Apesar de pouco investimento, coordenador da base do Cruzeiro destaca: “Sempre temos equipes muito competitivas”
Mesmo com dificuldades no setor financeiro e de estrutura, Luiz Antônio Ribeiro ressalta a preparação que os jovens recebem nas escolinhas da equipe
Muito comum nos clubes gaúchos, principalmente nas categorias de base, a falta de investimento é um dos maiores problemas que as equipes de menor expressão enfrentam. Para se equiparar com Grêmio e Inter, as chances são mínimas devido às limitações e dificuldades que as demais equipes possuem. Mas segundo o coordenador geral e técnico das categorias de base do Cruzeiro, Luiz Antônio Ribeiro, a preparação das suas equipes é muito forte, apesar de ter um investimento limitado.
O Cruzeiro de Porto Alegre iniciou há alguns anos um projeto de migração para a cidade de Cachoeirinha, onde será sua nova casa e o seu estádio está sendo construído. Mas com as obras ainda em andamento, o clube teve que alugar um campo para as categorias de base mais novas conseguirem treinar. Atualmente treinando no Campo do Veranopolis de Cachoeirinha, as categorias sub-10 a sub-15 são dirigidas por Luiz Antônio Ribeiro, 34 anos, que trabalha no Cruzeiro há 10 anos e hoje é técnico do sub-12 e coordenador geral da base.
Investimento e preparação
Luiz Antônio destacou a falta de investimento como um grande problema da sua categoria de base. Com isto, as escolinhas do Cruzeiro acabam sendo obrigadas a cobrar mensalidade dos atletas para conseguirem se manter. “As cobranças são feitas dentro da própria base em mensalidades e jogos. Isso é para que consigamos jogar as competições e fazer locações de espaços para treinos e jogos”, explicou. Porém, as categorias mais velhas como o sub-17 e sub-20 do Cruzeiro treinam na própria base do clube, onde já conseguem investimento por outros recursos como, por exemplo, patrocinadores.
Apesar de ter problemas com a falta de investimento na estrutura e da categoria de base, Luiz Antônio ressalta que mesmo com suas limitações, a preparação da base do Cruzeiro é muito boa. “Todos os nossos profissionais que não são formados, estão cursando atualmente Ed. Física. Muitos também já têm grande bagagem e experiência. Desde o sub-10 ao sub-20, sempre temos equipes muito competitivas em todas as competições que jogamos”, destacou.
Por outro lado, quando a comparação se trata de Grêmio e Inter, o técnico do Cruzeiro admite que seja muito difícil se comparar com as duas principais equipes do estado que é a “Disneylândia do futebol gaúcho”, como disse Luiz. “Dadas às limitações que temos, acredito que consigamos nos equiparar um pouco a partir do juvenil. Eles têm uma estrutura muito diferenciada e conseguem trazer garotos do Brasil inteiro. A captação de Grêmio e Inter são maravilhosas, eles conseguem buscar garotos mais maturados que os nossos e sempre levando vantagem”, explicou o treinador.
Planejamento e dificuldades
Mesmo estando atualmente treinando em um campo alugado pelo Cruzeiro, o coordenador da categoria de base afirmou que não pretende ficar muito tempo assim. Luiz espera contar logo com o seu próprio CT para treinar com os jovens. “Nós temos o espaço para a construção do nosso CT, onde a ideia é construir quatro campos nas medidas oficiais, onde dois destes serão para as categorias de base”, disse.
Além da falta de investimento, outra grande dificuldade nas escolinhas é a falta de apoio que as crianças têm em casa e muitas vezes prejudicam seu desenvolvimento. Luiz explica que Grêmio e Inter possuem toda uma preparação para dar apoio alimentar, social e psicológico, enquanto no Cruzeiro os próprios professores acabam sendo um pouco de tudo. “Tem todo um aparato, não só a parte dentro do campo. E aqui com todas nossas limitações nós deixamos a desejar nessa parte, pois não temos condições de dar tudo isso”, lamentou.
Para completar, Luiz Antônio falou que é bastante comum os pais das crianças ligarem para pedir um auxilio aos professores. “Os pais nos ligam dizendo ‘professor eu preciso que você fale com o atleta porque ele só escuta você’. É nesses casos que a gente percebe a importância da disciplina que a gente emprega e faz diferença na vida deles. É muito significativo para nós isso”, disse o técnico com orgulho.
Da mesma forma que o Cruzeiro enfrenta esses problemas na sua categoria de base, muitas outras equipes passam pelas mesmas dificuldades no futebol gaúcho. O foco e principalmente o investimento sempre é e vai ser maior para Grêmio e Inter. E isso obriga as demais equipes a se virarem de todas as formas para suprirem suas necessidades e conseguirem dar o melhor para a sua base e seus atletas. Enquanto os jovens lutam para alcançarem seus sonhos de se tornarem jogadores profissionais, os preparadores e treinadores lutam para dar o suporte que as crianças precisam.
