Frei Antônio de Pádua, 1521. Em 1995, torna-se professor emérito do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência da Unicamp. Um ano depois, recebe o título de cidadão campineiro pela contribuição cultural à cidade, assim como, também se torna membro da Academia Campinense de Letras.

Na mesma época, o escritor funda com o seu filho o Restaurante e Bar Dalí. Localizado no endereço já mencionado, rua Frei Antônio de Pádua, 1521, o espaço todo decorado com pinturas de Salvador Dalí era dedicado aos amantes da arte e da boa gastronomia. Rubem adora o ambiente e passa ali bons momentos com amigos e familiares. Atualmente, onde se encontrava o restaurante está o Residencial Rubem Alves, um edifício com muitos andares e apartamentos (em frente estão os prédios da Universidade Mackenzie e do Seminário Presbiteriano que nos anos 1950 receberam o jovem Rubem).

Durante esse período, o autor monta um grupo de intelectuais e leitores que transita pela música, pela literatura e pelo cinema chamado “Os canoeiros”. As reuniões ocorrem na casa do escritor, às terças à noite, no lugar chamado por ele de Terceira Margem do Rio (todas as referências em homenagem a Guimarães Rosa). Lê-se muita poesia e as conversas entre psicanalistas, médicos, engenheiros, artistas, donas de casa e estudantes criam um ambiente especial de muitas trocas. Desses encontros surge a Agenda Rubem Alves, que resulta em encontros marcantes com a poetisa Adélia Prado.

Alguns anos depois, Rubem adquire um sítio em Pocinhos do Rio Verde, no interior de Minas, perto da divisa com São Paulo (Vale da Pedra Branca), chamado Mar de Minas. Lá instala um balanço e instiga/incentiva os convidados a usufruírem da deliciosa sensação:

[…] balanço é um excelente remédio para a depressão. Por experiência própria. Bastava que eu me balançasse para que a tristeza sumisse. Balanço e tristeza são incompatíveis. […] Nos parques infantis os balanços são só para crianças até doze anos de idade. Sinto-me excluído.

Dos anos 2000 para frente, o seu nome passa a ser muito relacionado ao da educação, principalmente pela forma inusitada e original que ele abordava o tema. Sua passagem pelo programa Roda Viva, em 2003, é marcante para se ter um resumo do que Rubem pensava sobre os problemas e as possíveis soluções para revolucionar o ensino e o aprendizado no país. Uma das críticas mais frequentes do educador era sobre a tirania do vestibular: “o sorteio seria mais justo”. Também dizia que odiava a expressão grade curricular e que esta só poderia ter sido cunhada por um carcereiro.

Outro enfoque era sobre como a escola desestimula a curiosidade dos mais jovens: “é uma máquina de destruir crianças. Nas escolas, as crianças são transformadas em adultos. É isso que todos os pais querem: que seus filhos sejam produtivos”. Na sua visão, a instituição de ensino tentava acabar o inacabado e repetia, em contraponto a isso, que a atividade educativa tinha a ver com alegria, com prazer e com espanto. “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Deixaram de ser pássaros porque a essência dos pássaros é o voo”.

O seu reconhecimento como educador o leva a escrever mais e mais, ampliando as incursões que já fazia na literatura infanto-juvenil, nas reflexões sobre a vida e sobre a religiosidade. Suas palestras disputadíssimas percorrem todo o território nacional. Torna-se personalidade requisitada em programas de TV como o Programa do Jô, o Mais Você, Aqui entre nós, Jogo de Ideias, Sempre um papo, Provocações, entre outros. Mas, ao longo de suas atividades na escrita e nas apresentações, a reclamação sobre o cansaço muscular é recorrente. Em 2012, numa consulta com uma neurologista descobre que estava sofrendo do mal de Parkinson.

Ainda assim, fez uma ou outra palestra e continuou a escrever, mas, daí em diante, sua condição foi piorando. Em 10 de julho de 2014 é internado no Centro Médico de Campinas devido a um quadro de insuficiência respiratória resultante de uma pneumonia agravada. Nove dias depois, em decorrência das complicações, teve falência múltipla de órgãos. Seu corpo foi velado no plenário da Câmara Municipal de Campinas. A pedido do escritor, seus restos mortais foram cremados em Guarulhos e suas cinzas espalhadas aos pés de um ipê amarelo.

