A rota dos quadrinhos em Bruxelas

Roteiro inclui museus da HQ, de Hergé e de bonecos e o mapa de murais com comics espalhados pela cidade.

Roteiros Literarios
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5 min readSep 13, 2021

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por Andréia Martins

Hergé (Tintim), André Franquin (Marsupilami, Spirou e Fantásio, Gaston), Peyo (Smurfs), Morris (Lucky Luke), Willy Vandersteen (Suske en Wiske), Maurice Tillieux (Gil Jourdan) e Marc Sleen (Nero). Essa pequena lista de autores belgas de quadrinhos já explica porque Bruxelas é chamada de a capital dos quadrinhos.

Visitei Bruxelas em 2019. Uma cidade que achei que fosse me cativar pelo lado cultural, a cidade toda organizada parecendo aqueles brinquedos antigos com blocos de montar casinhas com tijolinhos, mas a falta de sorte com a hospedagem e a dificuldade em entender a cidade (francês para todos os lados não me ajudou) tornaram a experiência um pouco desanimadora. Nessa hora, só as boas companhias para salvar a viagem.

Nem tudo foi em vão também. Um dos pontos altos foi a visita ao Museu da História em Quadrinhos (lá chamado de Centre Belge de la Bande Dessinée ou CBBD). Logo na entrada, quem nos recebe no prédio art noveau que abriga o museu são os Smurfs. Já um sinal de que as próximas horas (isso mesmo, horas) serão divertidas.

O museu reúne mais de 6.000 obras originais e abriga exposições permanentes e temporárias. Se a ideia é fazer a gente se sentir dentro de um gibi ou graphic novel, eles conseguiram. Uma dica para quem vai ao CBBD pela primeira vez: reserve tempo. Você fica facilmente horas lá dentro, dado o vasto material exposto.

Na primeira parte do museu há uma exposição permanente chamada “The Invention of Comic Strip” (A invenção dos quadrinhos), dedicada ao processo de criação dos quadrinhos — desde as suas primeiras ideias, formato visual até chegar ao papel impresso. Muito do que encontramos por lá foram obras recuperadas de editoras e que se não estivessem ali provavelmente teriam se perdido em uma lixeira qualquer.

A próxima exposição permanente, “The Art of Comic Strip” (A arte da história em quadrinhos) explora as expressões dos quadrinhos, seus gêneros, estilos e formatos. É um passeio pela história dos quadrinhos sejam eles políticos, cômicos, ficcionais, e de diferentes países (lembre-se que eu disse que você vai precisar de tempo).

Há também uma parte dedicada aos autores belgas, com uma breve biografia de cada um e a apresentação de alguns de seus principais trabalhos, entre eles, Hergé (que tem um museu só seu em outra cidade, há uma horinha de Bruxelas).

Os Smurfs também têm um espaço para chamar de seu no local. Na verdade, o painel com 100 retratos dos personagens de Peyo (Pierre Culliford) são das primeiras coisas que você nota ao chegar lá dentro. A exposição, também permanente, reúne uma infinidade de informações e documentos pouco conhecidos sobre o autor, completa com reproduções altamente realistas da casa dos Smurfs e várias miniaturas deles.

Além das exposições permanentes, outras acontecem paralelamente. Na minha visita, uma delas era “Boule et Bill”, criada em 1959 pelo escritor e artista belga Jean Roba, em colaboração com Maurice Rosy. Roba pertencia ao grupo “escola Marcinelle”, grupo de cartunistas belgas formado por Joseph Gillain (conhecido como Jijé) após a Segunda Guerra Mundial. Nas criações, os autores tratavam de transmitir a impressão de movimento.

Os cartunistas da escola estavam associados à revista Spirou, uma das principais publicações de quadrinhos na Bélgica. A revista foi lançada em abril de 1938 e, ao lado de Tintin, sobreviveu à guerra e se tornou celeiro de novos talentos. A série de Roba foi uma das novidades da revista — que estava em busca de novos nomes — nos anos 1960 Spirou também teve que apresentar novos artistas e séries para preencher as páginas e manter tornando-se a maior nova série da década da publicação.

OUTROS LOCAIS PARA VISITAR

MUSEU DO HERGÉ

O museu do Hergé fica na cidade universitária Louvain-la-Neuve, a uma hora do centro de Bruxelas. Você pode ir de trem combinando o ingresso do museu. A ideia do local é apresentar a vida e obra de Georges Remi e seus diversos trabalhos e criações para além das “Aventuras de Tintim” — Tintim está lá, mas os idealizadores do museu quiseram mostrar que o autor era mais do que o criador desta HQ , como seus trabalhos de ilustração, de publicitário e grafismo. Uma das descobertas que o passeio proporciona é a influência do cinema no trabalho de Hergé.

MOOF MUSEUM

Criado em 2012, o museu MOOF abriga uma coleção de bonecos e miniaturas de personagens de quadrinhos. Há exibições temporárias, mas o local tenta trazer novidades a cada seis meses. O local fica perto do Museu de História em Quadrinhos (no máximo 15 minutos a pé), ou seja, você pode tirar um dia para fazer o roteiro comics em Bruxelas :)

ROTA DOS QUADRINHOS: MAPA INTERATIVO

Em Bruxelas há, de fato, quadrinhos pelas paredes. E não só quadrinhos. São vários os prédios com grafites principalmente na região mais central (leia-se turística) da cidade.

Para você não perder os comics espalhados pela cidade, o Visit Brussels tem um mapa interativo com o qual você pode se programar:

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