O venture capital e o Agtech

Victor Medeiros
SaaSholic
Published in
4 min readJun 14, 2018

Nos próximos anos o mundo passará por mudanças demográficas que afetarão drasticamente o setor agrícola, segundo os dados da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nation) há forte tendência de queda da população rural (menos força de trabalho no campo), aumentando a necessidade de maior eficiência na agricultura, naturalmente todo esse cenário vai de encontro ao incremento de inovações tecnológicas.

A tecnologia aplicada no agronegócio da origem as chamadas Ag tech (startups do agronegócio), o marco zero desse setor foi a aquisição da Climate Corporation pela Monsanto, em 2013, com o valuation da negociação atingindo US$ 1 bi (primeiro unicórnio), sendo o valor da transação em si cerca de US$ 930 mm. O deal representou uma saída para diversos players de VCs que tinham a Climate em portfolio, como por exemplo a Khosla Ventures, Founders Fund e a Index Ventures e etc (vide lista abaixo):

Não é de se estranhar a fonte de financiamento, Venture Capital, por trás de todo crescimento (as empresas mais disruptivas como Google, Uber, Airbnb receberam esse tipo de recurso no início de suas operações), ou seja, o VC financia as grandes mudanças de paradigmas no mundo atual.

Nos anos seguintes, o Agtech ganhou muita força no Silicon Valley e os investimentos cresceram exponencialmente, tanto em termos de valores quanto em quantidade. É interessante notar que a maioria dos Venture Capitals alocados em Agtech se concentram em angels e early stage, modalidades reconhecidas por olhar para negócios com viés disruptivo.

No Brasil, a agricultura é de muita relevância para a economia, representando cerca de 20% do PIB, a variação do PIB agrícola trimestral supera a do PIB Total por diversos períodos consecutivos e ainda participa expressivamente da pauta de exportações brasileira.

Outro aspecto relevante que nos diferencia é a questão da maior complexidade da agricultura tropical, os problemas enfrentados são distintos e muito mais desafiadores, por exemplo, o número de aplicações para o controle de praga quase dobra em comparação. De certa forma, cria-se uma barreira de entrada as tecnologias estrangeiras.

O mercado de Venture Capital está se inclinando cada vez para o Agtech, a quantidade de empresas investidas aumenta cada vez mais, segue abaixo as últimas operações divulgadas e veiculadas na internet:

A maioria dessas empresas atuam na cadeira coletando dados (agricultura de precisão), fazendo previsões de variáveis que afetam o negócio (predição) e até mesmo auxiliando na tomada de decisão junto ao agricultor (prescrição).

O volume de dados gerado nos últimos anos por si só não ajuda, e muitas vezes pode gerar confusão, a tecnologia constitui-se em uma ótima ferramenta para transformar os dados em informação, de modo a otimizar a tomada de decisão entre o plantio e a colheita.

Voltando um pouco a abordagem do tema para a ótica do Venture Capital, talvez a etapa mais simples de todo o processo, seja assinar o cheque, o que importa e vai fazer a diferença é a execução do bussiness plan “vendido” pelo empreendedor e a criação de valor para a posterior venda.

A partir dessa premissa, que teve muita influência com o já citado caso da Climate e o seguido boom do AgTech, pesquisei em fontes públicas algumas operações de saída de VC em Agtech no Brasil e encontrei três casos, todos são do Criatec 1 (principal fundo de VC do país) e com player estratégico (trade sale) envolvido na saída (esse tipo de saída é comum ao AgTech), são eles:

Rizoflora (bionematicida à base de fungo): em 2008, recebeu um aporte de R$ 1,8 mm do fundo Criatec I, e em 2016 foi vendida para a Stoller, empresa global na área de fisiologia e nutrição das plantas.

Arvus (agricultura de precisão): em 2009, a catarinense Arvus, que atua em agricultura de precisão, recebeu aporte do fundo Criatec I, e em 2014 foi vendida para a Hexagon.

Bug (controle biológico com insetos): foi investida também pelo Criatec I em 2008 e vendida para a Koppter em 2017.

Olhando para o que ocorreu no mercado do US a partir de 2013, e comparando com o que está acontecendo com o Brasil, acredito que os próximos anos serão de muitos negócios para o Agtech Founders, Venture Capitals e os agricultores.

Se você curtiu este artigo, ajude a espalhá-lo com vários 👏! Acompanhe o conteúdo que compartilhamos por aqui seguindo a publicação e assinando a newsletter do SaaSholic. Quer contribuir com conteúdos sobre SaaS? Let’s do it! ;)

--

--