Sagrada é a Tradição

Regina Fernandes Sanches
Editora Saber Criativo
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3 min readOct 16, 2020

Por Felipe Couto (O Caminho da Montanha)

Milhares de pessoas em todo o canto da Terra pertencem à uma cultura própria que lhes dão categorias essenciais para vislumbrar o mundo e para interpretá-lo. Milhares de tradições existem concomitantemente para explicar a vida de formas diferentes. Eu jamais saberei ao certo como um hindu compreende a existência e nem mesmo o hindu conseguirá imaginar corretamente como eu, um católico brasileiro, compreendo a existência. Mas fato é que nós co-existimos. Partilhamos o mesmo planeta, embora dele tenhamos diferentes compreensões. Cristãos, judeus, mulçumanos, hindus, budistas, confucionistas, messiânicos, xamanistas, xintoístas, taoístas, umbandistas, candomblecistas, ateus e tantos outros pertencentes às inúmeras tradições religiosas, espirituais, filosóficas ou políticas experienciam o mundo de uma forma totalmente própria e diferente.

Um cristão não poderá jamais experienciar a forma de conceber a religiosidade islâmica se este modo de cultura é distante de sua vivência pessoal. Ele sempre irá afirmar suas convicções a partir de seu local de fala, isto é, sua cultura. Nós não estamos desligados de nossa tradição, pelo contrário, somos dela dependentes para tudo, desde nossa decisão por tomar um café ao amanhecer até à nossa prece antes de descansarmos para levantarmos no outro dia e novamente passarmos outro café. Café que já não é mais o mesmo de ontem, é outro. Não temos o costume de tomar café “amanhecido”. No entanto, o modo como nós nos relacionamos todas as manhãs com o novo café pode ter a mesma tonalidade e nos dar outras experiências.

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O Amor e ação política

Por Elissa Gabriela (Amor e Ação no Mundo)

A dupla origem advém de duas personagens da teologia cristã que, como explicamos, uma é a origem em Adão, promotora da condição de pecado na qual o ser humano nasce; e a segunda é a origem em Cristo Jesus que, em sua morte e ressurreição, torna a graça disponível a todos, bem como redime toda a criação que antes estava envolvida no pecado e na morte. Este é o preceito teológico que a filósofa alemã investiga, de forma filosófica, para descobrir se o outro possui algum valor em si mesmo. Contudo, é este preceito que responde à nossa questão. Esta dupla origem é também o fundamento da vida social. Os seres humanos estão vinculados um ao outro por intermédio de suas respectivas descendências. Em Adão surgiu uma comunidade humana e, embora Agostinho afirme que a cidade dos homens tenha sido fundada por Caim (AGOSTINHO. A Cidade de Deus, XV, I), a comunidade humana é anterior à própria cidade humana[1] e deriva da ordenança divina escrita em Gênesis: “sede fecundos, multiplicai-vos, povoai a terra e dominai-a” (BÍBLIA. Gênesis, 9, 7). É neste vínculo que todos nascem, em uma sociedade já constituída pelos primeiros seres humanos. Após Adão, Jesus fundou uma nova comunidade, o corpo de Cristo, na qual cada membro é um participante ativo na propagação deste laço. O outro adquire uma nova relevância, tendo em vista sua dependência para com o Criador — ainda que ele mesmo não enxergue esta dependência.

O amor é uma segunda etapa desta constituição social, ele não é aquilo que promove a formação social originária. O outro adquire significação como sendo proveniente de Adão e filho de Deus. É esta condição que o iguala a todos os demais, sendo o que funda o sentido do amor ao próximo (dilectio proximi). O próximo deve ser amado tendo em vista a igualdade na qual todos estão inseridos, desde o nascimento, como vindos do pecado. Ainda assim, esta relevância não é específica, mas está diretamente associada a Deus. O princípio do amor caridoso não se desfaz, embora a autora tenha identificado o que move este princípio.

[1] Ao que parece, Hannah Arendt entende comunidade humana e cidade humana como dois conceitos diferentes.

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Boa leitura!

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