Ver-julgar-agir: o método

Regina Fernandes Sanches
Editora Saber Criativo
3 min readFeb 10, 2022

Por Antonio De Lisboa Lustosa Lopes; Jorge Luis Gomes Bonfim

INTRODUÇÃO

O método teológico-pastoral ver-julgar-agir, assumido em grande parte em comunidades cristãs para planejamento de atividades e trabalhos pastorais é, aqui, resgatado e explorado. Separados por algumas décadas, mas com situações e comportamentos semelhantes, Joseph Cardijn e Jorge Mario Bergoglio são os dois intelectuais considerados ao longo deste texto. Observa-se com especial atenção o ambiente social em que ambos viviam, a fim de que seja possível compreender a formação e os acontecimentos que influenciaram diretamente em suas ações.

Em um primeiro momento, apresenta-se, a partir da biografia do cardeal belga o caminho que o leva a pensar e construir organicamente o método ver-julgar-agir. Compreender as condições em que vivia sua família é condição necessária para constatar porque, na medida em que vai se preparando para a vida sacerdotal, os operários possuem uma atenção especial em seu pensamento e sua dedicação pastoral, num período em que ainda não havia um grande incentivo ao apostolado dos leigos.

O surgimento de uma pedagogia em contexto, termo utilizado para definir o método ver-julgar-agir, carrega em si uma boa síntese do seu significado. É intenção do cardeal tornar os operários protagonistas de suas mudanças e, ao mesmo tempo, capazes de avaliar suas próprias ações. É importante ter uma boa percepção do ambiente onde se está inserido para propor mudanças, pois elas, ao serem propostas, devem estar em consonância com aquilo que a doutrina provoca na vida dos crentes, sobretudo quando estamos falando de um ambiente operário, onde simples mudanças afetam diretamente a vida de muitos, em diferentes intensidades.

Tal empenho junto aos operários e, posteriormente, próximo aos estudantes, deu ao cardeal Cardijn um importante prestígio, o qual leva-o a fomentar contribuições para o caminho de construção do Concílio Vaticano II. A adoção do magistério, por mais que tenha demorado, ocorre, e isto incentiva ainda mais sua missão pastoral, agora, endossada por diferentes períodos do magistério. Tal adoção chega até o continente latino-americano, o que faz de Jorge Mario Bergoglio um importante utilizador e incentivador dessa rica metodologia.

O segundo capítulo aprecia o entendimento da vida e do pastoreio de Francisco, que recebe naturalmente em seu caminho acadêmico a presença da metodologia. Ressalta-se sua infância, apresentando o ambiente de sua formação primária e posterior a isso, alguns intelectuais que influenciaram diretamente o pensamento de Francisco, quando ainda era um religioso em formação. Considera-se com especial atenção a influência da Teologia do Povo, pensamento teológico nascido na Argentina, como fruto da preparação e da recepção do Vaticano II. O método ver-julgar-agir, somado à Teologia do Povo são duas vias que Francisco, como bispo de Roma, irá percorrer e convidar o mundo a trilhar também.

Com o último capítulo deste texto quer-se destacar, por meio de alguns escritos do magistério do papa argentino, como ele se utiliza e é influenciado pelo mencionado método teológico-pastoral, levando em consideração a teologia que nasce em seu país. Quando Francisco adota esse método, sinaliza de modo claro o desejo de aproximar a Igreja do ambiente social no qual ela se encontra inserida, não para provocar divisão, mas para fazê-la peregrina na história da salvação que os homens, em diferentes sociedades e culturas, são chamados a percorrer.

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