Em Rubem Alves, o Professor de Espantos, documentário feito pela TV Câmara, o autor, quando questionado para resumir quem era, lembra-se que o poeta estadunidense Robert Frost escolheu para o seu epitáfio a seguinte frase: “ele teve um caso de amor com a vida”. Dizendo sobre si mesmo, ele acrescenta: “eu tive um caso de amor com a vida”. Essa síntese dialoga com outra expressão muito citada por Rubem: tempus fugit…carpe diem (o tempo está fugindo, colha o dia), “o tempo foge, urge gozar o dia”.

Rubem Alves escreveu 160 livros de ficção e não-ficção, publicados em 12 países. Dentre os quais, dois livros autobiográficos: O velho que acordou menino, sobre a sua infância, e O sapo que queria ser príncipe, que percorre a adolescência e a juventude; Ostra feliz não faz pérola, segundo lugar do Prêmio Jabuti na categoria de Contos e Crônicas de 2009; Entre a ciência e a sapiência, o título mais vendido; e Transparências da eternidade, que ganhou a Medalha de Montaigne do Eric Hoffer Award de 2012.

Um lugar muito especial em Campinas e que fazia parte da vida de Rubem era o Centro Experimental Central — Fazenda Santa Elisa do Instituto Agronômico de Campinas, localizado na avenida Dr. Theodureto de Almeida Camargo. Nesse ambiente bucólico, o autor fazia suas caminhadas, refletia sobre a vida e pensava sobre os seus projetos de escrita. Gostava de percorrer o espaço sozinho, aproveitando o ar fresco e a sombra das árvores. O ambiente tinha uma aura sagrada para ele e até os últimos anos, o escritor continuou a visitá-lo.

Os restaurantes mais frequentados por Rubem na cidade eram: Restaurante Bem Bom (rua Dona Joana de Gusmão, 50), Churrascaria Sorriso (rua Dr. Miguel Penteado, 953), Bráz Pizzaria (Avenida Benjamin Constant, 193), Cantina Fellini (Avenida Cel. Silva Telles, 514), Confeitaria Romana (Av. Cel. Silva Telles, 463) e o Giovanetti (rua Padre Vieira, 1277), assim como o seu próprio restaurante, o Dalí. Nos últimos anos de vida, o autor viveu no Residencial Torres do Castelo, na rua Dona Rosa de Gusmão, no bairro Jardim Chapadão.

Seus escritores e pensadores favoritos eram: Guimarães Rosa, Adélia Prado, José Saramago, Manoel de Barros, Albert Camus, Jorge Luis Borges, Fernando Pessoa e Friedrich Nietzsche. Algumas de suas frases conhecidas: “ler é fazer amor com as palavras”, “saudade é o revés do parto, é arrumar o quarto para o filho que já morreu”, “Deus deu asas, mas as religiões inventaram as gaiolas”, “não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses”, “amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar”.

Não desejo que você simplesmente entenda o que escrevo. Entender é um ato racional. O que eu desejo é que o meu texto seja comido antropofagicamente. Quero que você sinta o meu gosto. Desejo que os meus leitores, ao lerem meus textos, fiquem com olhos semelhantes aos meus. Assim, eles verão o mundo da forma como eu vejo e as palavras se tornarão, então, desnecessárias.

No início de 2020, leitores, intelectuais e brasileiros em geral ficaram chocados com a divulgação de um memorando da Secretaria de Educação de Rondônia que continha uma lista de livros que deveriam ser recolhidos das escolas por conterem “conteúdos inadequados” a crianças e adolescentes. Entre os nomes dos autores estavam: Caio Fernando Abreu, Ferreira Gullar, Carlos Heitor Cony, Mário de Andrade, Machado de Assis e até Franz Kafka. Uma observação apartada se dirigia exclusivamente ao escritor mineiro: “Todos os livros de Rubem Alves devem ser recolhidos”.

Após ganhar as redes sociais e os jornais, o governo voltou atrás e desconversou sobre os propósitos do documento. No entanto, infelizmente, a lista representa e exemplifica ações que se tornaram cada vez mais corriqueiras neste avanço autoritário e reacionário do país, principalmente com relação à cultura.

Sobre o Instituto Rubem Alves

Fundado em 11 de outubro de 2012, o Instituto Rubem Alves, localizado na rua José Antônio Pinto Borges, 48, atua nas áreas de educação, literatura, estímulo à leitura e também na preservação do acervo editorial construído pelo autor.

Abriga eventos e encontros como o Movimento Rubem Alves: Saberes e Sabores, realizado sempre em setembro.

**Esse texto foi escrito com base nos dados da biografia É uma pena não viver, de Gonçalo Junior, e nas informações fornecidas pelo Instituto Rubem Alves por meio de Maria Amélia e Raquel Alves (filha do escritor).

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