O refúgio de Balzac
Para quem quer conhecer um pouco mais sobre o local onde o escritor produzia seus textos, basta estar em Paris, na França.
por Andréia Martins
Embora não esteja mais presente em corpo, os textos, críticas e provocações do escritor francês Honoré de Balzac (1799–1850) permanecem vivos e atuais. E para quem quer conhecer um pouco mais sobre o local onde o escritor produzia seus textos, basta estar em Paris, na França.
É lá que está a Maison de Balzac, uma casa-museu localizada na Rua Raynouard, 47, no distrito residencial de Passy, perto do Bosque de Bolonha (Bois de Boulogne). Lá ele viveu entre 1840 e 1847 e escreveu suas histórias de A Comédia Humana, nome que ele deu a sua obra completa, como os livros Cenas da Vida Provinciana, Um Caso Tenebroso e Prima Bette.
A casa modesta foi adquirida pela cidade de Paris em 1949 e transformada em um museu. É um dos três museus literários da capital francesa e a única morada de Balzac ainda de pé. Curiosamente, foi alugada pelo escritor usando o nome de sua então governanta.
Ali, o visitante encontra lembranças pessoais do escritor e de sua família — como a mesa e cadeira da escrivaninha do autor, que foi restaurada-, edições originais, manuscritos e ilustrações, além de pinturas, gravuras e documentos sobre seus entes queridos.
O museu organiza também exposições e eventos sobre o autor. Há um Salão dos Personagens, com pratos e uma biblioteca com mais de 15 itens, com livros relacionados a Balzac e sua época, o século 19. Entre as peças, destaque para a mesa e cadeira da escrivaninha do escritor, que foi reformada para ser exposta na casa, a chaleira e o bule de café, presentes de Zulma Carraud (escritora francesa e amiga de Balzac), em 1832.
O pretinho básico de Balzac
É raro entre os escritores clássicos não encontrarmos uma ou outra excentricidade, afinal, é também isso o que os torna figuras interessantes na cultura. Balzac tinha algumas, como gosto por móveis, uma rotina metódica de trabalho e o amor excessivo por café.
Sobre o gosto pela bebida ele fala no texto The Pleasures and Pains of Coffee (em tradução livre, o Os prazeres e as dores do café), onde ele começa dizendo que o café tem um grande poder em sua vida. “Eu venho observando seus efeitos em escala épica”. Sem perder a ironia, dizia que embora as pessoas busquem inspiração, o café só deixava os chatos mais chatos.
Diz-se que Balzac costumava tomar 50 xícaras de café por dia, o que ajuda a explicar a sua rotina: ele acordava de madrugada e começava a escrever exatamente à uma hora da manhã. Ia até às oito horas, descansava e voltava para o trabalho, que encerrava às quatro da tarde.
Se a bebida não o estimulava, Balzac comia pó de café com o estômago vazio, um “método horrível, bastante brutal” que ele recomendou “apenas para homens de vigor excessivo” e “homens com mãos grandes e pernas quadradas em forma de pinos de boliche”.
Abaixo, um vídeo sobre a casa, feito pelo pessoal da ToutParis (em francês), permite conhecer um pouco mais do local:
SERVIÇO
Onde: 47 Rue Raynouard, 75016 — Paris, França | Metrô: Estação Passy / La Muette | Linhas de ônibus: 32, 50, 70 e 72
Quando: Aberto de terça a domingo
Quanto: Entrada gratuita para exposições permanentes. Outras estão sujeitas a cobrança de ingresso
Telefone: 01 55 74 41 80
PARA LER
- A Comédia Humana, de Balzac (Biblioteca Azul)
Originally published at http://novo.roteirosliterarios.com.br on May 20, 2014.