Antônio Maria e os excessos
As andanças do escritor pelo Recife e pelo Rio de Janeiro
Por Ana Paula Campos
O cronista, jornalista e compositor recifense Antônio Maria (1921–1964) não era dado a restrições. Comia demais, bebia demais, amava demais. Em 1940, mudou-se para o Rio de Janeiro, mas, por questões profissionais, só se fixou na cidade de vez em 1947.
Suas observações bem como a própria vida são metonímias da boemia carioca dos anos 1950. Bares, restaurantes, boates, cabarés — Maria integrava a elite intelectual e freguesa de Copacabana. E foi ali que morreu, em 1964, de um enfarte fulminante aos 43 anos.
O escritor autointitulou-se um “cardisplicente” — neologismo para cardíaco e displicente. Mas dizem que, na verdade, o cronista morreu de amor (ainda sofria pela separação de Danuza Leão). Para quem conhece um pouco do seu trabalho não convém duvidar.
Abaixo, um pouco da história de Antônia Maria pelas ruas do Recife e do Rio de Janeiro.
RECIFE
CASA ONDE NASCEU
Antônio Maria nasceu em 17 de março de 1921 num sobrado na Rua da União, 8, no bairro da Boa Vista. Coincidentemente, a mesma rua foi homenageada por Manuel Bandeira no poema Evocação do Recife. Isso porque ele costumava passar a infância na rua, na casa do avô.
GAMBRINUS
Adolescente, Maria já frequentava o bar Gambrinus, fundado em 1930 e considerado hoje o bar mais antigo da cidade. Localizado na zona portuária do Recife Antigo, na Avenida Marquês de Olinda, 263, é ponto recorrente de boêmios.
CIRCUITO DA POESIA
No centro antigo do Recife, na Rua do Bom Jesus (também conhecida por “rua dos Judeus”) está a escultura de Antônio Maria, que faz parte do Circuito da Poesia. Também por ali, no número 163, está o bar Espaço Antônio Maria.
RIO DE JANEIRO
EDIFÍCIO SOUZA
Dorival Caymmi abrigou Antônio Maria e o compositor e jornalista Fernando Lobo em seu apartamento na rua do Passeio, na Cinelândia. O piso 1005 do Edifício Souza, localizado entre o antigo Cine Palácio (número 38,40) e os Arcos da Lapa, foi a primeira morada do cronista recifense na capital fluminense.
BOATE VOGUE
A Vogue foi a mais importante boate da cidade entre os anos 1940 e 1950, localizada na Avenida Princesa Isabel, 23. Reunia boa parte da elite carioca e era um dos destinos previsíveis dos grandes amigos Antônio Maria e Vinicius de Moraes. Em 1955, um incêndio destruiu o espaço e deixou cinco mortos. Hoje, no lugar há prédios e estabelecimentos comerciais.
ANTIGO LE ROND POINT
Maria estava em frente ao antigo restaurante Le Rond Point quando sofreu o enfarte. Morreu ali mesmo, na calçada da rua Fernando Mendes, esquina com a Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Hoje, no lugar do restaurante há uma agência dos Correios.
Originally published at roteirosliterarios.com.br on May 20, 2014.