A Onda (Die Welle, 2008)

Dirigido por Dennis Gansel, o filme questiona se é possível instalar uma ideologia na sociedade sem a presença do ódio ou da segregação.

Fernando Miranda
Ruído Pop

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Por @espimentel

A Onda (Die Welle), lançado em 2008, dirigido por Dennis Gansel, trata-se de um filme baseado em uma história real. No ano de 1967, em Palo Alto, California, um professor de história, chamado Ron Jones, fez um experimento com seus alunos, implementando um sistema nazista, onde tudo ia de acordo com as orientações do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemão. Esse projeto durou uma semana, causando diversos problemas — problemas que podem ser vistos no filme A Onda e no livro, de mesmo nome, lançado em 1981. No filme de Dennis Gansel toda ambientação é transferida para uma Alemanha contemporânea, onde o professor Rainer Wenger (interpretado por Jürgen Vogel), que nos é apresentado através do seguinte estereótipo: rebelde, roqueiro, fã de Ramones e de carros poçantes, logo nos créditos do filme. Ele é o professor responsável por ensinar aos alunos o que são regimes autocratas, ou seja nazismo e facismo, principalmente.

Assistido o trailer, é interessante pensarmos em como um fato ocorrido nos EUA, baseado em um modelo partidário alemão, foi recolocado no seu local original. O que me trouxe um questionamento: Partindo do ponto onde os alemães não se orgulham do nazismo e de suas atrocidades, mas do ponto de vista de um extremo nacionalismo (no caso, tomo liberdade pra criar o termo “classismo”, de classe de aula), onde as pessoas se ajudam e funcionam como um time — e todo o sistema começa a funcionar de forma mais organizada, esses alunos passaram a ter um rendimento melhor em diversos aspectos: acadêmicos e eventos esportivos são dois exemplos, mas que mostram que eles estavam gostando de um regime totalitarista atuando no seu “país”. Os benefícios eram evidentes nesse primeiro momento.

Apesar de todos os benefícios e melhorias percebidas pelo coeso grupo, é mostrado também um sistema imperfeito por natureza — a intolerância das pessoas que fazem parte d’A Onda é a mesma intolerância que o nazismo pregava em relação aos judeus, gays, negros e qualquer outro que não era puro como eles. Inclusive essa intolerância acontece em relação àquelas pessoas dentro do grupo que não concordam com os princípios básicos do regime.

Não demora muito para percebermos que a “ficção” criada pelo professor Wenger — e Jones na vida real — estava afetando alguns alunos, talvez aqueles mais excluídos dos grupos, de forma muito real. É provado que, seja através da Onda ou um sistema partidário nazista ou fascista, é impossível uma ideologia assim viver sem ódio e segregação.

Originally published at ruidopop.com on November 7, 2014.

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Fernando Miranda
Ruído Pop

Analista de Marketing Digital | Paixões: Arte, Cinema, Culinária, Música e Fotografia