Virginia Woolf em Stonehenge

Antes de lançar seus principais livros, ela reuniu textos sobre seu dia a dia e algumas viagens na Inglaterra

Roteiros Literarios
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3 min readApr 13, 2015

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Por Andréia Martins

Muito antes de publicar os romances que a consagrariam como escritora e ensaísta, a britânica Virginia Woolf (1882–1941) escreveu um livro, ainda adolescente, onde falava sobre seus dias e viagens. Estamos falando da obra A Passionate Apprentice: The Early Journals, 1897–1909, sem tradução no Brasil, e na qual a jovem inglesa relata duas viagens a Stonehenge, um sítio arqueológico que possui um antigo monumento de pedras, localizado no condado de Wiltshire, no sul da Inglaterra, e é cercado de mistério.

STONEHENGE, NO SUL DA INGLATERRA (English Heritage)

As visitas ao local aconteceram em agosto e setembro de 1903 na companhia de amigos. Woolf tinha apenas 21 anos. Em suas anotações, ela diz que fotografias dão uma dimensão diferente de como as coisas são. “Eu tinha imaginado algo em uma escala muito maior”, escreve ela sobre o círculo de pedras. Ela e o grupo de amigos sentaram-se, admiraram a vista e comeram sanduíches. “Meia hora depois estávamos prontos para fazer a nossa inspeção”.

Vale lembrar que quando Woolf visitou o lugar, descobertas como a de que o local havia sido um antigo cemitério não haviam sido feitas. Logo, cabia à imaginação buscar respostas sobre como aquele lugar tinha se formado.

VIRGINIA WOOLF, ILUSTRAÇÃO DE BETT NORRIS

“O charme singular e inebriante de Stonehenge para mim, e para a maioria eu acho, é que ninguém no mundo pode dizer nada sobre isso. Existem esses grandes blocos de pedra & o que mais? Quem os empilhou & quando, & com que propósito, ninguém no mundo — eu gostaria de repetir meu exagero — pode dizer”, escreve ela.

Com as duas visitas, Woolf escreve que o monumento fixou imagens em sua mente que ela não gostaria de esquecer. Sobre a experiência, ela preferia chamar de peregrinação a expedição.

“Expedição é uma palavra horrível. Eu chamaria de peregrinação: porque na verdade nós fomos lá com reverência e com um puro desejo de nos divertir”. Ela ainda escreve sobre a experiência ao ar livre: “o ar é um templo onde um se purga dos pecados”.

Em 2014, arqueólogos descobriram que o monumento, erguido entre 4 mil e 5 mil anos atrás, no período Neolítico, formava um círculo completo. Tal descoberta deu a sensação de que ainda resta muito a desvendar sobre a verdadeira história do local.

Alguns relatos históricos contam que os Druidas, uma tribo Celta que habitou a região da Inglaterra durante o império Romano, fizeram cerimônias no local, mas não foram eles que construíram Stonehenge, pois o monumento já existia quando os Druidas chegaram à Inglaterra. As pedras, algumas com 5 metros de altura, foram trazidas de até 400km de distância. Elas têm desenhos e inscrições feitas por antigas civilizações, algumas já bastante apagadas pelo tempo.

SELO COMEMORATIVO TRAZENDO A IMAGEM DE STONEHENGE

PARA IR A STONEHENGE

As visitas são organizadas pelo English Heritage and National Trust e os ingressos devem ser comprados com antecedência. Para quem é membro, o ingresso é grátis. Não é difícil agendar passeios para o local. As ruínas de Stonehenge ficam próximas à Salisbury e estão há pouco mais de 100km de Londres.

Mais informações sobre como visitar Stonehenge

PARA LER

  • A Passionate Apprentice: The Early Journals, 1897–1909, de Virginia Woolf (Mariner Books, 1992)
  • Travels With Virginia Woolf, de Virginia Woolf, (The Hogarth Press, 1993)

Originally published at http://novo.roteirosliterarios.com.br on April 13, 2015.

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