#1 — Fibra ótica — Só uma rapidinha

Koda Gabriel
Só uma rapidinha
Published in
3 min readMay 13, 2022

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Quer sugerir algum tema para as próximas edições? É só conferir esse formulário: https://forms.gle/iPV7edGTUJ1AMBYc9

Olá pessoas!

Sejam todes muito bem-vindes à “Só uma rapidinha”, a newsletter +18 que vai trazer mini contos novos toda quinta-feira :) Meu nome é Koda, mas quem eu sou e o que eu faço não é muito relevante.

A única parte que importa é: eu gosto de explorar uns cenários diferentes, gosto de prompts de escrita que me desafiam, e gosto de não estar preso a uma única ideia.

Assim surgiu a proposta de escrever por quinze minutos sobre um prompt dado por alguém, e se acabou o tempo, acabou a história.

Como está escrito ali no começo, o mais legal dessa newsletter é que ela é, em muitos níveis, colaborativa: a maioria dos meus prompts foram ideias de amigues, de conhecides do twitter ou do meu marido. Meu objetivo é justamente pensar fora da minha caixa, me desafiar a conhecer personagens e cenários que eu não pensaria normalmente. Por isso, sinta-se livre pra contribuir com propostas sempre que quiser, quantas vezes quiser. Quanto mais, melhor! O link, pra não precisar voltar lá em cima, é esse.

Essa é só uma pequena introdução do formato e da ideia, e nas próximas vamos ir mais direto ao ponto — sem preliminares enormes é só uma rapidinha!

Então vamos aos finalmente!

Prompt da semana

O tema dessa semana foi enviado por uma pessoa no formulário, e é:

Telesexo acidental com um atendente de telemarketing

E o texto vocês podem conferir abaixo :)

Fibra ótica

— Moça, pelo amor de deus, eu to vivendo de 3g há uma semana. Não dá, assim não dá — repito, pela terceira vez, sentindo o nervosismo se espalhar pelo meu corpo.

— Entendo, Diana, mas já solicitamos o atendimento técnico, e você pode aguardar o contato da equipe nesse telefone mesmo.

— Nossa, moça, eu tô até estressada com essa situação toda. Nem é culpa de vocês né, mas caramba, é uma confusão.

E com o pior timing de todos os tempos, sinto o vibrador ligar dentro da minha calcinha. Erick. Maldito Erick. Daria até para acreditar que o filho da puta tinha me ouvido falar em estresse, se ele não estivesse do outro lado do país. Mordo os lábios. Que vergonha meu deus.

— Compreendo, Diana. Você pode também — Ah não. Aumentou a velocidade. — registrar uma reclamação no nosso setor de cobranças… — De novo. Tenho certeza que estou arfando contra o telefone agora. A atendente faz uma pausa. — E quando o problema estiver resolvido, sua fatura talvez possa ser renegociada.

E bem nessa pausa, como se o quarteirão inteiro tivesse feito silêncio, e até o barulho no fundo da ligação dela ficou mais baixo, enquanto tento me segurar para respondê-la adequadamente… acabo gemendo. Não é muito alto, mas é alto o suficiente. Eu vou fazer picadinho do Erick. Picadinho.

— Eu… É… Eu… Sim… É… — tento falar, mas sinto que acabo me prejudicando. Minha voz sai tremida. Caralho, isso é muito errado.

Silêncio. Um longo silêncio. Eu rezo baixinho para ela só desligar na minha cara. Seguro minha respiração o máximo que consigo. Não é muito tempo.

— Você tá… gemendo? — a atendente pergunta. É quase um sussurro do outro lado da ligação.

Vanessa. O nome dela é Vanessa. Porque é nisso que eu devia estar pensando.

— Desculpa, eu, desculpa. É meu namorado, ele… Desculpa — respondo, misturando uma palavra em cima da outra, incapaz de completar a frase. Minha situação não melhora.

— O que ele fez? — ela me incentiva.

Eu não sei o que pensar. Como responder. Mas algo no tom de voz dela. Um quê de curiosidade. Antes que eu consiga notar, já respondi:

— Vibrador controlado pelo aplicativo — falo, mordendo tanto os lábios que sinto a boca queimar. — Ele nem tá aqui, nem sabe que estou na ligação.

Por algum motivo, isso a faz rir.

— E você tá molhada?

O tom. Eu sei que tom é esse. De quem quer… saber mais. Eu reconheço fácil, porque ele me deixa com tesão pra caralho. Que desgraça. Quais as chances?

— Muito — sussurro. Parece que eu vou explodir. — Mais ainda agora.

E ela ri mais ainda. A maldita risada de quem está se divertindo às minhas custas.

Meu tipo de risada favorito.

É isso pessoal :)

Espero que tenham gostado! Sintam-se livres para compartilhar essa newsletter por aí, responder com comentários, mandar sugestões no formulário e tudo mais.

Obrigado pela companhia! Fiquem seguros, e usem camisinha :)

Abraços,

Koda

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Koda Gabriel
Só uma rapidinha

25 anos, bissexual e não binário. escrevo romances, ficção especulativa e putarias em geral https://kodagabriel.com.br