A Itabira de Drummond
‘Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira’; conheça a cidade natal do poeta em MG
Por Maria Fernanda Moraes
Os primeiros versos de Confidência de um Itabirano dizem muito sobre o aspecto memorialista nos poemas de Carlos Drummond de Andrade:
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira”.
Essa fase memorialista vem sempre ligada à Minas Gerais, à sua cidade natal e à infância, partindo desse tempo e desse espaço para uma universalidade:
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!”
Mas apesar de ser o poema mais conhecido, Confidência de um Itabirano não é o único que fala de sua cidade natal.
Em Vila da Utopia, o poeta conta sobre a evolução da cidade: a Itabira setentista, da época do ouro; a do século 19 quando surgiu como freguesia em 1827 até se estabelecer como cidade, em 1848; a Itabira que ficou famosa pelo minério de ferro.
Em Documento, ele também aborda o passar do tempo e a mudança na cidade “o tempo futuro que secou as esponjeiras e ergueu pirâmides de ferro (…) Os sobrados sem linguagem”.
Para eternizar alguns dos pontos citados nos poemas do seu filho mais famoso, Itabira mantém um museu, o Museu de Território Caminhos Drummondianos
É uma espécie de museu a céu aberto que começou a funcionar a partir de 1997, quando 44 placas-poemas foram distribuídas por diferentes pontos da cidade, identificando os locais citados nos poemas.
O percurso é guiado por monitores que abordam os temas e conteúdos e pode ser acompanhamento por artistas locais que declamam os poemas durante o passeio.
Alguns lugares que aparecem na rota são a casa onde Drummond morou durante a infância, que foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), mas não se transformou em museu. É uma espécie de espaço de cultura onde se organizam oficinas e eventos ligados ao autor.
Além disso, estão o Memorial projetado pelo arquiteto e amigo Oscar Niemeyer e o Centro Cultural Fazenda do Pontal, onde o poeta viveu parte de sua infância.
Outros locais peculiares: Praça do Areão, Rua Santana (Penha), Casa do Brás (Centro), Museu de Itabira (Centro), Igreja Nossa Senhora do Rosário (Penha), Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Centro), entre outros.
Serviço
Distância total do Caminhos Drummondianos: 7km.
Grau de dificuldade do percurso: Fácil.
Telefone para contato: (31) 3835–2156
Casa de Drummond: (31) 3835–3894
Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade: (31) 3835–2102
Centro Cultural Fazenda do Pontal: (31) 3835–2559
Memorial Carlos Drummond de Andrade: (31) 3835–2156
Horário de funcionamento: De terça a sexta-feira, das 9h às 18h.
Sábados, domingos e feriados, das 9h às 15h.
Memorial Carlos Drummond de Andrade
Não bastasse o projeto ser desenvolvido por Oscar Niemeyer, que era grande amigo de Drummond, o Memorial fica localizado num dos pontos mais altos da cidade, conhecido como Pico do Amor, presenteando os visitantes com uma vista panorâmica de Itabira.
O lugar é cenário de um dos poemas de Drummond, “Ausência”. Sentado num banco, tal qual em Copacabana, uma estátua do poeta recepciona quem chega até lá para conhecer mais detalhes e preciosidades de sua vida.
O acervo mantido ali foi doado pela Fundação Cultural do Banco do Brasil, pela biblioteca da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, familiares e amigos.
Estão expostos, por exemplo, a primeira máquina de datilografia do poeta-cronista; uma coleção de cartas recebidas de grandes autores e familiares; prêmios literários e obras de artes feitas em sua homenagem.
Uma das curiosidades pessoais do poeta que o memorial guarda são as três recomendações da mãe de Drummond: um papelzinho que o poeta levava na carteira com alguns conselhos dados por sua mãe e escritos à mão por ele mesmo:
1- Não guardes ódio de ninguém
2- Compadeça-te sempre dos pobres
3- Cala-te ao defeito dos outros
Numa das salas do memorial de parede vermelha, estão expostas as fotos de família do poeta na época em que viveu no Rio de Janeiro. Há momentos com a esposa, que também era escritora, com a filha e com os netos, além de fotos com amigos escritores, como Manuel Bandeira.
Na área externa, um monumento exibe uma placa de concreto saindo de um espelho d´água, com o poema “Confidência do Itabirano”.
Inaugurado em 31 de outubro de 1998, o memorial ocupa uma área de dois mil metros quadrados. No local encontra-se sala de projeção, galeria de exposição, sala de pesquisa e estudo, banheiros e cantina.
Serviço
Telefone para contato: (31) 3835–2156
Horário de funcionamento: De terça a sexta-feira, das 9h às 18h.
Sábados, domingos e feriados, das 10h30 às 16h30h.
Assista ao tour virtual disponibilizado pelo portal Viva Itabira:
Itabira: como chegar
Itabira fica a 105km de Belo Horizonte, capital do estado. Além de ir de carro, é possível chegar a Itabira por meio de ônibus ou trem:
— Rodoviária Genaro Mafra (Rua Água Santa, 15, Centro. Tel (31) 3831–3379
— Estação Ferroviária Desembargador Drummond Ferroviária (Avenida Mauro Ribeiro, 110, Major Lopes. Tel (31) 3831–4550
PARA LER
- Sentimento do Mundo, Carlos Drummond de Andrade (Companhia das Letras)
- Claro Enigma, Carlos Drummond de Andrade (Companhia das Letras)
- A Rosa do Povo, Carlos Drummond de Andrade (Companhia das Letras)
- Alguma Poesia, Carlos Drummond de Andrade (Companhia das Letras)
- Antologia Poética, Carlos Drummond de Andrade (Companhia das Letras)
Originally published at http://novo.roteirosliterarios.com.br on October 31, 2014.