Este é o Jovem Nerd!
Fernanda Regina, Guilherme Guerra, Iury Lucinda
À medida em que as evoluções tecnológicas vão desenvolvendo e multiplicando as várias formas de expandir seu conteúdo, o audiovisual se torna um recurso mais diversificado. O que antes era transmitido apenas pelas ondas de rádio, passa a chegar mais rapidamente, com menor perda e atingindo distâncias maiores graças ao advento da fibra ótica. A popularização da internet tornou essa possibilidade ainda mais expressiva, bem como aproximou os polos, tornando quase inexistente a distância que separa o interlocutor de seu público alvo. Nesse sentido, os programas de rádio, assim como os programas de televisão, ganharam novas perspectivas e possibilidades. Uma maior capacidade de transmissão outorgou a divulgação de volumes maiores de dados, chegando ao ponto de não ser mais um desafio realizar transmissões em vídeo em tempo real que atinjam todos os pontos do Globo.
Nesse sentido, criadores de conteúdo se destacaram dentre cidadãos comuns, dotados ou não de embasamento profissional na área de comunicação. Abordando diferentes temáticas, que são exploradas de forma pessoal por cada um de seus interlocutores, indivíduos comuns se elevaram como influenciadores da área que decidiram divulgar. Foi o caso de Alexandre Ottoni e Deive Pazos, sócios e co-criadores do site “Jovem Nerd”. Inicialmente, o site era apenas uma plataforma em formato de blog para divulgar e comentar o lançamento de um episódio da saga “Star Wars”, mas hoje a plataforma se tornou uma grande comunidade, com valores expressivos de acessos diários, contando com lançamentos semanais de vídeos, artigos, podcasts, entre outros conteúdos.
Dando enfoque a discursos que englobam a cultura Nerd, os integrantes do Grupo “Jovem Nerd” dão ênfase a assuntos que englobam a cultura geek, termo que se refere a quem admira tecnologia, ficção científica, astronomia, comic books, mitologia, cinema, entre outros. O podcast produzido na plataforma, denominado “NerdCast”, aborda, também, temas do cotidiano de um jovem qualquer, como as peripécias sofridas depois de uma noite de bebedeira, pequenas dores causadas por acidentes domésticos banais ou mesmo batalhas entre crossovers impossíveis, que discutem, por exemplo, quem venceria em um embate entre os personagens fictícios “Chapolin Colorado” e “BeetleJuice” (cujo resultado pode ser conferido neste episódio). Tais possibilidades, que variam entre vídeo e áudio, entre site e aplicativo e até mesmo em plataformas de streaming como “Spotify” é o que torna o grupo hibridizado no campo comunicacional. A hibridização permite a adesão de diferentes públicos, de acordo com a forma que lhe for mais confortável. Pessoas surdas podem assistir aos conteúdos, uma vez que os vídeos possuem legendas para, justamente, torná-los acessíveis. O site, bem como o aplicativo, também conta com recursos que possibilitam a adesão do público deficiente visual. É possível, também, fazer o download do conteúdo através de uma rede de acesso à internet e acessá-lo sempre que necessário em localidades longínquas.
O mote inicial que introduziu os dois amigos e sócios a criar um site foi o mesmo que atraiu a grande legião de fãs que comprou a ideia e começou a segui-los: o amor pela cultura Nerd. Sendo pioneiros no que propunham, Jovem Nerd e Azaghal, nomes adotados por Alexandre e Deive na rede, começaram a trazer notícias e comentários acerca de lançamentos cinematográficos. À medida em que o pequeno alcance que tinham foi se expandindo, uma grande comunidade começou a surgir. Profissionais interessados com a opinião dos jovens leigos aproximavam-se para fornecer sua própria visão mais especializada do assunto, formando parcerias que se estendem até hoje. Foi assim que começou a sociedade entre os dois sócios e o profissional em edição de vídeo Anderson Gaveta, que inicialmente se ofereceu para editar os vídeos da dupla, que até então não detinham de muitas técnicas neste segmento. A partir daí, a parceria fez com que a qualidade dos vídeos produzidos pelo site aumentasse exorbitantemente, atraindo um público ainda maior, que chegava ao site tanto para absorver o conteúdo quanto para admirar a arte produzida por Gaveta, que tornava o vídeo sempre muito engraçado, ainda que o conteúdo fosse sério.
Com um público tão grande, tornou-se natural que o grupo fosse reconhecido como celebridades, bem como realmente são. Os diálogos interativos onde brincam um com o outro geraram bordões próprios que foram repetidos pela comunidade à exaustão, criando uma demanda que permitiu a criação de uma Loja onde são vendidos produtos exclusivos, como camisetas, canecas, almofadas e objetos de decoração com estampas que fazem referência aos melhores e mais famosos momentos que se destacam ao longo do programa. As ilustrações variam entre misturas dos jogos experimentados pela dupla com interjeições que fugiram em um momento de desespero durante o gameplay até referências que misturam diferentes universos, tanto cinematográficos quanto de jogos, séries ou comic books. A hibridização do grupo acontece de forma tão intensa e fidedigna que, mesmo não se tratando de um grupo voltado ao comércio, ainda assim seus administradores focam em estratégias de marketing consistentes, como é o caso da Black Friday, cultura adotada pelas grandes lojas para comemorar o Dia de Ação de Graças. data celebrativa típica dos Estados Unidos onde a população presta graças por tudo o que têm. Ainda que o dia de Ação de Graças não seja um costume brasileiro, a Black Friday foi reclamada por grande parte da população e ainda não é adotada por todas as lojas nacionais.
Desde 2002, ano em que Jovem Nerd e Azaghal iniciaram sua jornada na internet, muito mudou na vida dos dois amigos, que diversas vezes se declararam orgulhosos do resultado de seu empreendedorismo. “Jovem Nerd” tornou-se um negócio de alta lucratividade, que investe em diferentes formatos e divulga não apenas seu ponto de vista acerca da cultura intelectual do momento que vivenciam, mas também colaboram para o enriquecimento desta. As parcerias construídas ao longo dos anos permitiu que o nome “Jovem Nerd” se tornasse, além de todas as características supracitadas, também uma editora de livros, que publica desde edições especiais de grandes clássicos da literatura internacional até títulos exclusivos, de autoria de parceiros do grupo. É o caso de Leonel Caldela, que com base em um podcast (“NerdCast”) de RPG interpretado pelos integrantes do grupo, elaborou uma trilogia de livros intitulada A Lenda de Ruff Ghanor com o selo da “NerdBooks”, editora que enriquece e completa ainda mais a ‘família’ “Jovem Nerd”.
Referências Bibliográficas
Página ‘Quem Somos’ do site Jovem Nerd
Jovem Nerd apresenta Nerdbunker, seu escritório em São Paulo
