Marcas, opinião e influência

Bruno Lucena
Saibalá
Published in
3 min readJun 24, 2016

Por que é preciso escolher um lado do muro e se posicionar através do branding

Em uma primeira dimensão de criação do Branding o foco do trabalho deve estar direcionado para entender o mercado, extraindo dele suas principais necessidades e oportunidades. Com base nos resultados obtidos, é necessário refletir sobre as Competências Essenciais da Marca, que podem dar início a construção de uma personalidade, criando o seu DNA, atributos, voz e traços comportamentais. Toda a concepção deste processo é apenas o início da Jornada da Marca, que ainda precisará se apresentar ao mercado e conviver com a sociedade para alcançar estabilidade.

Tal processo é semelhante aos ciclos de desenvolvimento humano, já que as marcas nascem, e assim como nós, passam por etapas de crescimento e desenvolvimento para alcançar a sua plena maturidade. Uma lógica semelhante acontece na analogia da composição da personalidade humana. Segundo correntes teóricas da psicologia, a personalidade é uma construção gradual que pode ser alterada pelas influências externas as quais uma pessoa é submetida ao longo de sua vida, sendo afetada por elas.

Semelhantemente, mesmo nascendo com alguns traços de DNA, a marca só atinge sua completa identidade conforme as experiências que ela viverá, quer seja com pessoas, oportunidades, fatos e até crises. Apenas após alguns anos, se bem gerenciada, a marca começará a deixar de tornar-se um ser influenciável, para começar a influenciar pessoas com o seu discurso, filosofia e propósito.

Atualmente, este discurso ganha ainda mais relevância diante de uma geração que enxerga nas marcas os seus próprios megafones e que se aliam a elas para externalizarem o que lhes representa, e em meio a uma crise global que já atinge várias esferas (ambiental, financeira, ética, social, moral entre outras). Diante de tais desafios as marcas precisam cada vez mais de posicionamento. Não falo em termos de mercado, público alvo e consumidores, mas de um posicionamento enquanto emissoras de opiniões que estejam conectadas verdadeiramente com a sua essência.

Exemplo disto foi a marca Habib’s, que recentemente aproveitou o momento político do país para de maneira criativa dar voz ao clamor de milhares de brasileiros. Para alguns, esta atitude enquanto Marca foi um tanto arriscada, propensa a ofender consumidores que não concordam com tal posicionamento. Por outro lado, escolher o lado do muro é uma contribuição para evitarmos marcas mornas e sem engajamento com a realidade que nos cerca.

Em todas estas questões é preciso entender que o Branding é baseado em relacionamentos e emissão de opiniões fazem com que as marcas se tornem mais humanas, prontas para construir a sociedade com os ideais que defendem, influenciando pessoas.

De fato, não queremos mais conviver com marcas sem voz, sem alma e sem atitude, como as marcas estáticas que não fizeram o seu papel em outras gerações. Queremos engajamento e isso não se trata de segmentar consumidores sobre assuntos polêmicos, mas de buscar um maior relacionamento e identificação com aqueles que fazem e constroem as marcas: seus clientes e usuários.

Lutar a favor do país, enfrentar dilemas sociais ou até mesmo vencer a Zika é obrigação também da sua marca, ou melhor dizendo, principalmente da sua marca.

Pense nisso ;)

Se você tem mais interesse em entender como marcas podem se colocar no mundo de forma ativa, confira o curso Branding na moda: criando marcas com personalidade, produzido por Carlos Mach em parceria com a Saibalá.

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