Paulo de Tarso

Bruno Pulis
Saber Teológico
Published in
4 min readJan 5, 2018

Paulo de Tarso é uma das figuras mais icônicas do Novo Testamento. Escritor de boa parte do Novo Testamento, fariseu, antes perseguidor agora perseguido por amor do Evangelho, foi dado a ele o título de apóstolo por Deus, sendo missionário radical levando o Evangelho a lugares inimagináveis para o período histórico que vivia.

O nome original de Paulo era “Saulo” (em hebraico: שָׁאוּל- Sha’ul; tiberiano: Šāʼûl — “o que se pediu, o que se orou por” e traduzido em grego antigo: Σαούλ — Saul — ou Σαῦλος — Saulos), nome que divide com o bíblico Rei Saul, um outro benjaminita e primeiro rei de Israel, que foi sucedido pelo Rei Davi, da tribo de Judá. Segundo suas próprias palavras, era um fariseu.

O uso de “Paulo” (em grego: Παῦλος — Paulos; em latim: Paulus ou Paullus — “baixo”; “curto”) aparece nos “Atos” pela primeira vez quando ele começou sua primeira jornada missionária em território desconhecido. Em Atos 13:6–13, Paulo aparece juntamente com Barnabé e João Marcos conversando com Sérgio Paulo, um oficial romano em Chipre que seria convertido por ele.

Vida

Nascido na cidade Tarso, descendente da tribo de Benjamim, possuindo cidadania romana, Paulo desde pequeno foi conhecedor das sagradas letras, estudando com um dos mais renomados mestre da lei e fariseu: Gamaliel.

O Raphael Bessa escreveu um excelente artigo sobre Gamaliel, vale a pena a leitura.

Como de costume, toda criança aprendia o ofício familiar. Paulo aprendeu a profissão de construir tendas e posteriormente se tornou um fariseu. Era um dos mais temidos de sua época, pois instaurou uma grande perseguição aos nazarenos (como era conhecido os cristãos na época). Tamanha era a perseguição que ele entrava pelas casas e arrastava homens e mulheres entregando-os a prisão (Atos 8:3).

Sabemos que ele guardava a Lei (Atos 26:5) e esteve presente no apedrejamento de Estêvão em Atos 7:58.

Antes perseguidor agora perseguido

De acordo com o relato bíblico, durante uma viagem entre Jerusalém e Damasco, numa missão para que, encontrando fiéis por lá, os levasse presos a Jerusalém, Saulo teve uma visão de Jesus envolto numa grande luz e ficou cego. Ele teve, porém, a visão recuperada após três dias por Ananias, que também o batizou. Começou então a pregar o Cristianismo. Juntamente com Simão Pedro e Tiago, o Justo, ele foi um dos mais proeminentes líderes do nascente cristianismo. Pelo fato de possuir cidadania romana, trouxe uma situação legal privilegiada para a expansão do Evangelho que, posteriormente, começaria a ser propagado aos gentios.

Catorze epístolas no Novo Testamento são atribuídas a Paulo. Agostinho desenvolveu a ideia de Paulo que a salvação é baseada na fé e não nas “obras da Lei”. A interpretação de Martinho Lutero das obras de Paulo influenciou fortemente sua doutrina de sola fide.

Das catorze cartas atribuídas a Paulo e incluídas no cânone do Novo Testamento, há pouca ou nenhuma disputa de que Paulo tenha escrito pelo menos sete:

  • Epístola aos Romanos
  • Primeira Epístola aos Coríntios
  • Segunda Epístola aos Coríntios
  • Epístola aos Gálatas
  • Epístola aos Filipenses
  • Primeira Epístola aos Tessalonicenses
  • Epístola a Filemon

A Epístola aos Hebreus, que foi atribuída a ele ainda na antiguidade, já era questionada na época, e atualmente não é considerada como tendo sido escrita por ele pela maior parte dos especialistas. Há variados graus de disputa a respeito da autoria das demais epístolas.

A conversão de Paulo mudou radicalmente sua história. Com suas viagens missionárias e obras, Paulo acabou transformando as crenças religiosas e a filosofia de toda a região da bacia do Mediterrâneo.

Seu legado histórico, religioso e filosófico levaram à formação de comunidades dominadas por grupos gentios que adoravam o Deus de Israel, aderiam ao código moral judaico, mas que abandonaram o ritual e as obrigações alimentares da Lei Mosaica por causa dos ensinamentos de Paulo sobre a vida e obra de Jesus e seu “Novo Testamento”, fundamentados na morte de Jesus e na sua ressurreição.

Prisão e morte

Nem a Bíblia e nem outra história qualquer conta explicitamente como ou quando Paulo morreu. De acordo com a tradição cristã, Paulo foi decapitado em Roma durante o reino do imperador Nero em meados dos anos 60 na Abadia das Três Fontes (em italiano: Tre Fontane). O tratamento mais “humano” dado a Paulo, em contraste com a crucificação invertida de Pedro, foi graças à sua cidadania romana.

Vários autores cristãos da Antiguidade já propuseram mais detalhes sobre a morte de Paulo. I Clemente, uma carta escrita pelo bispo de Roma, Clemente, por volta do ano 90 relata o seguinte sobre Paulo:

Por causa de inveja e brigas, Paulo, pelo exemplo, mostrou a recompensa da resistência paciente. Após ele ter sido preso por sete vezes, ter sido exilado, apedrejado e ter pregado no ocidente e no oriente, ele recebeu o reconhecimento que era o prêmio da sua fé, tendo ensinado a retidão para o mundo inteiro e tendo chegado aos confins do ocidente. E quando ele já tinha dado seu testemunho perante os governantes, partiu deste mundo e foi para um lugar sagrado, tendo encontrado um notável padrão de resistência paciente.

I Clemente, Clemente de Roma.

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Soli Deo Glória

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