Livros dos Viajantes #1: Casa Rodante

O casal Amanda Palma e Vinícius Guerra compartilha com a gente a sua “bagagem literária”.

Roteiros Literarios
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3 min readNov 10, 2019

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por Maria Fernanda Moraes

O Roteiros Literários acredita que uma boa viagem pede a boa companhia de um livro. Na coluna Livros do viajante, quem coloca o pé na estrada compartilha aqui um pouco da sua “bagagem literária”.

Os livros na bagagem do casal

Quem estreia a coluna é o casal Vinícius Guerra e Amanda Palma, do projeto Casa Rodante. Os dois produtores de vídeo são do Rio Grande do Sul e viveram um bom tempo na cidade de Caxias do Sul. Viajar sempre foi rotina, mas eles perceberam que isso era mais do que um hobby.

Agora a missão dos dois é viajar pelo Brasil e documentar pessoas e lugares que encontram. Para viabilizar a empreitada, em cada escala eles trocam seus serviços de videomaker por hospedagem.

“Foi através do projeto Casa Rodante que encontramos uma forma de viabilizar essa experiência, unindo a criação audiovisual e as viagens”, conta Amanda.

“Ao longo do caminho vamos buscando histórias, personagens e cenários para documentar nossas impressões e emoções e também utilizamos nosso trabalho de vídeo e fotografia que realizamos para os hostels para garantir muito da nossa hospedagem”.

Para ela, colocar o pé na estrada significa desapego e amor. “Viajamos de coração aberto e o que mais encontramos são pessoas incríveis e bondosas. Essa vivência nos ensina que quanto mais leves nos movimentarmos, mais longe poderemos ir”.

O casal Vinícius e Amanda, que viaja pelo país de forma colaborativa, trocando serviços por hospedagens. Os dois trabalham com audiovisual e documentam histórias de pessoas e dos lugares por onde passam

Nesse ritmo intenso de viagens, os livros são companhia constante. A literatura Beat sempre inspirou Vinícius por envolver uma pegada de liberdade de forma e expressões embaladas por jazz e sentimentos intensos.

Hoje ele gosta “de uma literatura autobiográfica que possibilita que a ficção seja arrematada com doses poderosas de realidade”. Amanda tem se dedicado aos estudos acadêmicos sobre cinema e documentário, mais especificamente sobre a questão da mulher e suas representações, neste contexto, entre seus preferidos estão autores como Susan Sontag e Deleuze.

Quando falou com o Roteiros Literários, no final de 2014, Amanda e Vinícius estavam na Amazônia. Abaixo, revelaram o que levam na bagagem literária para perambular pelo Brasil:

Trouxemos para viagem 3 livros. Cada um trouxe um. Vinícius está lendo A viagem de Bediai, o selvagem. O livro é uma ficção inspiradas nas vivências do próprio autor, Edilson Martins, que dedicou a sua vida aos índios e a selva amazônica. Amanda trouxe o livro A Dominação Masculina, de Pierre Bordieu, um estudo antropológico sobre a construção de gênero em nossa sociedade. O livro em comum é Eles eram muitos cavalos. Foi uma indicação que a Amanda recebeu em aula, que se trata de um ensaio experimental do autor Luiz Ruffato.

PARA LER

· A Viagem de Bediai, O Selvagem, livro do jornalista acreano Edilson Martins, foi lançado em 2014 e fala sobre o choque cultural nos anos 1970, entre a chegada das chamadas frentes pioneiras em contato com os povos indígenas da Amazônia. O autor, que tem outros livros sobre o tema, aqui narra uma história de ficção que envolve personagens reais, como os sertanistas Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-Bôas (irmãos), o sindicalista e ativista ambiental Chico Mendes, o antropólogo e político Darcy Ribeiro, entre outros.

· A Dominação Masculina (Bertrand Brasil), o sociólogo francês Pierre Bordieu, que destacou em seus estudos as relações sociais e as diversas formas de dominação existente nelas, avalia como essa dominação do masculino sobre o feminino acontece.

· Eles eram muitos cavalos (Boitempo; Companhia das Letras), de 2001, é o primeiro livro do escritor Luiz Ruffato. Nele, o autor busca desvendar São Paulo, com histórias de seus personagens e da própria cidade.

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