Fundraising: como preparar seu SaaS para captação de investimento
Funding é uma forma de buscar captação de recursos para acelerar o crescimento de um negócio. A prática é muito comum no universo SaaS. Contudo, antes de levantar recursos é preciso entender que tipo de investimento melhor se encaixa à sua empresa.
por Ivanir França*
Segundo a Startse há no Brasil mais de 9 mil startups. Segunda a ABStartups mais de 4 mil. Ou seja, não há um número exato, porém a questão não está no número exato de startups e sim por que um número pequeno delas se sobressai e atinge o patamar de uma empresa desejada por investidores de alto impacto.
Segundo Rodrigo Ventura, da BZplan, a resposta está nas perguntas não feitas. Ele detalha que muitos empreendedores não fazem os questionamentos que devem ser feitos. Isto é, a maioria dos empreendedores não busca entender qual é a tese de investimento de uma Venture Capital (VC), por exemplo. Para Ventura, esse ponto é essencial para um match entre as necessidades do negócio e as entregas do fundo de investimento.
Outra questão está em não ater-se apenas ao dinheiro, mas sim ao smart money, em outras palavras, o que além do commodity o fundo pode entregar a Startup e como a empresa pode se valer disso para acelerar seu crescimento.
Nesse ponto, Franco Zanete, Go-to-Market Growth da a.b.seed Ventures, traz que cada empreendedor e fundo terão suas características. E o que é smart money para uma empresa pode não ser para outra.
Isto é, ao buscar um fundo high touch ou low touch o empreendedor estará optando pelo que lhe é mais importante. Um acompanhamento de perto, com intervenções propositivas de profissionais da VC ou apenas o commodity para tocar seus projetos.
Porém antes de chegar a etapa de definir que fundo fará mais sentido para sua empresa, é preciso saber o quê, como e por que você precisa do dinheiro. Para Patrick Arippol, Managing Director of Venture Group da DGF Investimentos, o empreendedor que busca escalar e alçar vôos para um fundo Series A, B ou subsequentes deve manter um relacionamento com investidores e fundos de investimentos desde o momento zero da empresa.
Arippol detalha que essa proximidade entre empreendedor e fundos é salutar, pois de um lado o empresário se aprofunda no mercado, entende como funciona cada fundo, quais são as exigências, a tese de investimento e qual fundo pode fazer mais sentido para seu modelo de negócio.
Do outro, o investidor pode acompanhar como se desenvolve o negócio, quais são os pontos fortes, os pontos de melhoria e um ponto muito importante, as pessoas que estão envolvidas no negócio e o track record dos founders.
Cap Table: o coração da sua empresa
Em poucas palavras o cap table (capitalization table) é um planilha que detalha quem são os sócios da sua empresa e a participação real de cada um deles no negócio. Na prática, o Cap Table é um dos elementos que merece maior cuidado e atenção por parte dos founders.
Para Arippol, o importante é manter o cap table saudável, isto é, as pessoas que estão envolvidas no negócio estão de fato envolvidos no negócio e corroboram com o caminho que a empresa está tomando.
Gustavo Gesser, sócio da Schutz & Tavares Advogados Associados, explica que um cap table “sujo” é um dos principais motivos para o fracasso na busca de um fundo. “Quantos dos sócios da empresa constam, de fato, no contrato social? É muito comum ver empresas que possuam em seu quadro societário um número sócios diferente do da realidade”, aponta.
Em casos assim, explica Gesser, o mínimo que se deve ter é a regularização da relação dos sócios informais. “Isso é de extrema importância para que haja transparência desde o início das conversas com o investidor”, finaliza.
Como preparar sua Startup para Captar Series A
Há uma série de requisitos para se chegar a um Series A. O primeiro é um cap table saudável, na prática você deve seguir os seguintes passos:
1 — Determine quanto dinheiro você precisa levantar
Entender quanto dinheiro você precisa é essencial para que você não tenha excesso de dinheiro
2 — Planejamento
Comece mensurando tudo o que é possível e, também o impossível, na sua operação. Desenvolva suas KPIs (Indicadores Chave de Desenvolvimento) com dados específicos de cada área, pois como falamos, um indicador que impressiona maria, pode não impressionar joão. Logo, tenha todos estes dados bem definidos para apresentar.
3 — Contato permanente
Mantenha contato com investidores de todas as séries. Isto é, não se restrinja a etapa que você está trabalhando atualmente. Como trouxemos acima, funding é como um pipeline e você precisa manter essa rede de relacionamento como um ativo.
4 — Processo
Uma captação irá depender de como se está encaminhando o processo. Isto é, você está buscando um fundo low ou high touch, você fechará com um ou vários investidores ao mesmo tempo. Tudo isso vai dependender da condução do round. O que o empreendedor precisa entender é que há necessidade de uma organização de quem será o líder da rodada. Após essa decisão o processo passa para a mão do investidor. “Empreendedor não manda no processo”, comenta Ventura.
5 — Preparação
Cada investidor ou VC terá um processo próprio. Em alguns casos é solicitado que se envie documentos para outro país, em outros solicita-se uma diligência ou uma auditoria contábil-fiscal antes do investimento, em outros casos depois. Devido essas particularidades o conselho de todos os especialistas é manter um forte contato com todos os investidores, de todas as etapas (item 3). Além disso, Ventura traz que um primeiro passo importantíssimo é saber exatamente o que quer e saber qual é o retorno esperado sobre o investimento.
6 — Como definir que fundo faz sentido
Como trouxemos acima, cada fundo terá suas características e particularidades. Logo, o primeiro passo é definir: você quer um fundo low ou high touch? Isto é, você precisa definir o que é smart money para você, pois como traz Zanette ele é um conceito subjetivo. Porque para um empreendedor o smart money é conhecimento e ajuda e para outros é que ninguém dê palpite sobre seu negócio. Em outras palavras, é preciso ponderar seu perfil e em seguida buscar um fundo que mais se ajusta ao o que você espera.
E se você quer entender mais sobre funding e principalmente como se preparar para captar um Series A, preparamos um material completo e único no país, onde entrevistamos vários especialistas em Funding Raising para tirar todas as dúvidas e desmistificar todo o processo. Acesse-o gratuitamente aqui: Engenharia de Funding: como preparar seu SaaS para captar series A.
*Jornalista na CONPASS, roteirista e cineasta. Formado em jornalismo com pós graduação em cinema e mestrando em Literatura.
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